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Estado de Minas

Taxa de juros tem quinta alta seguida

BC eleva Selic para 9,5% ao ano e Brasil volta a ter o maior juro real do mundo. Decisão deve frear o PIB


postado em 10/10/2013 06:00 / atualizado em 10/10/2013 07:37

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou pela quinta vez consecutiva a taxa básica de juros da economia brasileira, confirmando assim a maior sequência de altas no mandato da presidente Dilma Rousseff. A autoridade monetária, por unanimidade, aumentou a Selic para 9,5% ao ano. É o maior patamar em um ano e meio. Desde março, a taxa subiu 2,25 pontos percentuais. Com isso, o Brasil volta a assumir o topo do ranking mundial de juros reais, com 3,5% ao ano, segundo estudo feito pela consultoria MoneYou com base em informações de 40 países. A decisão visa controlar a inflação, mas, segundo especialista e entidades, pode comprometer o crescimento no último trimestre do ano, principalmente considerando-se a proximidade do Natal.


A alta integra o quarto ciclo inflacionário do governo Dilma, no sobe e desce para induzir o crescimento da economia e conter a inflação, que, segundo economistas, deve se encerrar na próxima reunião, afinal 2014 é ano eleitoral e a luta contra a inflação deverá ser ferrenha. Logo na primeira reunião de 2011, a primeira depois da posse da presidente, o Copom iniciou uma sequência de altas, elevando a taxa de juros de 10,75% para 11,25% ao ano. Nas três reuniões seguintes também foram registradas altas. Ao fim do ciclo, a Selic atingiu 12,50%, nível mais alto até agora nos quase três anos do governo Dilma. No intervalo, a alta foi de 1,75 ponto percentual. À época, o movimento tinha o objetivo de frear o consumo e segurar a inflação.

Depois disso, como forma de tentar acelerar o crescimento da economia, o BC mudou a trajetória da taxa de juros. Por 10 reuniões consecutivas a taxa anual caiu, passando de 12% para 7,25% no período, o menor nível desde o início da série histórica em 1996. Mas novo avanço da inflação obrigou a autoridade monetária a rever a taxa a partir de abril. “O comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”, diz trecho da ata da reunião de ontem. O comunicado repete o que foi dito em reuniões anteriores.

“Esse ciclo, com certeza, subtrai pontos de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no fim do ano. Mas não é a alta de ontem que mais influencia. São as altas anteriores”, afirma o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. A expectativa dele é por nova alta de 0,5 ponto percentual na última reunião do ano do Copom, chegando a 10% ao ano. Depois, segundo ele, a tendência é de manutenção do patamar, principalmente devido a dois eventos registrados ontem: o acumulado da inflação abaixo de 6% pela primeira vez no ano e a nomeação da nova presidente do Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos), Janet Yellen, declarada favorável a manutenção dos juros norte-americanos perto de 0.

Impacto
Para o setor varejista, a alta da taxa de juros compromete o poder de compra dos brasileiros faltando dois meses para o Natal. Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, Bruno Falci, com o aumento da Selic, é certa a desaceleração do ritmo de consumo. “Essa medida é negativa para o comércio varejista, principalmente tendo em vista a aproximação da melhor data em vendas para o segmento, o Natal”, diz.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Júnior, avalia que a inflação abaixo de 6% era o sinal para a mudança de rumos da Selic, permitindo que a produção industrial voltasse a crescer para atingir o nível projetado no início do ano. "Mais uma vez o Banco Central se posiciona na contramão da atividade econômica brasileira. Este novo aumento da Selic reforça o ambiente de incerteza e a falta de confiança do empresário e consumidor brasileiros”, diz Olavo.

Alerta do FMI

O risco fiscal cresceu no Brasil recentemente e o governo precisa fazer uma série de reformas para aumentar a eficiência do gasto público e a expansão potencial do País, avalia a diretora do Departamento de Assuntos Fiscais do Fundo Monetário Internacional (FMI), Martine Guerguil, em entrevista ontem, após a divulgação do Relatório de Estabilidade Financeira. A diretora destacou que o Brasil tem usado nos últimos anos a política fiscal como forma de mitigar os efeitos da desaceleração da economia global na atividade econômica. “À medida que o crescimento comece a se recuperar no Brasil, seria particularmente apropriado que o país embarcasse em um número de reformas fiscais”, afirmou Martine. O FMI alertou ainda que os países emergentes vão ter uma fuga de capital caso a situação fiscal dos Estados Unidos se agrave.


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