Quem também adotou um produtor e começa a colher os frutos da parceria é o chef Beto Haddad, do restaurante Bangkok, que apresentará em seu cardápio o prato teaw khan moo: pernil de porco em escalopes, acelga e repolho ao molho agridoce picante tailândes. A escolha da pimenta dedo-de-moça produzida quase artesanalmente pelos produtores rurais de Santana do Garambéu, na Região Central do estado, priorizou temperos sem agrotóxicos e a segurança da origem. “As pimentas e os pimentões têm muitos agrotóxicos por serem mais atacados por pássaros e pragas. Por isso, saber de onde vem esse produto é importante”, comenta.
Haddad lembra que a parceria deverá ultrapassar as portas do restaurante. Isso porque ele idealiza inaugurar uma mercearia oriental, na qual as pimentas produzidas pelos agricultores de Garambéu também poderão ser comercializadas. “Essa é uma maneira de preservar as nossas riquezas gastronômicas, mas também as receitas e os métodos de produção”, comenta. “Hoje notamos a migração dos jovens para os grandes centros e ninguém quer preservar essas informações. Portanto, o nosso trabalho evita que a cultura gastronômica seja perdida”, completa.
Para a assessora do Sindicato de Trabalhadores e Empregados Rurais de Barbacena e Região, Geni Sousa de Abreu Lima, que intermedia as negociações com o chef e os agricultores familiares, a plantação de pimenta surge como novidade em uma região conhecida pelo cultivo de mandioca, milho, feijão e arroz e pela produção de leite. Ainda de acordo com Geni, os agricultores que até então conviviam com um comércio difícil e limitado veem na parceria a chance de conquistar novos mercados. “Estamos no nosso primeiro plantio de pimentas e esperamos que a parceria abra novas portas”, conta. “Sabemos que eles estão em busca de produtos diferentes e temos muitos outros ingredientes para oferecer, como cará-de-corda e o ora-pro-nóbis”, adianta. (CM)