
Contrariando as muitas previsões pessimistas para este período, os consumidores de última hora têm feito o Natal de muitos lojistas em Belo Horizonte. Com as duas parcelas do 13º salário no bolso desde sábado, os belo-horizotinos encheram as sacolas e as lojas nesses últimos dias, principalmente em shoppings centers, onde o faturamento em alguns pontos comerciais aumentou em cerca de 50% frente ao mesmo período do ano passado. O tráfego intenso tem causado filas em estacionamento e nas portas de lojas. Por outro lado, o bom velhinho não trouxe a mesma alegria para lojistas de rua, que reclamam que o movimento caiu 30% em relação a 2013.
Desde sábado, data-limite para o pagamento da última parcela do 13º, o fluxo de clientes nos shoppings da Grande BH aumentou a ponto de algumas lojas colocarem estrutura para filas de espera, além de seguranças em suas portas. É o caso, por exemplo, de duas lojas no Shopping Cidade. “Já aumentamos as vendas em mais de 50% em relação ao ano passado. O movimento tem sido tão alto, que contratamos mais seguranças e dobramos o número de funcionários. Com certeza, é o nosso melhor Natal”, comenta a gerente do Clube Melissa, Pamela Marques Gonçalves. Até as 15h de ontem, havia 15 pessoas do lado de fora da loja, na fila de espera. O mesmo ocorria na loja Havaianas.
A consumidora Luciana Moreira conta que esperou na fila da Clube Melissa por 15 minutos. “Deixei o presente para última hora”, diz, revelando ainda que gastou, na loja, cerca de R$ 100. Passam, por dia, aproximadamente 80 mil pessoas no Shopping Cidade e, segundo a gerente de Marketing do empreendimento, Carol Vaz, na última semana o fluxo tem sido de 120 mil pessoas diariamente. “A nossa expectativa era de crescer até 10% em relação a 2013, mas, com este movimento, acreditamos que pode ser até 20%.” Segundo ela, as lojas mais cheias são as de vestuário e chocolates.
Somente na segunda-feira, o BH Shopping bateu recorde de clientes, com quase 20 mil veículos. Por lá, na última semana já foram mais de 100 mil carros e cerca de 130 mil pessoas apenas no fim de semana. O shopping registrou um aumento de 20% na promoção deste ano em relação à promoção de 2013, mesmo com o término dos brindes na última sexta-feira. A troca de cupons apresentou um aumento de 44% no sábado e de 40% no domingo.
Já o Pátio Savassi registrou um aumento de 14% no tráfego de pessoas em relação ao fim de semana anterior. “O pagamento da segunda parcela do 13º salário fez as pessoas irem às compras nos últimos dias antes do Natal. Nossa meta de crescimento de 2% no fluxo de pessoas já foi superada e a previsão é de que aumente ainda mais até quarta-feira (hoje). O tíquete médio também aumentou 8% em relação ao mesmo período de 2013”, destaca Rejane Duarte, gerente de Marketing do Pátio Savassi. Somente a Iplace, loja oficial da Apple, recebeu esta semana 4 mil clientes e, segundo a gerente Hellen Rodrigues, o tíquete médio gasto na loja é de R$ 1 mil.
Expectativas Mas, na Loja Leitura, uma das mais cheias na tarde de ontem no Pátio Savassi, segundo o gerente Bruno Telis, as vendas não superaram as do ano passado. “O ano não foi bom para o comércio e a nossa expectativa é de um crescimento de 5% em relação a 2013. Neste Natal, estamos empatados com o ano anterior”, compara. Segundo conta a gerente de Marketing do Shopping Del Rey, Giseli Leal, na noite de segunda-feira a fila de carros para entrar no shopping chegou ao Anel Rodoviário, no Bairro Caiçara, na Região Noroeste. O intenso movimento, de acordo com ela, superou as expectativas de lojistas. “Depois da Black Friday, no início de dezembro, estávamos receosos com as vendas. Porém, nas últimas duas semanas, o shopping está lotado e isso se intensificou ainda mais nos últimos quatro dias.” Ela diz que os comerciantes estão batendo suas metas de vendas, o que antes acontecia só depois do dia 26.
O termômetro do shopping Del Rey está no balcão de trocas de cupons. A cada R$ 400 em compras o cliente ganha duas pelúcias e concorre a um carro zero. “A troca está 26% maior do que 2013, já foram mais de 30 mil cupons”, revela. O tíquete médio para essa promoção, de acordo com Giseli, tem sido de R$ 1,2 mil. Já o tíquete médio do shopping tem sido de R$ 260 a R$ 280.
Desconfiança
Em pleno mês de Natal, a principal data comemorativa para o comércio, os empresários não se mostraram animados com as vendas. A confiança do setor cedeu 1,5%, pressionada justamente pelas avaliações sobre a situação atual da demanda, informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV). O varejo restrito, que concentra os setores mais buscados pelos brasileiros na hora de presentear alguém no fim do ano, determinou a piora no indicador. “Percebemos que as vendas de dezembro, que é um mês muito importante para o comércio devido ao Natal, estão muito fracas”, avaliou o economista Aloisio Campelo, superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV.
Enquanto os shoppings comemoram as boas vendas dos últimos dias, as lojas de rua amargam um crescimento abaixo do esperado. No Centro da cidade, onde tradicionalmente, nesta época do ano, o movimento é alto, há muitas pessoas pelas ruas, porém, muitas lojas vazias. “Estamos vivendo o pior Natal dos últimos anos, nunca tinha visto algo assim. O movimento caiu 20% em relação a outros meses do ano”, lamenta a gerente da Del Modas, na Rua São Paulo, Aparecida Ermelinda da Silva. Segundo ela, somente este mês ela não conseguiu bater sua meta de vendas. “Estamos, inclusive, evitando ficar até mais tarde para não gerar hora extra à toa, já que não há clientela”, revela.
Pessimismo nas ruas
Também no Centro, o gerente da Cristina Tecidos, Wagner Vasconelos, conta que as vendas natalinas este ano vão ficar 15% abaixo do que foi no ano passado. “A nossa expectativa era de crescer esse percentual, mas, as vendas não estão boas”, diz. Na Savassi, a sensação dos lojistas é a mesma. “Está muito fraco. No ano passado, neste período, as lojas estavam lotadas. O movimento caiu em 20%, talvez porque as pessoas querem os estacionamentos e o conforto dos shoppings para comprar”, palpita, acrescentando ainda que os clientes estão procurando por preço mais baixo.
Talvez, por isso, na Cash Box, também na Savassi, a situação é outra. “O ano inteiro não foi bom para o comércio, mas, neste Natal, estamos superando as nossas expectativas. Houve um aumento de 20% nas vendas em relação ao mesmo período de 2013”, conta a gerente Sandra Lima. Segundo ela, ontem, o tíquete médio na loja era de R$ 50, na segunda-feira, era de R$ 15. Para o consumidor, o movimento mais tranquilo na Savassi é um atrativo para as compras de última hora. “As lojas não estão muito cheias. Está uma maravilha fazer compras aqui”, comentou a consumidora e aposentada Marta Ferreira.
Serviço
Hoje, os shoppings e lojas da Grande BH funcionam das 9h às 18h.
