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Estado de Minas

Uber enfrenta problemas e abre espaço para a concorrência

Empresas menores, como 99 e Cabify, são mais ágeis e evitam erros do principal adversário


postado em 01/12/2017 12:00 / atualizado em 01/12/2017 08:39


São Paulo – A empresa Uber, que rapidamente ganhou fama pelo pioneirismo ao lançar uma plataforma que une motoristas e passageiros, vive hoje seu pior momento com uma sucessão de problemas.

São decisões na área trabalhista que aumentam os riscos do modelo de negócio, mudanças na regulamentação do serviço pelo poder público, perdas bilionárias e desvalorização de seu ativo na avaliação do mercado e denúncias aqui e ali de assédio a passageiras.

Na quarta-feira passada, foi divulgado que a companhia americana registrou um prejuízo líquido de R$ 1,46 bilhão no terceiro trimestre – alta de 38% em relação ao valor de R$ 1,06 bilhão no trimestre anterior.

Os dados fazem parte de documentos apresentados pelo SoftBank Group com detalhes sobre sua proposta de investir na empresa de aplicativo. O grupo japonês lidera um conjunto de investidores que pretende comprar 13,4% da Uber por meio da aquisição de ações.

Além disso os potenciais investidores pretendem fazer uma injeção de capital que pode chegar a US$ 1 bilhão. Apesar do prejuízo, a receita cresceu 22% do segundo para o terceiro trimestre, chegando a US$ 2 bilhões.

Ainda nesta semana, o jornal Financial Times publicou reportagem que aponta o Uber no centro de uma denúncia de roubo de segredos comerciais.

A companhia é acusada de se apropriar de tecnologia confidencial para seus projetos de carros autônomos – sem motorista.

Tantos problemas podem dificultar a vida da empresa também no Brasil, onde o Uber tem cerca de 500 mil motoristas cadastrados e em torno de 17 milhões de usuários.

A companhia não quis comentar os problemas que a matriz tem nos Estados Unidos e se isso pode levar a uma reorganização no país. No entanto, segundo especialistas, os estragos são inevitáveis.

Quem tem chance de avançar nesse momento são justamente os concorrentes menores, como 99 e Cabify, que aproveitam os erros do líder do setor para oferecer alternativas aos passageiros.

“A imagem do Uber sai arranhada. Pode ser uma startup, uma empresa disruptiva, mas no final das contas é um negócio que sofre com as dificuldades de ter se tornado gigante, de manter o controle de qualidade e a estrutura adequada de atendimento”, avalia Caio Bianchi, professo de pós-graduação de Criatividade e Gestão da Inovação da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Para o estudioso, a 99, principal concorrente do Uber no Brasil, consegue compensar os problemas da concorrente com mais agilidade. Foi assim, por exemplo, ao oferecer o serviço de mulheres motoristas para o atendimento de passageiras depois que começaram a ser divulgados casos de assédio nos carros cadastrados no Uber.

“A empresa cresceu muito rápido e vai precisar se reinventar para estancar os problemas. Como pioneira, ela deu a cara a tapa. E quem veio depois, mesmo não tendo tanto prestígio, vai melhorando aqui e ali e consegue se destacar”, diz.

Coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper, Paulo Furquim de Azevedo lembra que o modelo de negócios do Uber exigia que seu crescimento fosse rápido.

Afinal, sem uma base grande de motoristas a companhia não conseguiria atender seus passageiros com rapidez e acabaria empurrando a clientela para a concorrência.

Com o passar do tempo, a empresa passou por mudanças como investir em modelos de veículos mais populares. Nesse processo, deixou de descredenciar os motoristas mal avaliados pelos clientes.

“Empresas como a Cabify, por sua vez, passaram a investir no treinamento de seus motoristas para reduzir ao máximo o risco de queixas sobre assédio. Já a 99 resolveu apostar no desconto menor do valor a ser repassado pelas corridas”, diz Azevedo.

Resta saber como a gigante Uber pretende se mexer no mercado daqui para frente, apesar de ter a reboque um amontoado de problemas.

99 recebe aporte de US$ 200 milhões


A 99, de origem brasileira, pode ser a principal beneficiada pelos percalços do Uber. A companhia conta atualmente com cerca de 300 mil motoristas cadastrados e aproximadamente 14 milhões de usuários, em 400 cidades.

A empresa, que tem 900 funcionários, espera chegar a 1.000 até o fim do ano. Cerca de 3 mil mulheres atuam no aplicativo em São Paulo, Santos e Rio de Janeiro.

A ideia surgiu depois de uma pesquisa, feita em 2016, com 36 mil passageiros – 70% solicitaram a alternativa de atendimento. Neste ano, a 99 recebeu US$ 200 milhões em aportes dos investidores Didi Chuxing, Softbank e Riverwood, segundo Ana Carla Lopes, gerente-regional de relações públicas da 99. O aporte, é claro, deve acelerar ainda mais o crescimento da bandeira brasileira.


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