Brasília – A conta de juros paga pelo governo bateu recorde na era da presidente Dilma Rousseff. Desde que ela assumiu o comando do país, mais de R$ 1 trilhão foram torrados com o custo da dívida do setor público, segundo levantamento feito com base na série histórica do Banco Central. O montante equivale a quase 80% do valor de R$ 1,2 trilhão desembolsado durante os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O valor gasto com juros pela gestão Dilma até aqui seria suficiente para financiar o Bolsa Família — a principal bandeira social do governo — por 37 anos, levando em conta o custo anual com o programa em 2014, de R$ 27 bilhões. Somente em 2014, o governo desembolsou R$ 311,3 bilhões, um salto de quase 60% na comparação com o último ano de Lula. Desde 2012, esses gastos têm crescido mais rapidamente. A façanha de acumular R$ 1 trilhão destinados a juros em quatro anos, avaliam especialistas, reflete os erros da política econômica de Dilma.
Desde então, foram 11 aumentos, até a Selic alcançar os atuais 12,75% ao ano, dois pontos percentuais acima dos 10,75% do fim do mandato de Lula. Com a carestia ainda disseminada e resistente, analistas do mercado financeiro acreditam em mais duas altas em 2015, o que, além de atrapalhar os planos de retomada do crescimento, tende a turbinar ainda mais a conta dos encargos financeiros. “Está claro que a tentativa de baixar os juros na marra, como Dilma fez, foi uma experiência muito mal-sucedida”, avalia o economista e professor da Universidade de São Paulo (USP) Simão Davi Silber.
O volume desse gasto do governo chegou a 6,08% do PIB no ano passado, a maior proporção desde 2007. “É um patamar administrável, não estamos à beira da insolvência. Mas, se o arrocho não vingar, entraremos em uma trajetória mais perversa”, comenta o economista e ex-diretor de Dívida Pública do BC Carlos Thadeu de Freitas. O arrocho a que ele se refere são as medidas fiscais anunciadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para recompor o Orçamento da União.
Nas alturas
12,75%
É a taxa Selic ao ano.
Em meados do primeiro
mandato de Dilma Rousseff,
ela estava em 7,25%