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Estado de Minas

Brasil está em rota de recessão técnica

Indicador do BC mostra queda de 0,3% no 3º trimestre e aponta retração no último. Agência eleva dívida soberana


postado em 18/11/2011 06:00 / atualizado em 18/11/2011 06:34

Desaceleração na indústria automotiva foi uma das responsáveis pelo fraco desempenho da economia brasileira na segunda metade de 2011(foto: Stúdio Cerri/Divulgação %u2013 13/10/10)
Desaceleração na indústria automotiva foi uma das responsáveis pelo fraco desempenho da economia brasileira na segunda metade de 2011 (foto: Stúdio Cerri/Divulgação %u2013 13/10/10)

Brasília - Mesmo com o governo alardeando que o país está protegido, o Brasil vem pagando a fatura da caos financeiro que afunda a Europa. No terceiro trimestre de 2011, a atividade econômica encolheu 0,3%, o que não ocorria desde o auge da crise, quando no início de 2009 perdeu 2,40% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país), segundo o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-BR), uma prévia do PIB. Para não repetir um desempenho negativo nos últimos meses do ano, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, decidiu bombar a economia com cortes na taxa básica de juros (Selic) e com medidas que impulsionam o crédito. Ainda assim, no mercado, a descrença em relação ao último trimestre do ano predomina e a perspectiva de uma recessão técnica começa a ganhar contornos de realidade.

No mercado futuro, a queda do PIB, captado pelo Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), foi vista como motivo para mais afrouxamento monetário e os principais contratos de juros derreteram, colocando mais uma vez no radar a possibilidade do BC reduzir a Selic em 0,75 ponto percentual no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom ), em 29 e 30. A preocupação dos analistas, entretanto, é que a retração do país, diferente do que desejava a equipe econômica, veio acompanhada por uma inflação que não cede. Além do ano que vai fechar com a carestia colada ao teto da meta, próxima de 6,5%, a perspectiva para 2012 e 2013 é de que essa taxa permaneça alta, acima de 5% ao ano.


Economistas que participaram da reunião trimestral que o Banco Central realiza com especialistas do mercado, alertaram a autoridade monetária para a preocupação com o custo de vida. “Ninguém está tranquilo com a inflação. Todo mundo que participou do encontro foi com a ideia de que realmente houve uma retração no terceiro trimestre, mas com todos os estímulos dados, se não houver uma ruptura, como na crise de 2008, a retomada da economia brasileira em 2012 vai ser vigorosa até demais”, ponderou um economista de um banco que participou do evento.


Já para Flávio Serrano, economista do Espírito Santo Investment Bank, o quadro é alarmante. “Estamos trocando um crescimento baixo, mas ligeiramente acima do que ele viria em condições normais, por inflação”, lamentou. Segundo ele, as medidas adotadas pelo BC nos últimos meses têm um tempo de defasagem e só serão sentidas na economia brasileira a partir do segundo trimestre de 2012. Zeina Latiff, economista do Royal Bank of Scotland, explicou que mesmo as medidas macroprudenciais do Banco Central, que no passado impulsionaram o PIB, agora foram aplicadas em um contexto muito pior. “Não quer dizer que vão ter o mesmo impacto positivo de antes. O processo de piora da economia mundial ainda não se consolidou”, disse.


Risco alto


Na visão de Zeina, o risco para o quarto trimestre do ano é grande. “A indústria continua a patinar. Não ousaria arriscar um número, mas hoje, podemos ao menos dizer que será um PIB que anda de lado, tanto para o último trimestre quanto para o primeiro de 2011”, observou a economista. O desempenho ruim do trimestre, pelos dados do IBC-BR, foram selados em agosto e setembro, no primeiro mês com uma queda de 0,53% e, no segundo, com uma expansão praticamente nula, de 0,02%. O fraco desempenho da indústria, sobretudo da automotiva, foi o principal responsável pela queda da atividade econômica do período. O comércio também deu sua contribuição, ao registrar um ritmo mais fraco de vendas em agosto e setembro.


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