(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Financiamento da casa própria está mais caro

Caixa Econômica eleva taxa de juros dos financiamentos imobiliários na segunda-feira. Nos contratos em vigência, no Minha casa, minha vida e com o FGTS taxas são mantidas


postado em 16/01/2015 06:00 / atualizado em 16/01/2015 08:29

A Caixa Econômica Federal elevou as taxas de juros do financiamento de imóveis com recursos da poupança (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo - SBPE). As mudanças valem para os contratos que forem assinados a partir de segunda-feira. Quem já tem financiamento aberto, não será afetado. De acordo com a Caixa, que responde por 70% do mercado de crédito imobiliário, a alteração foi feita para acompanhar a elevação da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 11,75% ao ano. A decisão abre caminho para que os demais bancos também reajustem suas tabelas.

Quem sofrerá o maior aumento são os mutuários com imóveis contratados pelo Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) com valor acima de R$ 750 mil. Nesse caso, a taxa de juros passará de 9,2% para 11% ao ano para quem não é cliente da Caixa. No caso dos não correntistas, os encargos subirão de 9,10% para 10,70%. (Veja, na tabela, as novas condições de financiamento). As regras não serão alteradas para as habitações populares, financiadas pelo Programa Minha C asa Minha Vida, e nem nas compras com carta de crédito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – dedicadas a quem tem renda mensal até R$ 5,4 mil.

A decisão da Caixa, que não havia alterado as tabelas ao longo do ano passado, pegou algumas pessoas de surpresa. A dona de casa Ana Maria de Souza, de 50 anos, levou um susto quando foi negociar um financiamento no banco ontem. Foi recebida com a notícia de que os juros vão subir a partir de segunda-feira. “Fiquei chateada. Isso acabou diminuindo o valor do que eu poderia gastar”, disse. Ana Maria contou que vai precisar abrir mão de alguns benefícios para manter o sonho da casa própria. “Agora, vou procurar um apartamento mais barato, em outra localização. Em questão de qualidade de vida, vou perder algumas regalias, como piscina e quadra de tênis, entre outras”, lamentou.

Outros bancos

Questionados, os maiores bancos do país não descartaram aumento dos juros. O BB informou, em nota, que “monitora constantemente os movimentos do mercado e procura sempre oferecer as melhores condições possíveis aos seus clientes”. O banco disse que, até o momento, não há definição sobre alterações nas taxas. O Itaú Unibanco afirmou que a política de taxas do crédito imobiliário é “personalizada de acordo com o perfil e relacionamento dos clientes”. O Bradesco e o Santander informaram, via assessoria, que não alteraram as taxas. Os bancos, públicos e privados, têm repassado o aumento da Selic para as demais linhas, mas seguraram as taxas dos empréstimos imobiliários que contam com a poupança como fonte de recursos.

Veja como ficarão os juros cobrados pela Caixa Econômica no financiamento habitacional e as compras com as de outros bancos(foto: Arte EM)
Veja como ficarão os juros cobrados pela Caixa Econômica no financiamento habitacional e as compras com as de outros bancos (foto: Arte EM)
Os juros da Caixa costumam ser os menores no mercado e servem como referência para os demais bancos. Embora a previsão dos analistas do setor seja de que todo o sistema financeiro, mais cedo ou mais tarde, deve acompanhar o reajuste, a impressão generalizada é de que, a curto prazo, as taxas não devem sofrer alteração significativa. No entender de João Teodoro da Silva, presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci), os valores dos imóveis devem se manter e as vendas vão crescer em 2015 nos mesmos patamares de 2014, quando foi registrado incremento de 8% no confronto com 2013.

“Não trabalhamos com variação de preços no mercado imobiliário, exceto a correção da inflação. Uma alta agora teria reflexos negativos nas vendas. Isso não faz sentido, no momento em que os estoques estão altos”, afirmou Teodoro. Ele lembrou ainda que a grande massa dos mutuários de moradias sociais não foi afetada. “Quem desembolsa mais de R$ 750 mil têm condições de absorver reajuste de um ou dois pontos percentuais. Além disso, creio que o sistema bancário privado vai continuar praticando os mesmos juros para, com isso, competir com a Caixa”, assinalou.

A avaliação sobre a concorrência acirrada é compartilhada pelo diretor de incorporação da Brookfield Incorporações, José de Albuquerque. Ele estimou que a disputa pelos clientes deverá conter os preços por cerca de dois meses, ou até mais, a exemplo do que aconteceu em outros segmentos, como os de automóveis e de linha branca, depois da majoração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

“As taxas de financiamento imobiliário continuam as mais atrativas para aquisição de um bem, se comparadas à Selic que já está em 11,75% ao ano e deve fechar 2015 nos 12%. Acho que os consumidores, mutuários ou investidores, devem aproveitar esse período. Quem quer comprar, a hora é agora”, salientou Albuquerque. Ele lembrou, no entanto, que pode haver altas localizdas. “Vai depender da definição das legislações urbanas. A oferta está diminuindo, pela desaceleração dos novos lançamentos, e isso causa uma pressão muito grande nos preços”, alertou.

Para Reinaldo Domingos, presidente da Educação Financeira DSOP, os consumidores devem ficar de olho nas chances que vão surgir como resultado do anúncio de juros mais salgados. “Mesmo quem está curtindo as férias, é bom ir observando os preços, os prazos, o que as construtoras estão oferecendo e barganhar bastante. De certa forma, a Caixa, que detém 70% dos crédito imobiliário do país, acabou abrindo um leque de opções importante”, afirmou Domingos. Ele lembrou que a Caixa já divulgou a intenção de ampliar o crédito imobiliário, modalidade que encerrou 2014 com R$ 140 bilhões em empréstimos, 10% a mais que o ano anterior. E a previsão para 2015 é R$ 200 bilhões em financiamentos. Só do FGTS, serão R$ 42 bilhões.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)