Brasília – Os erros graves na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) colocaram o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no centro das atenções e da disputa presidencial. O governo federal convocou ontem mais uma coletiva de imprensa para falar sobre a correção e os novos dados do levantamento socioeconômico da população brasileira. A ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, afirmou que o governo vai adotar providências a respeito do “erro gravíssimo” cometido pelo IBGE, mas só após a conclusão de uma sindicância que trabalhará por 30 dias, prorrogáveis pelo mesmo período.
A ministra evitou falar sobre a permanência da presidente do IBGE, Wasmália Bivar, no cargo. Segundo ela, ainda não há definição sobre o assunto. “Nossa decisão foi determinar duas comissões, sendo uma delas de sindicância interna para apurar as razões dos erros e as eventuais responsabilidades funcionais”, afirmou a ministra.
Míriam Belchior contou que manteve contato com a presidente do IBGE, durante toda a sexta-feira. “Evidentemente conversamos ontem (sexta-feira) o tempo inteiro. Prefiro esperar que a comissão de sindicância composta pelos quatro ministérios (Planejamento, Casa Civil, Justiça e CGU) apresente as recomendações ao governo. Só depois disso o governo tomará qualquer providência”, disse.
A ministra do Planejamento comentou ainda a reação da presidente Dilma Rousseff ao ser informada dos problemas na Pnad. “Ela reagiu como nós aqui, absolutamente perplexa que o IBGE possa ter cometido um erro tão básico que é não ter feito de forma completa o processo de checagem e rechecagem”, disse.
Além de Míriam, os ministros da Educação, Henrique Paim; do Desenvolvimento Social, Tereza Campello; e da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, estiveram presentes na coletiva e comentaram os novos dados. “A avaliação de políticas públicas quando a gente analisa a Pnad tem que ser feito com base em uma tendência longa. Todo mundo que se apegou a microvariações de 0,1 para cima ou para baixo para tirar consequências dramáticas acabou errando. A tendência é de redução da desigualdade social”, disse Tereza Campello. Os três defenderam avanços do governo e comemoraram os resultados.
Críticas A oposição também aproveitou o momento para criticar a gestão atual. Depois de comentar o fato na sexta-feira, data das retificações, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, voltou a falar no assunto, dessa vez em eventos de campanha em cidades do interior mineiro. “É mais uma marca perversa do petismo no Brasil, uma desmoralização das nossas instituições”, disse. O tucano também acusou o PT de aparelhar o instituto. “O IBGE foi das instituições que resistiu a partir de seus pesquisadores, de seus profissionais, a essa ânsia de poder do PT”, disse. Para ele, os dados não são mais confiáveis.
O candidato a vice-presidente pelo PSB na chapa encabeçada por Marina Silva, Beto Albuquerque, relacionou a mudança das informações a questões políticas. “Já não me surpreendo com mais nada. Até as instituições de pesquisa, Ipea e, agora, IBGE, são blindadas a fórceps a alterar dados. Típico de governo atrasado que tem medo de encarar a realidade”, acusou.