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Estado de Minas

Confira as dicas para manter o emprego em meio à crise econômica

Manter-se no emprego hoje exige características que vão além de qualidades cognitivas, como habilidades motoras e conhecimento da atividade, além de estabilidade emocional


postado em 14/08/2017 06:00 / atualizado em 14/08/2017 09:24

Entre a entrega de uma ou duas fatias de pizza a clientes, e o depósito do dinheiro no caixa, para a retirada do troco, o atendente Domingos Matão, de 37 anos, executa o ofício que garantiu seu sustento em plena crise. Empregado em uma tradicional pizzaria de Brasília desde março de 2014, é um dos afortunados sobreviventes da recessão. E é muito grato por isso. %u201CA vida não tem sido fácil, mas pelo menos tenho um emprego%u201D, comemora.(foto: Arthur Mendescal/Esp. CB/D.A Press)
Entre a entrega de uma ou duas fatias de pizza a clientes, e o depósito do dinheiro no caixa, para a retirada do troco, o atendente Domingos Matão, de 37 anos, executa o ofício que garantiu seu sustento em plena crise. Empregado em uma tradicional pizzaria de Brasília desde março de 2014, é um dos afortunados sobreviventes da recessão. E é muito grato por isso. %u201CA vida não tem sido fácil, mas pelo menos tenho um emprego%u201D, comemora. (foto: Arthur Mendescal/Esp. CB/D.A Press)
A crise econômica, que destruiu postos de trabalho, mudou a vida de milhares de famílias e adiou sonhos, aos poucos dá os primeiros sinais de estancamento. E quem conseguiu manter o emprego respira aliviado. Mas não foi fácil pra ninguém. O Estado de Minas ouviu sobreviventes da maior recessão da história nacional, que colocou o país de volta no mapa mundial da fome.

No segundo trimestre deste ano, havia 30,3 milhões de pessoas atuando com carteira assinada no país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo período de 2014, no entanto, eram 33,8 milhões. Essa redução significa que, em três anos, 3,5 milhões de postos formais foram eliminados.

Em um cenário tão adverso, com poucas vendas no varejo, perda de receita nos serviços e queda na produção industrial, manter o emprego exigiu muito jogo de cintura e características que vão além de qualidades cognitivas, como habilidades motoras e conhecimento da atividade. Muitos dos que mantiveram o emprego demonstraram ter importantes atributos não cognitivos, como competências socioemocionais.

Determinação, espírito colaborativo, estabilidade emocional, curiosidade e protagonismo. Esses são alguns exemplos de habilidades que foram fundamentais para a sobrevivência durante a crise.

Que o diga o atendente Domingos Matão, de 37 anos, que atribui o sucesso ao caráter humilde e respeitoso que mostra com clientes e colegas de trabalho. Empatia e educação também são características fortes na avaliação de Alison Santos de Oliveira, de 34, gerente de uma loja de artigos esportivos. O bom atendimento e a sociabilidade são qualidades que, para Ivana Carvalho, de 51, gerente de uma loja de produtos naturais, ajudaram-na a manter o emprego.

Comprometimento com a empresa e espírito colaborativo de trabalho em equipe são igualmente habilidades importantes para a auxiliar administrativa Luciane Alves Dotto, de 39. A opinião é partilhada pelo engenheiro Alexandre Resque, de 38, que, durante a crise, manteve-se atualizado, fez cursos e participou de congressos, ainda que tirando dinheiro do próprio bolso.

HABILIDADES
O economista Bruno Ottoni, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), avalia que a crise se mostrou um importante divisor de águas para a mensuração do impacto das habilidades não cognitivas no mercado de trabalho. “Durante muito tempo, os economistas observaram muito a importância das habilidades cognitivas. No entanto, a recessão mostrou que existe um outro conjunto de habilidades, as não cognitivas, que também se mostram importantes no mercado”, destaca.

Sobretudo durante períodos de crise, a permanência de trabalhadores no emprego está associada à produtividade. Em momentos de dificuldades, as empresas tendem a manter somente os mais produtivos, que entregam “mais com menos”, ressalta Ottoni.

Em geral, a capacidade de ser mais prolífico está associada à qualificação, ao capital humano adquirido pela experiência no mercado. Mas para cargos que não exigem muita qualificação, são as habilidades não cognitivas, aliadas ao conhecimento da atividade exercida, que fazem a diferença.

“Disciplina, esforço, bom relacionamento, boa organização e resiliência são qualidades que podem tornar um trabalhador mais produtivo, e, portanto, vão oferecer a ele uma chance de se manter empregado durante uma crise”, destaca Ottoni.

O economista-sênior da Confederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, prevê que a crise no mercado de trabalho está, aos poucos, sendo estancada.

No acumulado de 12 meses encerrados em julho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 600 mil postos foram fechados. Embora o resultado ainda seja negativo, o cenário é melhor que o do ano passado, quando 1,8 milhão de postos foram fechados na mesma base de comparação.

“Não tenho a menor dúvida e afirmo com toda a segurança que o pior ficou para trás”, diz Bentes. Tendo em vista que, sazonalmente, a geração de postos de emprego é maior na segunda metade do ano, ele espera por uma tendência natural de recuperação de vagas, que tem tudo para ganhar força a partir deste mês. Um alívio para tantos sobreviventes, como para os cinco ouvidos pelo EM, que você confere nas linhas a seguir.

Depoimentos


Alison Santos de Oliveira
Sobreviver em mercados que concorrem cada vez mais com o comércio eletrônico não tem sido fácil. Na crise, foi um desafio hercúleo para Alison Santos de Oliveira, de 34, gerente de uma loja de artigos esportivos. Empregado desde 2014, ele mistura a satisfação por ter mantido a vaga com a tristeza diante da recessão. “Pessoas próximas ficaram desempregadas. Nunca vi um ambiente igual”, diz.
(foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)
(foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)


Ivana Carvalho
Amor fraterno e simpatia para superar a crise. Essas são algumas das principais qualidades que levaram Ivana Carvalho, de 51, gerente de uma loja de produtos naturais, a superar o período de crise. É o que avalia a própria. “O mundo é tão necessitado de amor que sinto que demonstrar afeto pelo próximo é algo até simples, mas que faz um grande diferencial”, avalia.
(foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)
(foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)


Luciane Alves Dotto
A recessão que reduziu vendas no comércio também foi turbulenta para prestadores de serviços. Que o diga Luciane Alves Dotto, de 39, auxiliar administrativa em uma lavanderia. Diante das adversidades e de uma consequente redução nas receitas em decorrência da crise, Luciane avalia que a proatividade e o comprometimento com a empresa foram os diferenciais para que permanecesse no cargo. “Quando precisamos cobrir um funcionário, eu estava lá para fazer isso. É preciso conhecer a empresa e não se prender a uma única função. Quanto mais se sabe, melhor para o trabalhador. Tem que ser comprometido com a empresa”, analisa.
(foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)
(foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)


Alexandre Resque
O engenheiro civil Alexandre Resque, de 38, não “virou suco”. Analogias à parte da história do falecido engenheiro mecânico Odil Garcez Filho, que abriu uma lanchonete na década de 1980 em São Paulo, após perder o emprego, o sentimento de alívio é inevitável. Em meio a tantas dificuldades no mercado de trabalho, que provocaram a exclusão de tantos trabalhadores na construção civil, ele conseguiu sobreviver ao triste destino que acometeu amigos e colegas na atual recessão. “Muitos sequer conseguiram retornar ao mercado”, lamenta. “Tive medo de perder o emprego. Mas procurei não deixar que isso atrapalhasse no meu rendimento. Trabalho da mesma forma e dedicação um dia após o outro. Tenho confiança no que faço”, afirma.
(foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)
(foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)


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