A crise econômica e os resultados negativos do comércio varejista durante todo o ano no país não intimidaram as apostas dos shoppings de Belo Horizonte e região metropolitana para este Natal. Os centros de compras investiram mais de R$ 13 milhões em campanhas que incluem decoração, promoção e divulgação para tentar fisgar o consumidor. No ano passado, os aportes ficaram na casa dos R$ 8 milhões. A maioria dos malls já inauguraram as decorações natalinas e apostam ainda na Black Friday para alavancar as vendas dos dois últimos meses de 2015, num esforço para salvar o ano.
“Reconhecemos a crise econômica, mas não dá para ficar lamentando o cenário. É preciso agir, conversar com o consumidor e oferecer boas oportunidades de consumo na data que representa 30% das vendas de todo o ano. Estoques completos e mão de obra bem treinada são determinantes para um resultado positivo”. Segundo Rezende, o shopping contratou menos temporários este ano. O tema da decoração é “Celebrating Christmas” e os clientes, que participarem da promoção ganham uma caneca da Le Creuset.
O DiamondMall desembolsou R$ 3 milhões para as ações de Natal, 50% a mais que no ano passado. Segundo a superintendente, Lívia Paolucci, a expectativa é que as vendas de fim de ano fiquem no mesmo patamar de 2014. “Acredito que as novas lojas do DiamondMall, as várias atrações natalinas e descontos, principalmente na Black Friday, vão impulsionar as vendas”, salienta. A aposta da decoração é a “Green House”, onde funciona o espaço de jardinagem do Papai Noel. Os clientes, que trocarem R$ 500 em compras pelo cupom da promoção ganham uma lata com doces da Kopenhagen. São 20.500 brindes, limitados a uma unidade por CPF.
O Pátio Savassi, que tem como tema da decoração “O Natal das magnólias”, investiu R$ 2,3 milhões na campanha para o fim do ano. De acordo com a superintendente, Simone Fiorello, a expectativa para a data é positiva. “Tivemos um ano de muitas novidades: a expansão do shopping, a nova fachada e a chegada de importantes marcas como a Forever 21, que atraem um número significativo de consumidores. Tudo isso contribui para um bom resultado nas vendas deste Natal.” A ação promocional inclui um kit abajur-taça com estampas feitas pelo mall, disponíveis em três cores.
Estratégias O Minas Shopping investiu R$ 1,7 milhão este ano, mais que o dobro do ano passado. O shopping prevê um aumento superior a 10% nas vendas em relação ao Natal de 2014, de acordo com Christian Magalhães, gerente de marketing. A promoção inclui sorteios de 16 prêmios: 10 vale-compras no valor de R$ 3 mil cada, quatro pacotes de viagens para quatro pessoas cada, para Porto Seguro, na Bahia, e dois Renault Clio 0 km. A cada R$ 200 em compras o cliente terá direito a um cupom para concorrer aos prêmios. Nas compras realizadas até o fim deste mês, o cliente terá direito a cupons em dobro. O mall oferece este ano um sistema de autoatendimento para o cliente efetuar a troca de cupons da promoção de forma virtual, em totens ou por meio de um aplicativo.
O aporte do Shopping Cidade foi de R$ 1 milhão, um pouco menos que em 2014. De acordo com a gerente de marketing, Carolina Vaz, a previsão do mall é aumentar em até 8% as vendas em relação ao ano passado. “Estamos otimistas. Recebemos 80 mil pessoas por dia no shopping e esperamos que o fluxo seja de 120 mil nos dias de novembro e dezembro. É importante investir em campanhas mais agressivas para enfrentar o cenário econômico complicado. Acredito que a Black Friday será um termômetro de vendas para o Natal, com descontos de 80%”, avalia. O tema do Natal do Shopping Cidade é “Fazendinha do Papai Noel” e a partir de R$ 380 em compras os clientes ganham um prato da coleção “Desejos de Natal”, da designer Ana Luiza Lino, e concorrem a um Honda HRV.
Expectativas
O comércio varejista se prepara para o pior Natal dos últimos 11 anos. A expectativa é de retração de 4,8% no volume vendido em relação ao ano anterior, segundo estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). “A última queda nas vendas do varejo ocorreu em 2003, mas não temos como mensurar as perdas daquela época, porque houve mudança na metodologia da Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE. Mas sabemos, seguramente, que esse será o pior Natal desde então", disse o economista Fabio Bentes, da Divisão Econômica da CNC. Bentes já calculava queda de 4,1% no volume vendido pelo varejo nas festas de fim de ano, mas a previsão ficou mais pessimista diante de uma inflação persistente, dos juros altos e da confiança do consumidor ainda longe de uma recuperação. "Os juros do crédito livre para pessoa física atingiram o recorde de 62,3% ao ano em setembro. A confiança do consumidor continua no piso histórico, enquanto a inflação vem piorando mês a mês", diz Bentes. A percepção de que as vendas serão mais fracas deve fazer o número de empregados temporários encolher até 2,9%.