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Estado de Minas

Vai se arrastando para o local de trabalho? Este pode ser um sinal de que é hora de mudar


postado em 19/10/2014 13:28 / atualizado em 19/10/2014 14:15

Com mais de 20 anos na área de designer e publicidade, Leonardo Sousa decidiu arriscar voo solo como escritor, ajustou o orçamento familiar e não se arrepende da decisão (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Com mais de 20 anos na área de designer e publicidade, Leonardo Sousa decidiu arriscar voo solo como escritor, ajustou o orçamento familiar e não se arrepende da decisão (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Quem nunca se perguntou o por quê de permanecer numa empresa, ou questionou se está exercendo a função adequada ou mesmo atuando na profissão certa? Se essas dúvidas ainda não atormentaram suas noites de sono, não se anime. É quase certo que algum dia essas questões rondarão seus pensamentos e o farão colocar em xeque os caminhos trilhados na carreira. Para se ter uma ideia, na virada de 2013 para 2014, 64% dos profissionais tinham a intenção de mudar de emprego ao longo do ano, segundo pesquisa do portal de recrutamento Trabalhando.com. Identificar os sinais de que algo está errado e tomar a iniciativa de dar um passo em direção ao desconhecido não é fácil, muito menos simples.

Algumas situações podem ser fortes indícios de que algo não vai bem. “Quando a pessoa precisa se esforçar para ir ao trabalho ou arruma desculpas para chegar atrasado, pode estar dando os primeiros sinais”, alerta Caio Infante, diretor-geral do Trabalhando.com. Falta de oportunidades para progredir na carreira, perda de respeito pelo chefe, relacionamento complicado com os colegas e desestímulo para dar o melhor de si na função ajudam a compor um cenário preocupante.

Mas nem sempre os motivos para mudar vêm do ambiente de trabalho. Pode ser que o ciclo daquele profissional na função e na empresa que representa já se fechou e novos anseios se manifestem. Foi o que ocorreu com o designer Leonardo Sousa de Oliveira, de 47 anos. Com 26 anos de profissão na área de design e publicidade, ele despertou para o universo da cultura e viu seus dias dentro de uma agência chegarem ao fim. O primeiro passo rumo à mudança veio de um projeto autoral. “Escrevi um livro sobre o Mercado Central de Belo Horizonte quando trabalhava em uma agência de publicidade”, lembra.

Com o livro pronto, ele viu a possibilidade de ir mais longe. “Perguntei-me, por que não expando e produzo outros livros?”. Com a aprovação do projeto pela lei de incentivo à cultura e a conquista de um patrocínio, ele viu o desejo virar realidade. “Resolvi então me aventurar nessa carreira solo, apesar de nunca ter me sentido descontente no ambiente corporativo”, conta. Os cinco novos títulos iniciais viraram 15 e a coleção agora envolve temas como os queijos de Minas, as grutas, as pessoas, a arquitetura, entre outros assuntos ligados à cultura do estado.

A questão financeira pesou, mas com a disposição e apoio da família, Leonardo percebeu que as necessidades não são tão grandes quanto parecem. “Decidimos rever o nosso padrão e abrimos mão de muitas coisas que, depois vimos, não nos faziam falta”, afirma. Essa avaliação pode ser libertadora para quem quer seguir o mesmo caminho. “É preciso persistência e convicção”, ensina o designer.

DECISÃO CERTEIRA Para David Braga, diretor e sócio da Fesa, empresa global de recrutamento de executivos de média e alta gerência, antes de tomar uma iniciativa – qualquer que seja a motivação e o caminho escolhido – , é preciso fazer uma análise aprofundada do cenário para evitar mudanças precipitadas. Avaliar o momento vivido pela empresa e as próprias condições macroeconômicas do país ajudam a nortear a decisão. “Qualquer empresa passa por altos e baixos. É preciso saber navegar na onda, tanto quando o mar está revolto como quando está mais calmo”, afirma David.

Feita essa consideração, o profissional precisa analisar a sua posição perante a organização. “Deve ter em mente que não pode deixar somente a cargo da empresa o papel de gerar novos desafios. O próprio empregado deve buscar e criar essas oportunidades”, orienta. Propor melhorias para aumentar a produtividade e a competitividade do negócio e reduzir os custos podem ser algumas alternativas. “É preciso se perguntar se há alguma oportunidade que ainda não foi criada. Se existir, crie”, aconselha o especialista. Empreender, mesmo como funcionário, é uma das posturas que podem mudar os rumos de atuação na equipe, abrir novos caminhos e gerar novas oportunidades.

Rever se o cargo exercido retrata os anseios traçados para a carreira é outro ponto destacado pelo diretor do Grupo Selpe, Glaucus Botinha. “A pessoa precisa se perguntar se a função que exerce está alinhada com suas expectativas. Se a remuneração está de acordo com o que espera e em sintonia com o mercado, porque, muitas vezes, o que a pessoa quer não é o que está sendo pago lá fora”, explica Glaucus.

A aderência com a cultura da empresa, com o chefe, pares e até com os projetos é outra ponderação necessária. “É preciso esgotar as possibilidades. Inclusive, conversar com o chefe e com o RH sobre as questões que estão gerando desmotivação. Isso porque mudar não é simples. A pessoa terá que se adequar a uma nova cultura, aos jogos de poder, e outras situações que já são conhecidas no ambiente atual”, detalha David. Por conta de todas essas variáveis, em pouco tempo a troca pode não se mostrar tão vantajosa quanto o esperado.

Prós e contras na balança


Se as tentativas se esgotaram e a decisão de sair não poderia estar mais clara, é hora de começar a fase de transição. Os caminhos são inúmeros, desde simplesmente ir para outra empresa, buscar uma nova área, podendo passar pela dedicação aos estudos, mudança de cidade, estado e país, até a abertura do próprio negócio. “É preciso planejar a saída, mas para isso o profissional precisa saber o que quer. Se a intenção é se manter no ambiente corporativo, é preciso checar os segmentos nos quais gostaria de trabalhar, onde sua expertise pode ser aplicada, onde se diferencia, que tipo de empresa lhe atrai, inclusive considerando o porte, se é nacional ou não. Tem também que avaliar se está disposto a ter mobilidade geográfica. Tudo deve ser pesado”, orienta David Braga, diretor e sócio da Fesa, empresa global de recrutamento de executivos de média e alta gerência.

É preciso ter cuidado para não trocar seis por meia dúzia, como alerta Caio Infante, diretor-geral do portal Trabalhando.com. “O profissional deve ir em busca de uma empresa ou de um segmento que tenha uma cultura com a qual se identifique, assim como valores em comum e um ambiente no qual possa se desenvolver”, afirma. Entre aqueles que decidem mudar de setor, é sempre importante avaliar as tendências que se configuram. “Mas sempre tomando o cuidado com os modismos”, alerta David.

Conversar com outros profissionais da área, participar de fóruns de discussão e manter-se sempre atualizado sobre as necessidades do mercado, inclusive no que diz respeito à formação e conhecimento, é algo que deve ser feito continuamente, mesmo entre aqueles que não têm qualquer planejamento de mudança no curto e médio prazos. Recorrer ao networking que conquistou ao longo dos anos é outra iniciativa importante neste momento. “Manter esse contato próximo é a forma como o profissional vai manter sua visibilidade e suas expertises ganham notoriedade”, alerta David.

POR CONTA PRÓPRIA Mas se o ambiente corporativo já foi completamente descartado e a intenção mesmo é ser dono do próprio negócio, é preciso ainda mais cautela nessa fase de mudança. “Primeiro, é fundamental estudar o mercado para evitar sustos. É preciso ir a fundo nessas pesquisas, avaliar a origem do capital, se a pessoa irá fazer sozinha ou com um sócio”, enumera o diretor do Grupo Selpe, Glaucus Botinha. A maior parte dos projetos que vingam, segundo o especialista, são aqueles que contam com um estudo de viabilidade muito bem feito. Recorrer a consultores e especialistas ajuda a embasar essa decisão.

Conversas com empresários que já estejam no mercado e participação em feiras e congressos sobre o tema são tarefas importantes para quem tem o capital, mas não tem a menor ideia de onde aplicar. “Trocar ideia com pessoas que já passaram por isso antes é uma forma de compartilhar as experiências”, reconhece Caio Infante. Ter em mente que o retorno do investimento muitas vezes supera os dois anos de trabalho faz parte dos preparativos financeiros antes de jogar tudo para o alto.

“Querendo ou não, o dinheiro fala mais alto nestes casos e é preciso observar, inclusive, o padrão de vida ao qual está acostumado e se será preciso mudá-lo”, lembra Caio Infante. Ter recursos para aplicar no negócio e também para passar os primeiros anos sem renda é crucial e pode determinar o futuro do empreendimento. “Será pelo menos um ano de incertezas até que o negócio comece a rodar”, alerta Caio. Uma poupança benfeita também pode ser decisiva para trilhar outros rumos, como estudar fora, mudar de cidade ou simplesmente tirar um ano sabático.

SEM TRAUMA Traçado o rumo a ser seguido, não há espaço para saídas abruptas. Entrar e sair pela porta da frente é a grande máxima do mercado. “É um processo que deve ser conduzido com cautela, sem exposição da empresa. As informações circulam e podem reverter contra o profissional”, explica David. Planejar a finalização das tarefas e se disponibilizar a repassar o conteúdo para quem vai assumir as atividades são apenas algumas das posturas esperadas do funcionário.

CAUTELA

Apesar de muitas vezes ser emergencial, qualquer mudança neste momento deve ser muito bem pensada e estar amadurecida o suficiente para sair do papel. “A indústria e o comércio estão em compasso de espera diante do cenário eleitoral no qual vivemos. O resultado das eleições irá nortear muitas decisões econômicas daqui pra frente”, afirma o diretor do Grupo Selpe, Glaucus Botinha. Isso significa que são poucos os que estão contratando – o que pode dificultar uma mudança de emprego – e paira uma incerteza sobre o mercado geral, inclusive no que diz respeito à abertura de novos negócios. “É sempre mais plausível e mais seguro esperar uma definição mais clara desse cenário. Pode ser que sejam dados sinais de um novo ciclo de crescimento ou uma nova fase de ajustes. Talvez, neste momento, este passo seja mais arriscado”, reconhece Glaucus.


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