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Estado de Minas

Empresários temem fim do carro flex no Brasil

Preço do etanol pode fazer com que o consumidor opte pela gasolina


postado em 09/08/2011 06:00 / atualizado em 09/08/2011 11:58

São Paulo – Estamos próximos ao fim do carro flex? A resposta é sim, segundo especialistas participantes do 10º Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado ontem em São Paulo. O alto preço do etanol fará com que o consumidor opte pela gasolina. "Será um retrocesso", afirmou Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Segundo ele, nos próximos quatro anos o Brasil terá de importar etanol, pela falta de política de incentivo ao plantio de cana, que leva usineiros a produzirem açúcar em vez de álcool. E o país também terá de comprar gasolina, diante do limite da capacidade das refinarias do país e preço fixo para conter a inflação. "Para cada litro de gasolina que a Petrobras importa, ela perde R$ 0,30. No primeiro semestre, as perdas já somam R$ 4 bilhões", disse.

O presidente da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Marcos Jank, concorda com o fim do carro bicombustível, ou pelo menos com o fim de se optar pelo abastecimento do álccol. "Se não houver alteração no preço da gasolina, ou mudança na Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), ou redução de custo, não será vantagem consumir etanol", afirma.

Segundo levantamento do CBIE a venda de álcool hidratado foi de 3,2 bilhões de litros em 2003, ano em que o primeiro carro flex foi lançado. O baixo preço do combustível e a redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) quintuplicou o consumo em 2009, atingindo o pico de 16,5 bilhões de litros. Em 2010, os 15,1 bilhões de litros contabilizados deram início à trajetória de redução da compra do combustível.

Ainda de acordo com CBIE, enquanto a venda de álcool hidratado registrou crescimento anual de 12,6% entre 2000 e 2010; o consumo de gasolina apresentou variação de 2,8% por ano no mesmo período. Pires ressalta que, apenas no primeiro semestre de 2011, enquanto o PIB aumentou 4%, as vendas de gasolina já cresceram 10%. "Esse crescimento absurdo do preço da gasolina está sendo provocado por uma manutenção artificial do preço. O valor fixo da gasolina em R$ 1,05 por litro na refinaria desde 2009 impede a concorrência com o etanol", disse.

Quase 100%

Os números da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea) mostram a expectativa do mercado em relação ao etanol. O Brasil licenciou 1,6 milhão de carros flex de janeiro a agosto deste ano, ante 205 mil veículos abastecidos somente por gasolina. José Goldenberg, professor da USP, defende que o estímulo à produção do álcool é fundamental. "É um combustível que atende a exigências ambientais de todo o mundo. Hoje, o mercado mundial é de 1,2 trilhão de litros. O Brasil contribui com 2% desse mercado. Poderia chegar a 10%", diz. Ele destacou ainda que o governo precisa definir com clareza uma política para os biocombustíveis.

A repórter viajou a convite da Abag


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