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Estado de Minas AEROPORTO DA PAMPULHA

Companhias esperam decisão da Anac para operar com aeronaves de grande porte no terminal


postado em 03/08/2011 18:39 / atualizado em 03/08/2011 20:30

(foto: Cristina Horta/EM/D.A PRESS)
(foto: Cristina Horta/EM/D.A PRESS)
O setor da aviação em Minas mantém uma polêmica há quatro anos, quando o Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, foi fechado para voos com aeronaves com capacidade acima de 50 assentos. Na prática, o aeroporto está nessa situação até hoje. Com a limitação, grandes companhias aéreas concentraram suas operações no Aeroporto Internacional Tancredo Neves (AITN), em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), dividindo a opinião da população entre a comodidade de um aeroporto distante apenas oito quilômetros do centro da cidade, porém insuportavelmente abarrotado, e a viagem de 40 km até um aeroporto em outro município, que apesar de bem mais distante, oferece mais conforto e segurança aos usuários.

 O terminal da capital já passava por grandes problemas, desde o fechamento por questões meteorológicas até alagamentos em períodos de chuvas enquanto o Aeroporto de Confins estava praticamente deserto. Em 2005, os voos foram transferidos para o terminal de Confins de forma parcial, dois anos depois a mudança foi concluída, deixando Pampulha apenas para aviação geral e voos comerciais regionais. Nesse ano, passaram quase 1,3 milhões de passageiros pelo terminal, em 2009 foram pouco menos de 600 mil usuários. No ano passado, a portaria de 2007 que limitava as operações foi derrubada, deixando o aeroporto livre para voos com aeronaves maiores, ainda assim dependendo da aprovação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). A agência reguladora estuda caso a caso enquanto o estudo de capacidade do aeroporto não fica pronto.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Anac informou que o estudo - que determinará os moldes em que serão realizadas as operações na Pampulha - ainda não foi concluído por depender de outros órgãos que também avaliam os impactos dessas operações. A agência também disse que se dependesse apenas dela, o estudo já estaria pronto.


Abertura não chama atenção das empresas

O Aeroporto da Pampulha já chamou mais a atenção das empresas, principalmente nos anos seguintes ao seu fechamento para aeronaves de capacidade superior a 50 assentos. Analisando os pedidos de operações na Pampulha para a Anac, observa-se a baixa procura. Não há nenhuma solicitação de novo voo com aeronave de médio-grande porte.

A Trip possui autorização para pouso com o ATR-72 (68 assentos) apenas para manutenção, mas na prática os aviões de maior capacidade decolavam levando passageiros. Foi identificado o uso desse tipo de equipamento em uma das frequências para Uberaba, no Triângulo Mineiro. A Anac autuou a companhia, que poderá recorrer. Se perder o recurso, a multa aplicada à Trip pode ser de R$ 4 mil a R$ 10 mil. A agência disse que nada impede a Trip de solicitar autorização para substituir o equipamento por outro maior. Nossa reportagem entrou em contato com a Trip, que confirmou o interesse em operar na Pampulha com o turbopropulsor ATR-72. Em nota, a empresa afirmou que essas aeronaves são as mais adequadas para os voos que ela opera a partir da Pampulha. Em relação aos jatos Embraer 175 e 190, usados nas rotas em Confins, a Trip informou que também tem intenção de operá-los na Pampulha, mas ainda sem previsão.

A TAM, que atualmente vende bilhetes a partir do Aeroporto da Pampulha em voos compartilhados e operados pela Trip para diversos destinos, explicou que a companhia mantém o interesse em voltar a operar no terminal, mas aguarda a posição definitiva da Anac para fazer a solicitação oficial de voos à agência. Por questões estratégicas de mercado, a TAM não informou as rotas que pretende operar na Pampulha.

Quando anunciou a pretensão em voar para Belo Horizonte, a Azul Linhas Aéreas queria explorar Pampulha com seus jatos Embraer, inclusive o voo de apresentação da empresa aconteceu no terminal da capital. Hoje, a Azul estabeleceu seu segundo hub (centro de distribuição de voos) no Aeroporto de Confins e informou, por meio de sua assessoria, que não pensa em nenhuma operação na Pampulha e que seus investimentos na RMBH estão voltados apenas para o AITN.

A Gol também foi procurada por nossa reportagem, mas informou que a companhia está em silêncio que antecede a divulgação dos resultados trimestrais e, por isso, não pode comentar o assunto no momento. A Avianca também não se manifestou até o fechamento da edição.

A Passaredo, que opera diariamente voos para Ribeirão Preto (SP), solicitou à Anac voos diários e diretos para Salvador. A agência informou que a companhia fez o pedido mantendo o mesmo equipamento já usado – Embraer ERJ-145, com 50 lugares – e que a análise para a autorização não é a mesma para as empresas que pedem voos com aeronaves maiores. A Anac disse que a empresa estará autorizada a iniciar as operações para Salvador em duas semanas. A Passaredo informou que, mesmo com a autorização, não vai explorar a rota por enquanto. A assessoria de imprensa da companhia disse em nota que, pela restrição em pedir aumento de frequências, não há como planejar novas rotas, mas que certamente haverá um incremento em suas operações no aeroporto. Essa manobra seria apenas para garantir mais um slot para a empresa na Pampulha.


Obras de R$ 30 milhões começam esse ano

O aeroporto da Pampulha vai iniciar neste ano um processo de reformas que vão demandar R$ 30 milhões. As obras, previstas para começar no segundo semestre, devem ficar prontas até o final de 2012. Entre as mudanças estão a substituição da esteira de bagagem, reforma do pavimento do pátio norte, que tem área de 56 mil metros quadrados e a implantação de nova torre de controle, para ampliar a visibilidade da pista. “Não estamos fazendo a reforma para ampliar a capacidade do terminal de passageiros. Nosso objetivo é melhorar as condições do aeroporto, que não tem obras importantes há muito tempo”, afirma Mario Jorge Fernandes de Oliveira, superintendente regional na Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).

A pista de pouso e decolagem da Pampulha, que mede 2,54 mil metros, também deve ser reduzida em 100 metros. A medida deve ser a solução mais viável para que o aeroporto possa operar as aeronaves por aproximação e por instrumentos – quando a visibilidade está ruim – tecnologia que permite ao avião pousar sem as condições ideais de visualização da pista. 


O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) fez recentemente alerta à Prefeitura de Belo Horizonte, ao governo de Minas e à Infraero sobre os riscos de o aeroporto deixar de operar com voos de aviação regular. No documento, o Decea informou que até 15 de março de 2012 o aeroporto da Pampulha terá de retirar cerca de 43 obstáculos da vizinhança que impedem que seja feita a operação das aeronaves por aproximação e por instrumentos.
As novas regras da Organização de Aviação Civil Internacional (Oaci) determinam que todos os aeroportos que operarem por regras de voo por instrumentos devem estar livres de obstáculos que interferem na fase de voo da aeronave. “Em função do grande número de obstáculos, o Decea está refazendo os estudos. Há igrejas, casas, um bairro inteiro. Não dá para retirar tudo das proximidades do aeroporto”, afirma Hélio Machado, gerente regional de navegação aérea da Infrero.
Em março, a polêmica ao redor do aumento dos voos na Pampulha voltou à tona. O vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto Carvalho, foi à Brasília pedir a transferência de alguns voos  de Confins, para a Pampulha.

Para Antônio do Nascimento, colunista de aviação do Caderno Vrum, do Estado de Minas, o Aeroporto da Pampulha é seguro para operar aeronaves do porte do Boeing 737, por exemplo, mas o problema maior está na estrutura de atendimento. “A sala de embarque é minúscula, se acontecer um incêndio as pessoas podem morrer até pisoteadas”, explica o especialista, que defende o uso do terminal para aeronaves de no máximo 120 passageiros, com horários espaçados entre cada pouso, para não tumultuar as salas de embarque e desembarque. “Pampulha sempre teve a vocação de fazer ligações entre as capitais do Sudeste e cidades do interior, mas as empresas extrapolaram, deixando o aeroporto insuportável”, comenta.

Com informações de Geórgea Choucair

Foto de 2004 mostra operação de aeronaves Airbus e Boeing 737. Um ano depois, estes voos começaram a ser transferidos para Confins(foto: Sidney Lopes/EM/D.A PRESS)
Foto de 2004 mostra operação de aeronaves Airbus e Boeing 737. Um ano depois, estes voos começaram a ser transferidos para Confins (foto: Sidney Lopes/EM/D.A PRESS)

 


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