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Estado de Minas

Déficit do país com o exterior chega a US$ 25,1 bi em 3 meses, pior resultado desde 1967

Déficit deve chegar a S$ 80 bilhões neste ano, colocando o Brasil como o dono do segundo maior saldo negativo do mundo nas contas externas


postado em 26/04/2014 06:00 / atualizado em 26/04/2014 07:18

Brasília – O Brasil está cada vez mais dependente de capitais externos. E não é para menos. Em março, o rombo nas transações de bens e serviços com o resto do mundo somou US$ 6,2 bilhões, fechando o primeiro trimestre em US$ 25,1 bilhões, o pior resultado da série iniciada em 1967. Pelas projeções do Banco Central (BC), o déficit em transações correntes deverá chegar a US$ 80 bilhões neste ano, o que colocará o país na incômoda posição de ostentar o segundo maior saldo negativo do mundo nas contas externas, atrás apenas dos Estados Unidos, conforme estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para financiar esse tipo de desequilíbrio, os países contam com a entrada de recursos do exterior, na forma de empréstimos ou investimentos. No caso do Brasil, o problema é que, cada vez mais, o que tem chegado são capitais especulativos de investidores interessados em lucrar com as maiores taxas de juros reais do mundo. Apenas em março, o ingresso de recursos para a compra de ações ou títulos públicos somou US$ 7 bilhões. São cerca de US$ 2 bilhões a mais do que todo o volume aportado na forma de investimentos estrangeiros diretos (IED), considerados a melhor forma de financiamento de um país.

Mesmo o governo, que já esperava um número ruim para março, ficou surpreso com o resultado do mês. Para o BC, o déficit seria de, no máximo, US$ 5,8 bilhões. Na avaliação dos analistas de instituições financeiras, pode haver novo sobressalto quando forem fechadas as contas do ano. O saldo negativo de US$ 80 bilhões previsto pela autoridade monetária deve ser equivalente a 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB). A projeção é considerada otimista pelo mercado, que aposta num buraco próximo a 4% do PIB, ou até mais do que isso.

A diferença se deve a percepções divergentes sobre o comércio global. Para especialistas de bancos e corretoras, pesará contra o país a recuperação ainda fraca dos países europeus e uma desaceleração mais forte do que o esperado da economia da China, maior parceira comercial do Brasil.

Já o BC aposta todas as fichas na retomada do comércio global. Por isso, manteve a previsão de superávit de US$ 8 bilhões na balança comercial em 2014, mesmo que os dados recentes sugiram um ano de dificuldades para as empresas brasileiras. Até março, houve déficit de US$ 6 bilhões nessa conta. “Foi um desempenho abaixo do que se esperava”, admitiu o chefe do Departamento Econômico da instituição, Tulio Maciel. Ele atribuiu o mau resultado à queda de preço de produtos vendidos pelo Brasil, principalmente commodities.

Mesmo diante do quadro desafiador para a balança comercial, Maciel mostrou-se confiante numa melhora das contas externas. Ele lembrou que o rombo de US$ 6,2 bilhões em março foi inferior em US$ 1,1 bilhão ao déficit de fevereiro e US$ 570 milhões menor que o resultado do terceiro mês de 2013. “Por isso, reafirmamos a projeção de que o saldo negativo em transações correntes ficará estável em 3,6% do PIB em 2014”, disse.

Turistas desaceleram


A escalada do dólar ante o real já começou a afetar as viagens de brasileiros ao exterior. Em março, os gastos de turistas em outros países recuaram 1,8% na comparação com o mesmo mês de 2013. Em valores, porém, o montante deixado lá fora ainda impressiona: US$ 1,838 bilhão. Trata-se da segunda maior despesa com viagens registrada pelo BC desde 1947, ficando atrás somente à de março passado, de US$ 1,863 bilhão.


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