(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Com o Natal chegando, comércio retoma pedidos à indústria

Fábricas de calçados, roupas e alimentos voltam a atender a renovação de estoques do varejo e para vendas no Natal


postado em 23/10/2017 06:00 / atualizado em 23/10/2017 08:03

Edição deste mês do Minas Trend funcionou como termômetro(foto: Marta Vieira/EM/D.A Press)
Edição deste mês do Minas Trend funcionou como termômetro (foto: Marta Vieira/EM/D.A Press)

O ritmo da produção do polo industrial de calçados de Nova Serrana, no Centro-Oeste de Minas Gerais, ganhou ritmo novo nos últimos 30 dias, diante da reação das encomendas do comércio, sinal de que o Natal pode ser um pouco melhor do que as empresas esperavam. A redução dos estoques em boa parte das fábricas de roupas do estado também indica melhora do cenário para as vendas nos próximos meses, mesmo horizonte visto agora pelos laticínios mineiros. Não se trata de uma recuperação efetiva, mas até mesmo em segmentos da indústria mineira que se ressentem da demora das encomendas de fim de ano, a exemplo dos fabricantes de móveis de Ubá, na Zona da Mata, há um retorno, embora fraco, do varejo às compras.

A mudança nas áreas de planejamento e operação é observada na maioria das fábricas de calçados de Nova Serrana, que conseguiram negociar encomendas para o fim de ano, segundo o presidente do sindicato do setor (Sindinova), Pedro Gomes da Silva. “Desde meados de setembro a procura pelos lojistas esquentou um pouco trazendo expectativa boa para o fim de ano, mas os pedidos para janeiro chegam muito devagar”, afirma. Em vista das projeções sombrias com as quais as empresas vinham trabalhando de fechar 2017 no vermelho, o fôlego que a produção retomou promete um empate bem-vindo com o resultado de 2016.

Frente ao desempenho ruim do setor de janeiro a agosto, quando houve retração de 16%, e acordo com Pedro Gomes, a expectativa era de que a indústria calçadista de Nova Serrana encolhesse neste ano. “Estamos numa batalha. Alcançar um empate dos resultados com o ano passado já será bom num ano muito difícil”, diz. O polo industrial é formado por 1,2 mil empresas que produziram 95 milhões de pares no ano passado.

Entre os indicadores da economia que voltaram a impulsionar a reposição de estoques pelo comércio está um misto de inflação controlada, taxas de juros mais baixas e o nível maior de contratações, na comparação com as demissões, em setembro.

Segundo o Ministério do Trabalho, o saldo de 34 mil vagas formais gerado em setembro foi impulsionado por 25.684 oportunidades criadas a mais pela indústria de transformação e 15.040 novos postos de trabalho que surgiram no comércio.

Segundo o coordenador-geral de Estatísticas do Trabalho do ministério, Mário Magalhães, o movimento das contratações reflete a necessidade das fábricas de se adequarem aos pedidos do comércio motivados pelas festas de fim de ano. Para o presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Minas Gerais (Sindivest), Luciano José Araújo, é possível que as empresas cresçam neste ano e em 2018. “São indicadores que apontam para vendas melhores, apesar de muitas empresas terem sofrido com a perda do poder de compra do consumidor e a consequente inadimplência”, diz.

Vendas

O atraso nos pagamentos é o ponto desfavorável apurado em pesquisa feita pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) no mês passado, tendo como referência dados de agosto, com os associados de todo o país. Indagadas sobre a inadimplência, 48% das indústrias consultadas informaram que o nível do indicador é idêntico ao de agosto de 2016 e 28% destacaram que o problema se agravou frente um ano atrás. As respostas preocupam, como observa Luciano Araújo, num conjunto de avaliações positivas: mais da metade da amostra do levantamento (54%) registra aumento de vendas no período analisado.

 Os níveis dos estoques da indústria têxtil e de vestuário estão mais baixos do que estavam em agosto de 2016 para 48% das empresas e iguais, nessa base de comparação, para outros 22%. As confecções observaram resultados bem mais animadores do salão de negócios Minas Trend realizado no começo do mês pela 21ª. edição, com a presença de 65 fabricantes do Brasil. O evento atraiu 18% a mais de marcas participantes na comparação com a edição do Minas Trend de abril, teve número de estandes 30% superior e o grupo de compradores cresceu 15%.

 “Isso reflete confiança no salão de negócios e na economia”, diz Luciano Araújo. Cerca de 10,9 mil indústrias compõem o segmento do vestuário em Minas, empregando 133 mil pessoas. Em Minas, assim como no Brasil, os fabricantes de roupas contribuíram para a geração de empregos formais em setembro, como mostrou o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

 A diferença entre as contratações e dispensas na indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos em setembro consistiu em saldo positivo de 2.345 vagas no país e de 524 em Minas. No ano, o setor criou, respectivamente, 23.144 e 2.488 oportunidades a mais que as demissões.

 

 

Receio

A despeito da volta de pedidos do comércio para repor os estoques, os fabricantes de móveis de Ubá, na Zona da Mata mineira, vêem reação tardia do varejo. A tradição de receber as encomendas de fim de ano em setembro e neste mês, as retardatárias, não se confirmou, undo Michel Pires, vice-presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá.

 “Houve reação dos pedidos, mas muito pequena. Os clientes estão ainda receosos. Acho que eles vão deixar as encomendas de fim de ano para a última hora, talvez para o início de dezembro”, afirma. A estratégia pode ser a de aguardar que a demanda do consumidor chegue às lojas, para, então, deixar a reposição dos estoques para janeiro e fevereiro. O polo moveleiro local, que reúne cerca de 300 fábricas e 35 mil trabalhadores, enfrentou queda de produção e emprego no ano passado.

 

 Há vagas - 16.982 - Foi o número de contratações, descontadas as demissões, feitas em setembro pela indústria mineira de alimentos, bebidas e álcool etílico

 

Boa nova - 54% - É o percentual de empresas do setor têxtil e de confecções que viram crescer as vendas de agosto frente ao mesmo mês de 2016

Confiança impulsiona lácteos

 

Responsável por mais de um quarto da produção leiteira nacional, a indústria mineira observa retomada do consumo de produtos lácteos desde o mês passado, favorecida por redução de preços. Na avaliação do presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), João Lúcio Barreto Carneiro, outros dois fatores são determinantes para explicar a melhora do cenário: confiança maior detectada por indicadores de institutos como a Fundação Getulio Vargas e a diminuição momentânea das importações do Uruguai, que foi negociada pelo setor com o governo federal.

 “As empresas veem uma pequena retomada do consumo. Com a confiança um pouco maior, o brasileiro se dá ao direito de consumir produtos não essenciais”, afirma João Lúcio. A reação das vendas, que ainda é difícil de ser estimada, tem característica semelhante àquela da saída de outras crises da economia na demanda maior por itens como iogurtes e bebidas lácteas.

 O sentimento parece ser o de que o pior da crise da economia brasileira possa ter passado, o que deixa os laticínios mais dispostos a apostar em expansão dos negócios na faixa de 3% a 5%. “As empresas são artistas de conseguir sobreviver com todos os solavancos que a economia brasileira tem tomado, embora o alimento seja a última despesa cortada pelo consumidor”, diz o presidente do Silemg.

 O movimento descendente dos preços dos produtos lácteos no varejo é um capítulo à parte da reação da indústria em 2017, terceiro ano de depressão do custo para o consumidor. Os preços já haviam caído de 5% a 10% em 2015 e 2016, mantendo-se neste ano com redução estimada variando de 15% a 20%. O consultor Valter Galan, do instituto Milk Point Inteligência, diz que há projeções indicando que o litro do leite longa vida estava em setembro 26% mais barato, descontada a inflação, ante o mesmo mês do ano passado.

 Outra referência importante é que o consumidor estaria pagando 17% menos pelo leite em pó, enquanto o preço do queijo do tipo mussarela baixou 8%, em idêntica base de comparação com 2016. “Este Natal tende a ser melhor. Daqui até dezembro chegam ao mercado as safras leiteiras de Minas Gerais e Goiás e os preços tendem a se estabilizar”, afirma. Ele considera 2017 um ano de margens difíceis para a indústria e dentro da média histórica para os produtores rurais.

Reflexo do cenário mais favorável para a indústria láctea, a produção do setor cresceu 3,7% no primeiro semestre do ano e a expectativa é de aumento de 4,5% na média de 2017. Uma vez confirmado o resultado esperado será digno de comemoração, tendo em vista que houve diminuição de 2,8% em 2015 e de 3,7% em 2016. Ainda de acordo com o Ministério do Trabalho, a indústria brasileira de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico contribuiu com a maior geração de vagas formais na indústria de transformação em setembro, o total de 16.982 colocações além das demissões. No ano, o saldo de empregos com carteira na atividade atingiu 16.982 oportunidades.

 

 

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)