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Estado de Minas

Alta dos juros determinada pelo governo para 2015 deixa compras a prazo mais caras

Aumento de 0,5 ponto percentual na Selic será repassado pelos bancos, encarecendo as compras e financiamentos


postado em 05/12/2014 06:00 / atualizado em 05/12/2014 07:28

Taxas mais elevadas vão chegar ao crediário das lojas e fazer com que compras a prazo fiquem mais caras(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
Taxas mais elevadas vão chegar ao crediário das lojas e fazer com que compras a prazo fiquem mais caras (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)

Brasília – Parece pouco, mas a recente elevação de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, na quarta-feira, baterá pesado no bolso do consumidor. No entender de economistas, ao levar a Selic para 11,75% ao ano, o maior patamar desde 2011, o Comitê de Política Monetária (Copom) deu carta branca para que os bancos repassem o novo aumento aos clientes, na forma de juros ainda mais salgados. E, a julgar pelas taxas que já vêm sendo praticadas, é bom preparar a carteira. Em outubro, o juro médio cobrado das famílias nas operações com recursos livres chegou a 44% ao ano. Trata-se do maior desde 2011, o início da série histórica pesquisada pelo Banco Central.

Taxas ainda mais pesadas foram cobradas de quem usou o cheque especial, mostrou a autoridade monetária. Também em outubro, de acordo com dados mais recentes, o custo dessa modalidade de crédito chegou a 187,80% ao ano – o maior patamar desde 1999. Sufoco ainda maior passaram os brasileiros que recorreram ao cartão de crédito. Dados da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostram que a taxa média, nessa operação, chegou a 241,61% ao ano em outubro.

Os juros mais altos não tiveram como motivo o mais recente ciclo de alta da Selic, que só foi posto em prática nos últimos dias de outubro, quando, três dias após o segundo turno da eleição presidencial, o Copom decidiu elevar a taxa básica em 0,25 ponto percentual, em decisão dividida. Como, de lá para cá, o quadro de riscos para a inflação continuou se deteriorando, como enfatizou a autoridade monetária em comunicados recentes, foi preciso elevar a dose do perto, para 0,5 ponto percentual, anteontem.

Por isso, dizem especialistas, quem ainda está pensando em tomar dinheiro emprestado deve se preparar para pagar bem mais caro. “Talvez esse aumento não seja tão rápido, porque do momento em que o BC eleva os juros e o instante que essa taxa chega aos novos contratos leva algum tempo. Mas, sem dúvida alguma, deve haver repasse aos clientes”, assinalou Flávio Calife, economista-chefe da Boa Vista Serviços.

O motivo é simples, diz o especialista em crédito e consumo: também as instituições financeiras pagarão mais caro para emprestar o dinheiro. Por isso, para que não houvesse repasse aos clientes, só restaria duas opões aos bancos: reduzir a margem de lucro das operações, o que parece improvável, ou cortar gastos de modo a compensar custos mais elevados com a captação dos recursos no mercado financeiro.

Peso do calote

São três os principais fatores que determinam o spread bancário, que é a diferença entre o que o banco paga ao captar o dinheiro e o que cobra do cliente, expressado em taxas de juros e encargos operacionais. O primeiro deles é a taxa de captação do dinheiro junto a outros bancos, que tende a ficar mais elevada, por causa do aperto monetário. O segundo são os custos operacionais do banco, como salários de funcionários, abertura de agências e contas em geral, como luz etc. Por fim, pesa sobre a taxa cobrada dos clientes, em empréstimos, a inadimplência das operações. E ela nem tão cedo deve ceder, diz Calife. “A inadimplência dificilmente voltará a cair”, emendou. “Nas nossas projeções, ela continuará estável ou terá alguma elevação em 2015”, sacramentou.

Se muitas pessoas dão o calote no banco, para compensar os prejuízos, as instituições elevam as taxas de juros até mesmo para os clientes que estão em dia com suas obrigações. Isso acontece porque, no Brasil, o cadastro positivo – que indica as pessoas com bom histórico de crédito – ainda não funciona adequadamente, ao contrário de outros países, como os Estados Unidos, onde cada consumidor recebe uma nota, chamada de score, e com ela tenta negociar empréstimos diretamente com o banco, podendo oferecer em troca um histórico de bom pagador.

Sem uma ferramenta que possibilite separar bons e maus pagadores, os bancos acabam tomando o cliente pelo histórico de inadimplência de pessoas com o mesmo perfil socioeconômico dele, o que nem sempre é o mais adequado para avaliar a boa fé ou intenção de quitar o empréstimo contraído.


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