
Brasília – Desde que descobriu a possibilidade de fazer transações bancárias pelo celular, há três anos, a estudante Isabel Soares, de 23 anos, só vai à agência bancária quando é inevitável. “Como não tenho costume de sacar dinheiro ou fazer depósitos, até o caixa eu uso raramente”, conta. É com o celular que ela faz transferências, paga contas e consulta o saldo. “Acho que facilita muito para quem vive correndo de um lado para o outro. Só de poder pagar contas pelo celular, sem enfrentar filas, já adianta muito a vida”, acredita. Casos de consumidores que contam com a tecnologia para fazer operações bancárias são cada vez mais frequentes: uma pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostra que, em 2014, mais da metade das transações no Brasil foram realizadas por meio da internet ou de dispositivos móveis.
Gustavo Fosse, diretor setorial de Tecnologia Bancária da Febraban, acredita que o uso da internet e dos celulares tem crescido entre todos os segmentos da população. “Hoje em dia, não se vê mais aquela resistência que existia aos novos canais, até porque o uso de smartphones se popularizou muito. Este ano, mais de 40% dos brasileiros já possuem os aparelhos, então esperamos que a utilização para fazer transações cresça junto”.
O estudo da Febraban mostrou que dos 46 bilhões de transações realizadas, a participação das operações por telefones foi o grande destaque, com alta de 209% em relação a 2010: uma em cada quatro contas-correntes utiliza o canal, e cerca 12% das transações foram feitas por dispositivos móveis, contra 6% em 2013. “Cada vez mais, a tecnologia tem feito a diferença para os clientes e para os bancos. As transações por meio do internet trazem muita conveniência para o cliente, então você já nota uma diferença de cultura de maneira geral”, completa.
Segurança O corretor de seguros Gilmar Costa, de 25, até se arriscou no internet banking, mas não teve sorte. Na única tentativa, foi feito um pagamento indevido usando os dados da conta dele. Mesmo o banco tendo ressarcido o valor, ele garante que, desde o episódio, só se sente seguro para fazer transações na agência. “Prefiro pegar fila a passar pelo transtorno novamente”, justifica. Leandro Bissoli, especialista em direito digital do escritório Patrícia Peck Pinheiro Advogados, acredita que a internet tornou as armadilhas mais sofisticadas. “Esse tipo de fraude não é feita por adolescentes aficcionados por tecnologia. Você pode ter um criminoso brasileiro, combinado com um de outro país, utilizando uma base de dados de um terceiro local. Por isso, é tão alta a complexidade para identificar os responsáveis.”
Alguns serviços, dependendo da instituição, exigem a ida do consumidor até uma agência, como a transferências de valores altos e o cancelamento de contas. Segundo o diretor setorial de Tecnologia Bancária da Febraban, além de proteção ao cliente, essa é uma estratégia de negócios feita pelos bancos. “O mobile tem que ter operações restritas, por conta da usabilidade. A interface do aplicativo tem que ser amigável ao consumidor, então não são ofertados tantos serviços quanto no internet banking, que tem outra configuração. Entretanto, algumas transações, como o pagamento de títulos, já são até mais fáceis de serem feitas pelo telefone”, exemplifica Fosse.
