Na comparação com julho último, o varejo enfrentou queda de 0,5% dos negócios, na série estatística com ajuste sazonal.
“A base de comparação muito baixa tem que ser considerada. O efeito-base é muito claro nessas taxas de crescimento. Para além de uma base de comparação baixa, há também uma conjuntura melhor em relação a 2016”, ressaltou Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. O comércio varejista mineiro amargou retração de 0,4% no volume de vendas comparado a julho (série com ajuste sazonal).
Na comparação anual, o estado teve crescimento de 5%. Ainda segundo o IBGE, o varejo mineiro faturou 1,7% a mais no acumulado de 12 meses até agosto, quarto resultado positivo consecutivo depois de 23 meses de recuos. Isabella Nunes citou como justificativa para o desempenho melhor do comércio o arrefecimento da inflação no último ano, além de uma ligeira melhora no mercado de trabalho, com avanço na ocupação, ainda que na informalidade, e estabilidade na massa salarial.
Outros fatores que ajudaram o desempenho neste ano foram as liberações de recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e PIS/Pasep. As taxas de juros para as famílias diminuíram um pouco em relação a 2016, mas ainda estão muito elevadas, nem se comparam ao patamar baixo em que estavam em 2014.
A alta de 16,5% nas vendas de móveis e eletrodomésticos foi o melhor desempenho para o setor desde março de 2012, quando cresceu 20,9%. A atividade puxou o ganho do comércio no período. “A base de comparação deprimida é reflexo de uma demanda deprimida. As pessoas deixaram por mais de dois anos de fazer gastos com esses bens que não eram essenciais”, avaliou a pesquisadora do IBGE.
No segmento de veículos, o crescimento de 13,8% nas vendas em agosto é mais alto desde setembro de 2013, quando o aumento foi de 13,9%. Em material de construção, o volume vendido 12,6% maior foi o desempenho mais favorável desde fevereiro de 2014, quando as vendas cresceram 16,7%. . As vendas de tecidos, vestuário e calçados subiram 9%. “Isso está refletindo muito o consumo das famílias, aquelas que estão numa situação de renda maior, com inflação controlada. Isso estimula esse setor, que tem uma relação com renda bastante direta”, disse Isabella Nunes, em referência às vendas do setor de construção.
ALTOS E BAIXOS
O varejo opera atualmente 9,3% abaixo do pico de vendas registrado em novembro de 2014. Já o volume vendido pelo varejo ampliado está 15,9% menor do que o ápice alcançado em agosto de 2012. Embora os números sejam negativos, houve melhora recente. Segundo Isabella Nunes, as taxas acumuladas no ano (0,7%) e em 12 meses (-1,6%) mostram que há recuperação gradual. “O ano de 2017 até agosto foi melhor para as vendas do que 2016 e 2015”, concluiu.
Dos 27 estados pesquisados pelo IBGE, 10 registraram resultados positivos em agosto na comparação com o mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal. As taxas mais acentuadas foram registradas no Tocantins (5,5%); Rondônia (3,9%) e Roraima (2,6%). Por outro lado, com quedas mais acentuadas no varejo na passagem de julho para agosto último, destacam-se Amazonas (3,2%), São Paulo (1,7%) e Sergipe (1,4%).
O coordenador da Sondagem do Comércio da Fundação Getulio Vargas, Rodolpho Tobler, disse que o resultado já era esperado. “É normal que em períodos de recuperação, e depois de quatro meses de alta ou estabilidade, ocorra algum ajuste, alguma acomodação. Com isso, esse resultado mantém a tendência de recuperação gradual.”, analisou.