(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Consultor é suspeito de dar prejuízo de mais de R$ 1,6 milhão em BH

Promessa de aplicar na bolsa oferecia juros de 2,5% ao mês


postado em 08/11/2013 06:00 / atualizado em 08/11/2013 08:57

Oito ações judiciais que correm na Justiça de Belo Horizonte tentam recuperar prejuízos de R$ 1.623 milhão decorrentes de mais um golpe envolvendo a expectativa de altos ganhos no mercado financeiro. Os processos correm na 29ª, 27ª, 24ª, 23ª, 22ª, 19ª e 14ª varas cíveis do Fórum Lafayette. Os prejuízos individuais vão de R$ 45 mil a R$ 599,5 mil. As operações ocorreram entre 2008 e 2012 e vieram a pique depois que o consultor de investimentos Eustáquio Brant quebrou a banca e deixou de pagar os investidores, com quem mantinha relações pessoais, em alguns casos havia 20 anos. Uma parte das vítimas não tem sequer como provar que entregou o dinheiro com a finalidade de fazer aplicações.

Além dos processos, um inquérito policial foi aberto na 2ª Delegacia Especializada de Falsificação, Sonegação Fiscal e Administração Pública para apurar o caso. As vítimas começam a ser ouvidas no dia 11. De acordo com a delegada Adriana Bianchini Galliac, que está cuidando do caso, o inquérito foi instaurado em 10 de outubro. Até agora, porém, ninguém foi ouvido nem pela polícia, nem pela Justiça. “Vamos analisar os próximos passos. Por enquanto, a acusação diz que há uma pessoa fazendo pirâmide financeira. Por isso, as vítimas foram intimadas”, diz.

Ronaldo conhecia o suposto golpista havia 20 anos e perdeu R$ 200 mil(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
Ronaldo conhecia o suposto golpista havia 20 anos e perdeu R$ 200 mil (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
De acordo com o comerciante Ronaldo Macedo da Silva, Brant era seu amigo desde a década de 80. Cerca de 10 anos depois começou a aplicar dinheiro na bolsa de valores e a cooptar os conhecidos, oferecendo juros mensais de 2,5% ao mês. Ao todo, Silva entregou R$ 200 mil ao consultor de investimentos, que mantém uma página no Facebook em que se apresenta como “trader na empresa Investidor Bovespa e BMF”. “Primeiro tirei R$ 160 mil da poupança, em 2008. Dois anos depois fiz um novo aporte, dessa vez de R$ 40 mil”, lembra.

Em janeiro de 2012, o comerciante pediu o resgate da aplicação, mas o amigo pediu seis meses para devolver o dinheiro. “Achei estranho, mas Eustáquio me entregou um cheque de R$ 200 mil. O problema é que ele sustou esse cheque e eu fiquei no prejuízo”, lamenta. O comerciante registrou queixa na polícia e ingressou com uma ação judicial pedindo a devolução do dinheiro, num total de R$ 217,9 mil.

Resgate


Outra vítima foi o engenheiro Alexandre Machado, que em 2008 fez uma aplicação de R$ 20 mil intermediada por Eustáquio Brant e diz que o resultado foi positivo. “Naquela época, ele honrou o acordo e fiz o resgate”, lembra. Mesmo consciente de que a devolução do dinheiro do amigo Ronaldo estava atrasada, Brant o convenceu de que o Banco do Espírito Santo (Banestes) estava para ser privatizado e que essa seria uma oportunidade imperdível para ganhar com a alta das ações da instituição. “No dia seguinte, liguei para o meu irmão em Vitória e o boato foi confirmado.”

Alexandre Machado diz que, além dele, o sogro perdeu todo o dinheiro(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
Alexandre Machado diz que, além dele, o sogro perdeu todo o dinheiro (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
De posse dessa informação, Machado aplicou mais R$ 45 mil com promessa de rendimentos de 2,5% ao mês. “Acreditei e infelizmente trouxe o meu sogro para o negócio. Ele, que já teve câncer três vezes, perdeu todo o dinheiro que juntou durante toda a vida: R$ 206,8 mil. Agora minha sogra também está se recuperando da mesma doença e os dois não têm reserva financeira”, sustenta. A única prova contra o susposto golpista é um extrato de transferência bancária. O Banestes nunca foi privatizado.

Negócios e cerveja


Em todos os casos nos quais Eustáquio Brant atuou, as supostas vítimas eram pessoas comuns, trabalhadores que juntaram suas economias e que viram na oportunidade de aplicar dinheiro na bolsa de valores um meio de engordar seus rendimentos. A aproximação com os potenciais investidores se dava de forma semelhante: durante reuniões comemorativas e aniversários. O investidor cativava os amigos dos amigos e ganhava sua confiança durante bate-papos regados a cerveja.

Uma das vítimas, que prefere não se identificar, e que perdeu R$ 87 mil, além de ter levado o pai para investir R$ 70 mil, lembra que, antes de ter coragem para entregar o dinheiro, foi à casa do suspeito de golpe financeiro. “Fiz negócios com ele olhando olho no olho”, garante. A ação de maior valor em tramitação no Fórum Lafayette contra Brant tem valor de R$ 599,5 mil. A tese defendida nesse processo é de que o trader não promoveu o pagamento de notas promissórias nesse valor nas datas pactuadas.

A inicial pede a penhora de bens como um terço do lote nº 15, Quadra 45, no Bairro Santa Cruz Industrial, em Contagem, na Grande BH, e também de um automóvel Jeta Volkswagen 2012/2012. Além disso, solicita ao Banco Central que informe a existência de outros ativos em nome do suposto golpista. De acordo com o advogado Luís Marcelo Capanema, que trabalha para Ronaldo Macedo e Alexandre Machado, a Justiça não consegue citar o acusado, que nunca é encontrado em seu endereço residencial. “Ele só foi citado com hora certa, que é um instrumento judicial para citar alguém que se nega a receber o oficial de Justiça”, explica.

A reportagem tentou contato com Eustáquio Brant via Facebook e pelo telefone, mas não obteve retorno. Um de seus advogados, Warley da Silva Martins, informou que defende o suspeito em apenas uma ação e forneceu somente detalhes que já estavam citados na processo. (ZF) 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)