O interessado em comprar imóvel novo de até R$ 250 mil em Belo Horizonte vai ter dificuldade. A oferta e as vendas estão em baixa. De janeiro a abril foram comercializados um total de 1.529 apartamentos na capital, queda de 25% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram vendidas 2.039 unidades. A queda foi puxada principalmente pelas vendas menores de imóveis de valor mais baixo (até R$ 250 mil), que recuaram 51,41% no período. O volume de unidades comercializadas no período caiu de 1.064 para 517, segundo levantamento divulgado nessa terça-feira pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
O número total de unidades lançadas caiu de 2.421 no primeiro quadrimestre de 2010 para 2.041 no mesmo período deste ano. A velocidade de vendas também caiu, de 24,13% para 18,61%. Já os preços dos apartamentos acumularam alta de 3,16% no período e de 12,62% nos últimos doze meses (até abril). “Todas as variáveis da construção tiveram alta. Os preços do terreno, dos insumos e da mão de obra subiram. Com isso, o valor das unidades também cresceu, embora de forma mais calma. Não deveremos ter aquele aumento vertiginoso, mas os preços vão continuar a subir”, observa Campos.
A economista Ieda Maria Pereira Vasconcelos, assessora econômica do Sinduscon, observa que o ano de 2010 foi atípico, com recorde de vendas e lançamentos. “A base de comparação é forte. Vale lembrar ainda que 2009 foi um ano de crise. Mas ainda estamos com resultados acima da média histórica neste ano”, diz. De 2005 a 2010, o número médio de unidades vendidas somou 1.024 ao ano, e o de lançamentos, 1.049. “No ano passado, o cenário estava mais positivo, agora o mercado imobiliário tende a uma acomodação”, diz Daniel Ítalo Richard Furletti, coordenador sindical do Sinduscon.
Oferta
A maior parte das unidades disponíveis para venda em Belo Horizonte está hoje no Bairro Buritis (854), que concentrou 38,47% da oferta em Belo Horizonte, segundo a pesquisa. Em seguida vem o Bairro Funcionários (206), Gutierrez (139) e Castelo (123).
O casal Bruno Frederik Souza Batista e Camila Manuele Ribeiro mora de aluguel há um ano. Bruno é funcionário público e o único que trabalha na casa. Ele tem renda de R$ 1,7 mil. Neste ano, ele foi ao Feirão da Caixa Econômica Federal à procura de um imóvel de até R$ 120 mil. “Encontrei nessa faixa de preço só em Santa Luzia e Vespasiano. Em Belo Horizonte é muito mais caro, não enquadra na minha faixa de renda”, diz. Batista ainda não fechou a compra do imóvel. Ele conta que pode pagar uma prestação máxima de R$ 600. “Achei um por R$ 106 mil em Santa Luzia. Mas estou negociando com a Caixa. Eu quero que eles aceitem a minha renda do contracheque e o valor do tíquete refeição para fechar a compra”, afirma.