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Estado de Minas

Custo da energia ameaça a indústria

Contratos de abastecimento de energia para o próximo ano estão sendo negociados no mercado livre ao redor dos R$ 400 o megawatt/hora (MWh), mais de três vezes o valor de contratos assinados antes da publicação em 2012 da MP 579 - medida provisória do desconto da conta de luz


postado em 26/07/2014 08:49 / atualizado em 26/07/2014 09:52

A elevação dos preços da energia em contratos no curto prazo, reflexo da escassez de chuvas no País, preocupa os grandes consumidores e pode dificultar a recuperação da produção industrial brasileira em 2015.Grandes indústrias se deparam com reajustes de mais de 100% no preço da energia e já fazem contas para definir como adequar as operações ao custo mais elevado previsto para 2015.

Contratos de abastecimento de energia para o próximo ano estão sendo negociados no mercado livre ao redor dos R$ 400 o megawatt/hora (MWh), mais de três vezes o valor de contratos assinados antes da publicação em 2012 da MP 579 - medida provisória do desconto da conta de luz, que estabeleceu novas condições para o processo de renovação de concessões no setor de geração de energia.

Para contratos de médio prazo, os valores propostos são menores, podendo chegar a R$ 250/MWh, mas representam mais de duas vezes os preços negociados no início da década.

“Vemos que há uma escassez de energia que afeta a negociação de contratos a vencer no segundo semestre de 2014 e durante o ano de 2015”, alerta o presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria.

Negociação
Empresas de menor porte costumam ser atendidas pelas distribuidoras de energia. Já os grandes consumidores negociam diretamente com as geradoras no mercado livre ou com as comercializadoras de energia, em acordo bilaterais. Diante da dificuldade encontrada, uma grande consumidora realizará nas próximas semanas uma chamada pública para contratação de energia em 2015. “O objetivo é mostrar que os interessados não estão conseguindo tornar viável a contratação de energia”, destaca uma pessoa familiarizada com o assunto, que falou com a reportagem do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, sob a condição de não ser identificada.

Como o momento é mais favorável aos geradores do que aos consumidores, os preços dos contratos estão em elevação. “A questão é saber quais empresas conseguirão rodar com um custo de energia a R$ 400/MWh”, destacou o executivo de uma grande consumidora de energia, que também pediu para não ser identificado. “Para quem estiver descontratado, o ano de 2015 será um caos.”

Governo
Questionado sobre o assunto, o Ministério de Minas e Energia (MME) não comentou a situação dos preços para 2015. Em nota, o ministério afirmou que não cabe a ele “interferir nas relações comerciais no Ambiente de Contratação Livre (ACL)”, onde os consumidores livres contratam energia. Já a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) destacou que a situação atual “decorre da escassez de chuvas e da baixa capacidade de armazenamento e de regularização dos reservatórios das hidrelétricas”. O licenciamento ambiental para projetos de usinas com reservatórios enfrentou nos últimos anos uma série de questionamentos do ponto de vista ambiental.

Geradoras tentam fechar contratos mais longos
São Paulo, 26 - O cenário de incertezas que ronda o setor elétrico neste momento alimentou uma postura mais cautelosa nas relações entre geradores e consumidores de energia. Preocupadas com o cenário hidrológico no chamado período úmido, com início no final do ano, as geradoras têm pressionado os clientes do mercado livre a assinarem contratos mais longos, como forma de se proteger em relação a eventuais perdas em 2015.

Os consumidores, por outro lado, se veem diante da necessidade de escolher entre firmar contratos de curto prazo a custos elevados ou formalizar acordos de longo prazo balizados pelo atual patamar de preços. “Vemos uma oferta limitada no mercado livre e a indicação de preços altos em termos de mercado spot (à vista) em 2015”, diz o sócio-diretor da comercializadora Ecom Energia, Paulo Toledo. “As geradoras tendem a buscar contratos mais longos porque, caso deixem de ganhar em 2015, ganhariam no futuro.”

Como há uma indicação de que o preço de liquidação das diferenças (PLD), balizador para o preço da energia, ficará ao redor de R$ 400 o megawatt-hora (MWh) na média para 2015, qualquer contrato a valores inferiores seria desfavorável às geradoras em um primeiro momento. O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que há casos de contrato exclusivamente para 2015 sendo negociados na casa de R$ 500/Mwh.

Em contratos mais longos, por outro lado, a tendência seria invertida, com preços de contrato atrativos em relação aos preços do mercado spot no futuro. “O consumidor não consegue contrato apenas para 2015. E às vezes quer comprar durante apenas um ano porque o valor está alto”, disse o presidente da comercializadora Comerc Energia, Cristopher Vlavianos.


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