Dois pesos e duas medidas deixam carregado o ambiente da reunião de terça do Conselho de Administração da Usiminas. A Ternium segue insistindo que os analistas do setor siderúrgico reconhecem o êxito da gestão de seus indicados no chamado turnaround (reestruturação) da empresa mineira. O sócio japonês resiste à recondução dos executivos indicados pela sócia, propondo a contratação de um presidente sem vinculação com qualquer dos acionistas, defensora que é de um plano para que os brasileiros assumam cargos mais importantes, segundo o representante da Nippon ouvido pelo EM.
Como novo ingrediente da situação delicada entre os acionistas, os empregados da Usiminas lançaram campanha salarial com pedido de reajuste de 11,68%, sendo 4,97% a título de produtividade. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga, Hélio Madalena, a pauta de reivindicações foi entregue em setembro e não houve contraproposta na primeira rodada de negociações. As próximas reuniões estão marcadas para terça e quarta-feira. O movimento abrange cerca de 8,5 mil trabalhadores da siderúrgica e da Usiminas Mecânica, fabricante de bens de capital.
“Aguardamos um balanço positivo do terceiro trimestre e que os trabalhadores sejam compensados pelo empenho dedicado à qualidade da produção”, diz Hélio. O sindicato local do metalúrgicos reclama de um grande enxugamento de pessoal feito nos últimos anos, que ainda não foi computado pela instituição. Tanto a Nippon quanto a Ternium admitem ter promovido cortes de pessoal na siderúrgica. O ex-presidente Julián Eguren diz ter cumprido metas importantes de aumento da produtividade, aliado a um programa de renovação de funcionários e formação de jovens talentos. Eguren sustenta ter encontrado problemas operacionais e logísticos que não combinavam com uma visão ativa do negócio.