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Estado de Minas

Cenário externo pode frear juros no Brasil


postado em 24/06/2011 07:06

A estratégia do Banco Central (BC), comandado por Alexandre Tombini, de manter um ciclo de aumento da taxa básica de juros (Selic) foi colocada em xeque pelo temor de que o mundo esteja em franca desaceleração. Entre os analistas, ganha força o argumento de que a autoridade monetária subestimou o cenário externo e que, agora, tenha de encerrar o ajuste na Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 19 e 20 de julho, sem promover um novo aperto. A expectativa de que os Estados Unidos cresçam menos que o esperado, a ameaça de a crise na Grécia se espalhar pela Europa e a expansão da China em ritmo lento podem contaminar também o Brasil e impor um freio além do desejado ao país.

Em relatório recente, o Itaú Unibanco listou os fatores que podem influenciar o BC a encerrar o ciclo de aperto monetário mais cedo. Na visão do banco, a recente melhora no comportamento das expectativas de inflação – que por sete semanas seguidas recuaram –, o arrefecimento da demanda doméstica e a piora da economia global reduziram sensivelmente os riscos inflacionários. Na quarta-feira, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Ben Bernanke, jogou mais água fria sobre a economia mundial.

Ele admitiu que os Estados Unidos estão crescendo em ritmo menor que o esperado e reduziu sua previsão de expansão para o país de 3,3% para 2,7%. Ao mesmo tempo, elevou as projeções de inflação e de desemprego. Bernanke ainda frustrou o mercado, que esperava o anúncio de uma nova injeção de recursos na economia. O reflexo das palavras do presidente do Fed bateu diretamente no mercado financeiro e nas commodities (produtos básicos com cotação internacional), que derreteram na quinta-feira. O petróleo, por exemplo, caiu 5,52% em Londres e 3,30% em Nova York.

Fôlego

Carlos Thadeu de Freitas Gomes Filho, economista da Franklin Templeton Investimentos, explica que o Brasil está subindo juros em meio a um cenário de piora externa. Para ele, o BC minimizou os dados que evidenciam a desaceleração mundial na ata da última reunião do Copom, quando elevou a Selic de 12% ao ano para 12,25%. "O BC está dando aumento de juros pensando em um cenário que já passou", avalia. "A economia vai perder fôlego e, daqui para a frente, a autoridade monetária vai contar com um mundo que cresce menos. Por isso, deve dar uma parada na elevação de juros para avaliar o cenário", acrescenta Freitas.

Zeina Latif, economista sênior para a América Latina do Royal Bank of Scotland, não bate martelo sobre a estratégia do BC. Ela pondera, porém, que todos esses fatores facilitam o trabalho da instituição no combate à inflação e podem abrir espaço para uma mudança de direção. "O que importa é o efeito da desaceleração sobre os preços das commodities, que têm influência sobre os alimentos e a inflação", argumenta.

Para o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, com a queda dos preços das commodities e o arrefecimento da economia mundial, a possibilidade de o BC encerrar o ciclo de aperto monetário ganha força. "A divulgação dos números de inflação nos próximos meses também poderá fazer com que o Copom reavalie o balanço de riscos e decida por não elevar a taxa Selic na próxima reunião", afirmou em relatório.


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