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Estado de Minas

Portugueses expressam indignação por rebaixamento de nota


postado em 06/07/2011 14:50 / atualizado em 06/07/2011 14:56

A decisão da agência de classificação de risco Moody's de rebaixar a nota de Portugal à categoria de investimento "especulativo" deixou os portugueses indignados, em um país que acaba de começar a aplicar o plano de ajuste com a ajuda financeira de UE e FMI. A Moody's, que reduziu em quatro degraus a nota da dívida de Portugal no longo prazo (para Ba2), considera que o país poderá necessitar de um segundo plano de ajuda antes de poder voltar a recorrer aos mercados.

"Insultante", "irracional", "ilógico", "indecente", "imoral", "criminoso". Adjetivos que deixam evidente a indignação da imprensa portuguesa, que não poupou críticas à Moody's, por ser a "primeira agência em atribuir uma nota de 'lixo' a Portugal", situando o país na mesma categoria da Grécia. Essa nota representa um novo golpe para a economia portuguesa, que entrou em recessão no primeiro trimestre do ano com uma queda do PIB de 0,7%.

"Os bancos e as empresas vão ter mais problemas para se financiar devido à crescente pressão sobre o crescimento", explicou à AFP a analista Cristina Casalinho do banco BPI. "Isso vai tornar ainda mais difícil um caminho já árduo", estimou Antonio Costa, diretor do Diário Econômico.

"As privatizações serão ainda mais difíceis de serem concretizadas a um preço decente, os investidores vão fugir da Bolsa de Lisboa e o acesso das empresas a financiamento vai ser insuportável", completou.

Terceiro país da zona do euro a solicitar ajuda externa depois de Grécia e Irlanda no ano passado, Portugal comprometeu-se diante da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) a aplicar um rígido plano de ajuste e reformas em três anos, em troca de um crédito de 78 bilhões de euros.

Depois das eleições antecipadas de 5 de junho passado, o novo governo de coalizão de direita quis deixar evidente sua determinação para sanar rapidamente as finanças públicas com um programa "mais ambicioso" que o plano de ajuda internacional para reduzir o déficit público de 9,1% do PIB em 2010 para 5,9% este ano e 3% em 2013.

Entre as novas medidas, o novo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou mais privatizações no setor de energia, uma reestruturação de empresas públicas e a criação de um imposto especial sobre a renda. "A decisão da Moody's não leva em conta o amplo consenso político" que apoia o programa do governo, que dispõe de uma confortável maioria no Parlamento, lamentou o Ministério das Finanças português.

Para Kornelius Purps e Tullia Bucco, dois analistas do banco Unicredit contatados pela AFP, Portugal padece das consequências dos "temores de um risco de contágio da Grécia", que acaba de evitar a bancarrota graças à adoção de um plano de austeridade e de privatizações apesar da oposição da população.

A decisão da Moody's suscitou uma forte reação do presidente da Comissão Europeia, José Durão Barroso, que estima que poderá agravar a crise da dívida na zona do euro. Há de "romper o oligopólio" das agências de classificação, propôs o ministro das Finanças, Wolfgang Sch€ublele. As principais bolsas europeias, com a de Lisboa na liderança (-3,03%), fecharam o pregão desta quarta-feira no vermelho, castigadas pela situação portuguesa.


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