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Estado de Minas VENDAS FERVEM COM CALOR NA CAPITAL

Calor reflete diretamente nos negócios do comércio especializado em BH


postado em 23/02/2013 06:00 / atualizado em 23/02/2013 07:12

Thais Menezes comprou um sorvete para se refrescar na Savassi, mas seu melhor investimento foi em um aparelho de ar-condicionado(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Thais Menezes comprou um sorvete para se refrescar na Savassi, mas seu melhor investimento foi em um aparelho de ar-condicionado (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


Depois de um período de chuvas que freou as vendas de produtos concorridos no verão, a onda de calor que vem castigando os belo-horizontinos nos últimos dias voltou a animar o comércio. Das sorveterias às lojas que vendem ventiladores e aparelhos de ar-condicionado, o varejo tem visto os consumidores voltarem às compras. Na sorveteria São Domingos, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, as vendas aumentaram 30% neste mês em relação às semanas chuvosas de janeiro. Já nas unidades da Furacão Ventiladores, nos bairros São Cristóvão e Barro Preto, a expectativa é de que boa parte das vendas aquecidas de dezembro de 2012, quando cerca de 3 mil ventiladores chegaram a ser comercializados por semana, sejam retomadas, depois de um janeiro considerado fraco.

O mesmo ocorreu com a procura em supermercados e lojas de eletrodomésticos. No Extra, no início do verão, houve um aumento de 257% nas vendas de ar-condicionado e de 150% nos negócios com ventiladores frente ao mesmo período do ano anterior. Já na Ricardo Eletro, as vendas de sistemas de ventilação em janeiro e neste mês (até quinta-feira) apresentaram um crescimento de 40% sobre iguais meses de 2012. Cerca de 60% das vendas registradas até agora em fevereiro na Ricardo Eletro foram realizadas a partir do dia 13, depois do carnaval.

 Domingos Dias Montenegro, proprietário da tradicional sorveteria na Avenida Getúlio Vargas, explica que normalmente a melhor época para o setor é nos meses de outubro e novembro, mas o calor veio mais tarde nesta temporada. “Ainda assim, devemos ter um crescimento de 7% a 10% em relação aos verões anteriores”, aposta o empresário, que incrementou o cardápio da sorveteria nesta estação com os sabores chocolate africano e mocha. Para Domingos, o veranico deve durar até o início de março, quando o período de chuvas provavelmente vai retornar e a temperatura começará a cair.

Pela primeira vez na sorveteria São Domingos, os namorados Henrique Toledo Soares de Almeida e Luiza Helena Magalhães Duarte, ambos de 18 anos, acharam os preços mais altos que os de outros estabelecimentos com as quais estão acostumados. “Mas, como o dia está muito quente, até compensa”, diz Henrique. Luiza tem lançado mão de outras estratégias para driblar a alta temperatura. “Acabei de comprar um ventilador para o meu quarto. É daqueles pequenos, mas já ajuda bastante.”

Já o advogado João Cristiano não quis saber de ventilador menor que o potente Furacão de coluna para amenizar o calor no escritório que compartilha com dois colegas. “Para a gente, o negócio tem que ser mais bruto. Tínhamos um outro ventilador, mas ele estragou na pior hora”, brinca o advogado, que comprou o aparelho por R$ 195.

Jurandir Miranda, dono da Furacão Ventiladores, explica que as vendas voltaram a ter um desempenho positivo em fevereiro, especialmente nos dias depois do carnaval, após de um fim de ano arrebatador e um mês de janeiro com queda nas vendas, por conta das chuvas. “Em dezembro, vendemos cinco vezes mais do que o esperado, com base nos anos anteriores, e ficamos totalmente sem estoque. Agora estou preparado, tripliquei tanto a nossa produção quanto os pedidos em fornecedores”, garante o empresário, que contratou 12 funcionários para atender o aumento da demanda nesta estação.

Ar-condicionado

A bacharel em direito Thais Menezes, de 24, também não resistiu a um sorvete para aliviar o calor na região da Savassi, mas seu maior investimento foi a compra de um ar-condicionado portátil. “Achei que tinha um custo/benefício interessante, por ser móvel e por ser um aparelho que vou usar muito. A gente sabe que a tendência é de que a temperatura suba ainda mais nos próximos anos.”

De acordo com Wanderlei Bartassan Júnior, gerente de negócios da linha branca na Ricardo Eletro, apesar de o antigo modelo de ar-condicionado de janela ainda ser muito usado, um mais moderno, chamado Split – em que a instalação é mais simples, sem necessidade de quebrar parede, além de ser menos ruidoso e mais econômico –, tem feito sucesso. “Historicamente, temos picos de vendas em janelas de dois em dois ou três anos. Lembro que 2010 foi um ano excepcional de vendas dessa categoria, 2011 não apresentou o esperado e 2012 também não. A expectativa para este ano é boa e o ano começou demostrando isso, já com alguns aumentos de temperaturas importantes”, afirma Wanderley. A estimativa do mercado para este verão é de venda de 2,7 milhões de aparelhos do modelo Split, contra 582 mil do modelo janela.

 

Sem refresco

O calor em Belo Horizonte só deverá dar trégua no começo do próximo mês, de acordo com o meteorologista Ruibran dos Reis, do Climatempo. A capital está há mais de duas semanas sem chuvas e, segundo ele, as precipitações devem voltar a ocorrer a partir de 3 de março, quando o clima vai ficar mais ameno. “A temperatura está 3° acima do normal para esta época do ano. Nos próximos dias, a máxima deve se manter nos 31°.”



Novidades geladas são atração deste verão na capital


No setor de gelados, o verão de 2013 tem mostrado um tom mais sofisticado. Nos últimos dois anos, o mercado de sorvetes e frozen iogurtes percebeu uma maior inserção das classes C e D, enquanto as A e B passaram a demandar opções mais diferenciadas, desde picolés com chocolate belga aos chamados yogos de frutas do cerrado. A Associação Brasileira das Indústrias de Sorvetes (Abis) ainda está organizando os dados do mercado em 2012, mas, se o comportamento dos anos anteriores tiver se mantido, as notícias devem ser boas. O consumo de sorvete no país aumentou mais de 70% entre 2003 e 2011, passando de 685 milhões de litros para 1,16 bilhão.

Nesse cenário, Minas Gerais tem um papel importante para marcas com propostas diferenciadas. É o segundo estado em vendas, atrás apenas de São Paulo, em número de unidades da franquia Yogoothies, especializada em frozen iogurte. A maior presença está nas cidades do interior, que têm recebido novos shoppings – como Divinópolis, Uberlândia e Patos de Minas –, mas a primeira unidade na capital foi inaugurada recentemente, no Via Shopping, no Barreiro. A segunda deve ser aberta em breve, no Minas Shopping, e uma outra está em fase de negociações no Shopping Del Rey. O ponto forte da empresa, de acordo com o diretor Rychard Curcovezki, é o investimento em variedade.

Entre os sorvetes, a Diletto – marca gourmet que por enquanto conta com pontos de vendas apenas em Minas, num total de 160 – pretende desembarcar em Belo Horizonte no ano que vem, em lojas próprias que devem ser instaladas nos shoppings BH, Diamond e Pátio Savassi. Leandro Scabin, sócio da marca, explica que o foco está em expandir o varejo, tanto em lojas de rua quanto em shoppings, já que o modelo de negócio retrátil, com freezers colocados em diferentes estabelecimentos, já está bem consolidado. Somente no ano passado, a empresa cresceu 100% em relação a 2011. “Não temos uma franquia, as lojas são nossas e temos que ter um projeto bem estruturado para levá-las a outras cidades e gerenciá-las”, afirma Scabin, que manteve o espírito inovador do avô, o italiano Vittorio Scabin, que fazia picolés artesanais misturando frutas frescas e neve na década de 1920.


Enquanto isso, pé no freio para as compras


A disposição das famílias para o consumo subiu ligeiramente em fevereiro em relação a janeiro, mas recuou na comparação com o ano passado, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgados ontem. A Pesquisa Nacional de Intenção de Consumo das Famílias (ICF-Nacional) registrou índice de 135,6 pontos, 0,4% acima do verificado em janeiro, mas 3,8% abaixo de 2012. A pesquisa antecipa o comportamento das vendas no varejo, segundo a CNC. A entidade trabalha com a projeção de alta de 6,7% no comércio neste ano, contra 8,4% em 2012, informou Bruno Fernandes, economista da confederação. Endividamento e inflação devem ser os responsáveis pela queda no ritmo no consumo.


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