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Estado de Minas

Polo eletrônico em Minas se prepara para exportar

Vale da Eletrônica, no Sul do estado, inicia comemorações para celebrar os 25 anos do polo que se tornou referência mundial na indústria do setor. Exportação é o alvo da vez


postado em 23/07/2011 06:00 / atualizado em 23/07/2011 07:23

 

Santa Rita do Sapucaí – Se é verdade que as montanhas de Minas limitam, em alguma medida, os pensamentos da nossa gente, Santa Rita do Sapucaí, a 420 quilômetros de Belo Horizonte, no Sul do estado, é exceção. Da cabeça visionária de Dona Sinhá Moreira, que criou na cidade a primeira escola técnica de eletrônica da América Latina, nos anos 1970, passando pela sacada criativa da incorporação do nome de Vale da Eletrônica na década de 1980, aos inovadores projetos desenvolvidos nas 142 fábricas que transformaram essas margens do Sapucaí. Do antigo polo cafeeiro, resta a paisagem bucólica. Do interior das fábricas de alta tecnologia, salta R$ 1,5 bilhão de faturamento anual. Exportar cada vez mais é prerrogativa para garantir o crescimento previsto de 26%.

Referência mundial na indústria tecnológica, o polo iniciou nessa sexta-feira as comemorações dos 25 anos da marca Vale da Eletrônica. A ideia, inspirada no Vale do Silício norte-americano, na Califórnia, culminou no arranjo produtivo local que hoje surpreende pelo estágio avançado de parcerias entre as empresas, com foco no aumento da competitividade, e também as instituições de ensino, com impressionantes inovações. As perspectivas são ambiciosas, segundo Roberto de Souza Pinto, presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Eletroeletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica: "Provamos nos anos 1980 que era possível desenvolver tecnologia própria aqui. Hoje temos condição de ser polo fabricante de semicondutores".

Gigantes

O segmento é inexistente no Brasil e as gigantes de tecnologia, como as que irão montar os tablets, computadores sensação do momento, precisam importar esses insumos – embora tenham que, aos poucos, aumentar a porcentagem de componentes nacionais para usufruir de benefícios fiscais. Souza Pinto admite, contudo, que, para captar os bilhões de investimentos necessários, o poder público teria de marcar mais presença. O secretário de Desenvolvimento Regional e Urbano de Minas, Olavo Bilac Pinto Neto, diz que o estado está atento à demora para implantação de fábricas como a que a taiwanesa Foxconn, montadora do iPad da Apple, anunciou em Jundiaí, em São Paulo: "O secretário Nárcio Rodrigues (Ciência e Tecnologia) levou a questão à presidente Dilma. Este aqui é certamente um espaço ideal para uma indústria dessas". A Foxconn tem unidade de produção em Santa Rita chamada Phoenix. A demanda pela produção dos novos computadores de mão certamente não se encerra com uma ou duas fábricas, na opinião do secretário.

Na prática, a clusterização é essencial à vida de muitas empresas, como a JFL, de alarmes e segurança eletrônica, como explica Paulo Roberto Leite , supervisor de montagem em superfícies tecnológicas. "Produzimos o coração dos nossos produtos. Essas placas são complementadas em outras três empresas parceiras na região e voltam para ser finalizadas aqui". A empresa tem 40% de participação no segmento e o faturamento este ano deve chegar a R$ 2 bilhões, ante o R$ 1,68 bilhão registrado em 2010.

Memória
Dona Sinhá Moreira pensou grande

A semente inicial do Vale foi plantada por dona Luiza Rennó Moreira, conhecida como Sinhá Moreira. Depois de conhecer o mundo na companhia do marido embaixador, ela voltou para as margens do Sapucaí com a ideia de criar a pioneira Escola Técnica de Eletrônica, que daria origem, mais tarde, às primeiras empresas tecnológicas da região, Leucotron e Linear. As duas companhias têm faturamento previsto para este ano de R$ 38 milhões e R$ 60 milhões, respectivamente. Do faturamento da Linear, 15% correspondem às exportações. Dona Sinhá Moreira pensou grande e começou da base – da formação dos profissionais que viriam frutificar o Vale, em vez de sementes de café, com transistores e circuitos. Nos dizeres de Raquel de Queiroz, na edição de 14 de março de 1959 da revista O Cruzeiro, "Dona Sinhá Moreira dá um lindo quinau nos nossos ricaços de vistas curtas, que cuidam de servir o dinheiro para luxos de novo-rico".


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