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Estado de Minas

''Há oportunidades no país'', garante economista-chefe do Votorantim

Queda da inflação e corte de juros serão decisivos para a retomada dos investimentos no país


postado em 03/07/2017 06:00 / atualizado em 03/07/2017 09:00

Brasília – A queda da inflação e o corte de juros serão decisivos para sustentar a retomada, já em curso, do investimento e do consumo, o que deve impulsionar a atividade econômica brasileira no segundo semestre. A aposta é do economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani. “A mudança da orientação de política econômica do atual governo levou a uma importante inflexão na confiança de empresários, consumidores e investidores. No entanto, pelas defasagens que há em economia, os números de atividade começarão a ficar mais claros a partir do segundo semestre deste ano”, estima.


Para o especialista, a atual crise política retarda reformas e reduz a previsibilidade dos cenários, com efeito na confiança dos agentes. “Mas, como há pouco espaço para guinadas na estratégia de política econômica, o impacto tende a apenas adiar a retomada, não inviabilizado um ciclo político e econômico mais favorável”, diz. Padovani ressalta que o cenário externo colabora para o otimismo. “Historicamente, são os fluxos globais de capitais que orientam os preços nos mercados financeiros domésticos. Neste caso, o momento é bom”, reitera. Confira a seguir os principais pontos da entrevista concedida pelo economista ao Estado de Minas.


META DA INFLAÇÃO
A reversão do ciclo de commodities no mundo tem sido um incentivo importante para os países latino-americanos adotarem políticas mais responsáveis e, com isso, manter elevada a atratividade de suas economias aos investidores. Neste ambiente, o Brasil tem feito uma reorientação de suas estratégias econômicas desde 2015 e, muito provavelmente, continuará nesta linha. Como resultado, há espaço para a retomada do crescimento com menor pressão inflacionária ao longo dos próximos anos. Em certo sentido, o Conselho Monetário Nacional (CMN) reconhece esse novo momento e volta a mostrar preocupação em indicar uma trajetória responsável, comprometido com inflação baixa.

REFORMA TRABALHISTA
A crise política está associada a um ambiente mais amplo de baixo crescimento e escândalos frequentes. Nesse sentido, a tramitação da reforma trabalhista ajuda, mas não resolve a crise.


GOVERNABILIDADE
As condições de governabilidade, os avanços de reformas e as escolhas de política econômica são temas interligados. De modo geral, o mercado está preocupado em antecipar a dinâmica dos preços de ativos, influenciados em grande medida pela dinâmica da dívida pública. Esta, por sua vez, está associada à agenda de reformas, em particular a da Previdência. Por esse aspecto, as condições de governabilidade importam apenas por permitir avaliações sobre a capacidade de o país avançar em reformas e manter uma gestão econômica responsável, em particular a da Previdência


RECESSÃO
Vivemos a maior recessão da história e o desemprego indica uma ociosidade grande no mercado de trabalho. Com a demanda doméstica fragilizada, a pressão é no sentido de menos inflação.

JUROS

A recessão e a maior racionalidade na gestão econômica, em particular a responsabilidade na condução da política monetária, permitem tanto a queda da inflação no curto prazo quanto a ancoragem das expectativas a partir de 2018. Nesse caso, inflação abaixo da meta e crescimento abaixo do potencial implicam juros abaixo de seu nível estrutural, que pode estar hoje ao redor de 10%. Ou seja, ainda há muito espaço para corte de juros.

RETOMADA DA ECONOMIA
A mudança da orientação de política econômica do atual governo já levou a uma importante inflexão na confiança de empresários, consumidores e investidores. Da mesma forma, a queda da inflação e o corte de juros serão decisivos para sustentar a retomada já em curso do investimento e do consumo. Pelas defasagens que há em economia, no entanto, os números de atividade começarão a ficar mais claros a partir do segundo semestre.

CRISE POLÍTICA

A crise política retarda reformas e reduz a previsibilidade dos cenários e, com isso, a confiança dos agentes. Mas, como há pouco espaço para guinadas na estratégia de política econômica, o impacto da crise tende a apenas adiar a retomada, não inviabilizado um ciclo político e econômico mais favorável.

REFORMAS
As reformas são essenciais para tirar a economia da recessão. Com a reforma trabalhista, o mercado de trabalho pode ficar mais flexível e o custo do trabalho pode cair, permitindo a redução da taxa de desemprego, tornando a recuperação mais sólida. A reforma da Previdência é fundamental para estabilizar a dívida no médio prazo, criando um círculo virtuoso entre confiança, crescimento e ajuste das contas públicas. Além da agenda macroeconômica, há uma série de medidas microeconômicas que podem tornar o sistema econômico mais eficiente e produtivo, também atuando no sentido do crescimento e da queda do desemprego.

MERCADO
Historicamente, são os fluxos globais de capitais que orientam os preços nos mercados financeiros domésticos. Neste caso, o momento é bom. O ambiente externo tem sido marcado por confiança no crescimento e na manutenção das condições abundantes de liquidez. Com confiança, os investidores internacionais buscam risco nos mercados emergentes, favorecendo o comportamento de preços de ativos dos mercados locais. Os mercados sempre desenham suas estratégias a partir das considerações de risco e retorno. Em um ambiente de abundância de liquidez global, há a percepção que o aumento marginal do risco no Brasil não reduz a atratividade dos retornos do mercado local. Em parte, este sentimento se deve à leitura que a gestão econômica continuará sendo marcada por responsabilidade e reformas, independentemente das incertezas políticas de curto prazo.

INVESTIR NO BRASIL
O investidor local é sempre muito pragmático e está atento às condições de fluxo e a mudanças nos fundamentos. Até o momento, não há motivos para se imaginar uma guinada populista da política econômica local. Com fundamentos relativamente controlados e fluxos de investimentos que favorecem os mercados emergentes, prevalece a visão de que há oportunidades no país.

INFLAÇÃO DOS EUA

O banco central norte-americano vem mostrando relativa convicção no processo de normalização da taxa de juros. É preciso dados de atividade mais claros mostrando uma nova fragilidade da economia para que os planos do Fed possam ser alterados.

FRANÇA
A vitória de Macron ajuda a consolidar a visão de que o avanço do populismo, como visto nos Estados Unidos ou no Reino Unido, encontrou seu limite. Com um ambiente político mais previsível, o atual ritmo de crescimento na zona do euro pode ser mantido, reduzindo as chances de mais estímulos fiscais e monetários.

CHINA X BRASIL

A China mostra, há algum tempo, uma trajetória controlada de desaceleração econômica. Por um lado, este comportamento não conduz a um ciclo favorável de commodities, como vimos no passado recente. Mas, por outro, mantém relativa previsibilidade no crescimento econômico global ao mesmo tempo em que incentiva a adoção de políticas responsáveis nos países emergentes. O resultado líquido parece bom e não deve ser um problema para a construção de um novo ciclo de crescimento e responsabilidade no Brasil.


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