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Estado de Minas

Quanto custa criar um filho?

Casais que planejam ter uma criança devem fazer as contas para que os gastos não pesem no orçamento. As despesas entre o nascimento e a vida adulta podem chegar a R$ 2 milhões


postado em 05/01/2014 06:00 / atualizado em 05/01/2014 07:24

Betânia Fontes curte a pequena Eduarda, enquanto pensa em encomendar o segundo filho este ano(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Betânia Fontes curte a pequena Eduarda, enquanto pensa em encomendar o segundo filho este ano (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)

A chegada de um bebê, além de alterar a rotina de um casal, muda todo o orçamento familiar. E os gastos não são maiores apenas nos primeiros anos de vida da criança. Eles perduram até a vida adulta, quando é conquistada a independência. Segundo pesquisa do Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (Invent), para criar um filho até os 23 anos, os pais chegam a investir R$ 2 milhões, com despesas que passam pela educação, lazer, saúde e vestuário. Somente os estudos equivalem a 34% desse total, com custo médio de R$ 703,64 mil.

Os dados apontam ainda que os gastos crescem de acordo com a idade. Até os 4 anos, o custo chega a R$ 63 mil por ano. Dos 20 aos 23 anos, os gastos podem atingir os R$ 122 mil, em função das despesas com faculdade. Já os desembolsos com lazer como clubes, festas de aniversário e cinema podem chegar a R$ 423 mil em 23 anos, entre as famílias de classe A. As classes B e C gastariam menos, algo em torno de R$ 94,8 mil a R$ 38,8 mil, respectivamente. Os custos e o planejamento para quem quer ter um filho no ano novo é o tema da última reportagem da série 2014 bem planejado, que o EM publica desde o dia 1º.

Embora os custos de uma gravidez sejam altos e preocupem a personal trainer Betânia Fontes, de 34 anos, eles não são suficientes para diminuir as expectativas em torno da chegada do segundo filho, que ela ainda planeja para este ano. Mãe de Edudarda, de 1 ano e 8 meses, ela pretende engravidar o mais rápido possível – mesmo considerando que, se engravidasse quando a filha estiver maior, os gastos diminuíriam. “Acredito que esta pode ser uma época boa para aproveitar algumas coisas da primeira gravidez, como os móveis do quarto”, considera.

O planejamento financeiro da nova gravidez, que deveria incluir os custos com plano de saúde da criança, gastos com babá e outros, fica apenas na cabeça. “Não sou de colocar as contas na ponta do lápis. O que penso em fazer é trabalhar mais para poder suprir as necessidades da segunda criança, além de diminuir os custos com coisas supérfluas”, diz. A justificativa para a falta de organização das finanças é, segundo ela, a ansiedade trazida pela própria gravidez. “Não penso em poupança e nada disso porque acho que as nossas despesas não vão ser muito diferentes do que já são hoje ou serão no próximo ano”, comenta.

Com as despesas com a filha girando hoje em torno de um salário mínimo e meio a dois – de R$ 1.077 a R$ 1.448 –, ela garante que com a chegada do segundo filho pretende controlar gastos e economizar com lazer, brinquedos e roupas. No entanto, outros custos devem continuar pesando, onerando ainda mais o orçamento de Betânia e do marido. “O que me preocupa são as despesas com farmácia, medicamentos e médicos, dos quais não há como abrir mão”, lembra. “Também penso nos gastos com babá e educação. A minha filha já vai para a escola e é um custo alto. Com a segunda gravidez não sei o que vai valer mais a pena, se mandar o segundo filho para a escola ou contratar uma babá para as duas crianças”, acrescenta.

EXTRAS
Além das despesas do dia a dia, os life coaches Sabrina Oliveira e Flávio Mesquita, da Horizontes Coaching, destacam outros custos inerentes à gravidez, como os que envolvem o parto, que pode tanto ser feito pelo SUS, quanto pelo plano de saúde ou particular. “Alguns médicos, mesmo quando fazem pelo convênio, exigem pagamento complementar e é importante considerar isso no planejamento”, diz Sabrina. As compras de enxoval, que despontam como primeira preocupação dos pais, também devem ser pensadas. “Muitos pais de primeira viagem costumam exagerar e acabam tendo gastos excessivos”, lembra Flávio. “Visto que o bebê cresce rápido nos primeiros meses e várias peças não costumam nem ser utilizadas, é preciso planejar as compras”, acrescenta Sabrina.

Outro ponto a ser considerado no planejamento é referente aos cuidados: com quem o bebê ficará após a licença-maternidade. Se ficará em uma creche por meio período ou período integral, ou com uma babá. “Decidido isso, o recomendado é pesquisar os valores desses serviços para inseri-los no planejamento dos gastos”, afirma Sabrina. “Não deixe para pesquisar esses valores somente quando a licença estiver acabando porque a maioria se surpreende com os preços”, reforça Flávio.

Poupança para dar segurança


Planejando, os futuros pais podem começar a poupar com 11 meses de antecedência, economizando 20% de uma das rendas. “Isso garantirá após o nascimento do bebê o valor equivalente a quatro meses da renda integral, sem trabalhar”, diz Flávio Mesquita, da Horizontes Coaching. “Isso pode tanto fazer as vezes em casos de mães que não têm direito a licença pelo INSS, como pode vir como bônus para aquelas que têm o benefício”, considera Sabrina Oliveira.

Para a consultora em finanças pessoais da Infovida, Maria Inês Prazes, os casais que terão filhos devem considerar que a chegada de uma criança reflete em uma mudança no padrão de vida e por isso é importante pensar em uma segunda fonte de renda, caso o orçamento já esteja muito comprometido. “Nesse caso é importante pensar numa renda extra ou em outra forma de aumentar os ganhos”, pondera. As preocupações passam ainda pelo plano de saúde. “É preciso saber o que o plano dessa nova mamãe cobre, para saber se terão custos adicionais”, diz. “Em casos de uma eventualidade no nascimento da criança será necessário um bom plano de saúde e o ideal é que isso já tenha sido definido antes”, acrescenta.

Sobre a previdência privada, que muitas vezes já é feita no primeiro ano de vida das crianças, Maria Inês considera que o valor poderá ser investido nos estudos futuros. No entanto, ela considera que, se a criança crescer com alguns objetivos já atendidos por essa reserva financeira, a previdência pode surgir como desestímulo. “Esse investimento vai muito do emocional e é preciso ser analisado com cautela. Mas ao mesmo tempo é importante poupar pensando numa faculdade, período no qual os gastos são ainda maiores”, finaliza.

MÃES AUTÔNOMAS
Para Sabrina Oliveira e Flávio Mesquita, da Horizontes Coaching, as mamães autônomas devem ter mais cuidado ainda. O planejamento passa pela verificação do tempo de licença-maternidade, que no setor privado pode variar de 120 a 180 dias, enquanto no público é de 180 dias. “Quando a pessoa é autônoma e paga seu INSS, o período é de 120 dias”, considera Sabrina.

Caso a pessoa trabalhe por conta própria, mas não paga o INSS, o indicado é que planeje o tempo que ficará afastada sem receber e gastando para se manter. “O ideal é que essa pessoa também comece a contribuir para o INSS, não apenas para ter o benefício durante a licença-maternidade, mas também para a aposentadoria”, comenta Flávio.

Após verificado o tempo de afastamento e de benefício recebido, os especialistas consideram que é importante avaliar se existe diferença entre o salário atual e o salário-maternidade e de quanto será essa quantia. “Com esses dados, a pessoa deve planejar o quanto ela deve ter de reserva para complementar o salário-maternidade, de forma que ela continue tendo o padrão de vida que deseja”, pondera Sabrina Oliveira.


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