Concorrência agora é para esvaziar pátio das montadoras

A alegria das montadoras de veículos e concessionárias está abalada. No lugar de acelerar a produção e pedir horas extras aos funcionários, as fábricas de automóveis anunciam férias coletivas e promovem feirões e promoções para tentar desovar os estoques. A Fiat vai dar 10 dias de férias coletivas a 2 mil trabalhadores a partir de segunda-feira. Segundo a montadora, a decisão é para "tentar ajustar o estoque", já que as vendas estão menos aquecidas do que o esperado. O presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, disse ontem que a montadora está com dificuldades para se adaptar à queda de vendas dos últimos meses. A empresa ainda não definiu, mas prevê a adoção de férias coletivas no fim do ano para também ajustar a produção e os estoques.

Ao mesmo tempo que promovem paralisações e cortam as horas extras, as montadoras fazem saldões e promoções para tentar esvaziar os pátios. Hoje e amanhã, a Fiat faz feirão na montadora. A Volkswagen também anuncia descontos (veja quadro). "Nossas vendas caíram cerca de 6% em setembro. O mercado retraiu em função do anúncio da crise e aumento de imposto para carro importado. Houve uma corrida atrás desses veículos", afirma Antônio João Teixeira, diretor da Mila, revendedora da Volkswagen.

Já a Ford lançou promoção para os meses de outubro e novembro. "Tivemos queda de cerca de 10% a 15% nas vendas na primeira semana deste mês. Com as promoções, esperamos ter um fim de semana mais aquecido", afirma Salvino Pires Sobrinho, diretor do Espaço Ford.

As revendas da General Motors estão com preços especiais a partir de hoje para os modelos Agile e Corsa Hatch, mas o desconto não foi divulgado. "Nunca vendi esses carros com preços tão baixos. Devido ao excesso de produção, as montadoras estão com descontos altos", diz Dálcio Amorim Carneiro, gerente de vendas da Líder BH, revendedora da GM.

PRESSÃO A Fiat opera hoje com quatro linhas de produção e total de 13,5 mil trabalhadores. As férias coletivas serão dadas para os funcionários do segundo turno da linha três. "Estamos em campanha salarial e a data-base é em outubro. As férias coletivas podem ser uma estratégia para diminuir a pressão por reajuste", observa João Alves de Almeida, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim. Na terça-feira, o sindicato faz reunião na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) para tentar negociar o reajuste salarial. "Queremos a reposição da inflação e 4% de aumento real", diz Almeida.

Os metalúrgicos da Renault do Brasil, em São José dos Pinhais (PR), vão receber aumento salarial real de até 20,19% entre 2011 e 2013, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba. Em relação à PLR e abonos, ficou acertado que os valores chegarão a R$ 61,5 mil. Os ganhos vultosos dos trabalhadores da Renault não interferem nas negociações na grande BH, segundo Almeida.