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Estado de Minas

Dificuldade de contratar mão de obra qualificada afeta 90% das empresas

Empresas acabam flexibilizando critérios e treinam novatos


postado em 15/01/2014 06:00 / atualizado em 15/01/2014 08:34

Com a menor taxa de desemprego da última década – 4,6% da população economicamente ativa, o conjunto de empregados e gente em busca de trabalho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –, nove em cada 10 empresas brasileiras têm tido dificuldade para contratar mão de obra, de acordo com a segunda edição do estudo Carência de profissionais no Brasil, da Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte. A pesquisa, feita com 167 empresas de grande porte, que juntas somam mais de 1 milhão de funcionários, mostra que a escassez de profissionais capacitados é o principal entrave para 83,23% delas. A solução para preencher as vagas é diminuir o rol de exigências curriculares, principalmente para cargos de nível técnico.

Elaborado em parceria com diretores de recursos humanos de grandes grupos empresariais, o estudo avalia os principais obstáculos enfrentados pelas empresas na contratação de mão de obra especializada. A amostra indicou que o profissional mais difícil de ser contratado é o comprador, sendo que 72% das empresas lutam para encontrar candidatos que atendam aos requisitos da função. A lista inclui, ainda, técnicos (66%) e administradores (65%). Em 2010, quando foi realizada a primeira edição da pesquisa, os primeiros lugares do ranking eram ocupados por técnicos (45%), engenheiros (34%) e gerentes de projetos (29%).

O coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística, Paulo Resende, afirma que o desencontro de vagas e profissionais é retrato do cenário de pleno emprego no país, agravado pelo desalinhamento que existe na formação profissional em relação à demanda existente. “O comprador é o mais demandado, mas não existe uma disciplina específica no curso de administração. O currículo é ultrapassado e não atende às especificidades da categoria”, afirma. Caso nada seja feito, segundo ele, projetando uma possível pesquisa em 2016, o mercado de trabalho brasileiro enfrentará uma situação paradoxal, em que se tem muita oferta, mas sem responder à demanda. “Ou seja, teremos excesso de profissionais e excesso de vagas”, afirma Resende.

Os problemas de insuficiência de profissionais formam um quebra cabeças. Diante do desafio de achar profissionais, a solução das empresas é reduzir as exigências na hora de contratar; formar novos profissionais, jovens, e, por último, conseguindo pinçar tais trabalhadores, mantê-los nos quadros por meio de benefícios, como assistência médica e hospitalar e previdência privada.

Experiência é item mais flexível na contratação, segundo Hegel Botinha (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Experiência é item mais flexível na contratação, segundo Hegel Botinha (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
FORMAÇÃO A flexibilização na contratação de funcionários de nível técnico é apontada por 59,88% das empresas, ante 45,51% para as vagas de nível superior. A principal brecha surge no quesito experiência, tendo em vista que outra solução para compor a equipe tem sido buscar jovens, muitas vezes para seu primeiro emprego na área, tanto que 91% das empresas pesquisadas investem em capacitação profissional. Metade da amostra informou que precisa treinar entre 41% e 80% dos recém-contratados.

O treinamento atua sobre dificuldades básicas, como fazer contas ou interpretar textos. As empresas assumem o papel que deveria ser do governo. “Esse quadro gera outro problema para as companhias, que precisam investir cada vez mais em treinamento e capacitação dos seus funcionários, elevando seus custos e, consequentemente, reduzindo a sua competitividade”, afirma Resende, da Fundação Dom Cabral.

O diretor comercial do grupo Selpe, especializado em recrutamento e seleção de pessoal, Hegel Botinha, confirma que o tempo de experiência é o primeiro critério a ser colocado em segundo plano pelas empresas e diz que elas têm preferido contratar por meio de programas de trainee e de estágio. A estratégia é mais barata que tirar empregados de concorrentes, o que pode inflacionar os salários. “A empresa tem remuneração de R$ 5 mil e vai ter que pagar R$ 6 mil para contratar, mudando toda a política salarial”, diz. Botinha indica esse tipo de contratação somente para vagas pontuais. Ele acrescenta que, além da capacitação, o desenvolvimento de lideranças na companhia se torna um fator importante para reter profissionais, sendo às vezes mais preponderante para reduzir a rotatividade que fatores econômicos.


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