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Estado de Minas

Indústria volta a enfrentar queda na produção

Depois de cinco meses em alta, produção industrial caiu 3,8% em agosto, pior desempenho já registrado para o mês. Impacto maior veio da retração nas linhas de alimentos e veículos


postado em 05/10/2016 06:00 / atualizado em 05/10/2016 08:10

Só o avanço de 0,4% da fabricação de máquinas serviu como alento em agosto, ainda assim configurando resultado modesto
Só o avanço de 0,4% da fabricação de máquinas serviu como alento em agosto, ainda assim configurando resultado modesto

Brasília – A indústria voltou a enfrentar queda na produção. Depois de cinco meses em crescimento, o setor teve retração de 3,8% em agosto, frente a julho, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi o pior para o mês em toda a série histórica da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), tendo registrado também a taxa mensal mais baixa desde janeiro de 2012. O novo recuo não apenas interrompeu o ciclo de alta, como também anulou o avanço obtido no período, de 3,7%. Na análise do comportamento das fábricas nos últimos 12 meses, o setor acumula queda de 9,3%.

Algum alento foi dado pela alta, embora modesta, de 0,4% da produção de bens de capital em agosto. Ante o mesmo mês de 2015, a alta foi de 5%, desempenho que interrompeu sequência de 29 meses de quedas. No entanto, foi uma performance que ocorreu sobre base de comparação muito baixa, como observou o gerente de coordenação de indústria do IBGE, André Macelo. Entre agosto de 2015 e de 2014, o recuo do ritmo do segmento havia sido de 32,7%.

O comportamento da produção de manufaturados surpreendeu os analistas de bancos e corretoras, que previam queda próxima de 2,9%. Para analistas ouvidos pelo Estado de Minas, não há dúvidas de que a recessão continua sendo devastadora para o setor. Com a inflação ainda alta e o mercado de trabalho retraído, há menos espaço no orçamento das famílias para gastos com produtos e serviços. Aliado a esses fatores, as elevadas taxas de juros fazem com que consumidores e empresas de todos os setores da economia reduzam suas compras no país.

No ambiente externo, a indústria também não encontra mais a mesma força por meio do câmbio, como no primeiro trimestre do ano. Em agosto, o dólar fechou em R$ 3,208, na média, o que representou queda de 2,13% em relação a julho e recuo de 8,73% em relação ao mesmo período do ano passado. Com a valorização do real, os manufaturados brasileiros perdem em competitividade no mercado exterior, ressalta o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores.

A explicação para queda tão significativa da produção industrial brasileira em agosto, no entanto, não está apenas nesses fundamentos, reforça o IBGE. André Macedo destaca que a produção caiu em 21 dos 24 segmentos pesquisados, sendo que apenas dois representaram quase 70% da queda do indicador: as indústrias de produtos alimentícios e de veículos automotores, que recuaram 8% e 10,4%, respectivamente, foram as maiores quedas entre todas as atividades.

Na avaliação de Macedo, a indústria alimentícia foi impactada pelo clima menos favorável ao processamento da cana-de-açúcar. Já a produção de automóveis sofreu com as paralisações na produção de montadoras e reduções de jornadas nos parques fabris, para adequação dos estoques à demanda. “Para agosto, em particular, houve fator adicional, que foi a paralisação de uma determinada empresa em função de um problema de fornecimento de matéria-prima”,  afirmou. A Volkswagen rompeu, no mês passado, contratos com empresas do grupo Prevent, que forneciam autopeças à montadora alemã. Isso provocou a paralisação da linha de montagem da fabricante, impactando no desempenho produtivo do segmento.

A queda em agosto, no entanto, foi algo pontual, avalia a coordenadora da sondagem da indústria do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), Tabi Thuler. Ela ressalta que, no mesmo mês, o Índice de Confiança da Indústria (ICI), indicador medido pela instituição, também apresentou queda depois de cinco meses de aumento. Já em setembro, o índice voltou a subir. “Os níveis dos estoques, em especial os da indústria automotiva, estavam muito elevados. Com ajustes significativos, eles estão começando a atingir nível de normalidade, o que contribui para ampliar as expectativas dos empresários”, destacou.

Sem uma melhora da economia, no entanto, somente as expectativas não salvarão a indústria, reconhece Tabi Thuler. “O que ajudou o ajuste do estoque foi o câmbio, que melhorou a demanda externa no primeiro semestre. Agora, não tem mais esse impulso. Será preciso crescimento da economia para dar robustez à melhora da produção para chegarmos a um terreno positivo”, analisou.

 

Enquanto isso...

...Bancos otimistas

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, acredita que o Brasil vai sair da recessão neste trimestre e que deve crescer no próximo ano. Há, segundo ele, vários sinais que indicam esse movimento, incluindo a melhora de variáveis financeiras como  o câmbio, a redução dos juros de longo prazo e ainda a queda do chamado CDS brasileiro (contratos de proteção contra calote, ou "credit default swap", em inglês). Para 2017, a oferta de empréstimos no país deve voltar a crescer, afirmou Portugal. Ele disse, ainda, que o endividamento das famílias dificulta uma retomada mais rápida do crédito, mas que esse processo se dará “de forma gradual”.


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