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Estado de Minas

Mineiro troca negócio próprio por emprego


postado em 07/03/2011 06:50 / atualizado em 07/03/2011 07:49

Para especialistas, sonho da carteira ainda supera desejo de empreender(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Para especialistas, sonho da carteira ainda supera desejo de empreender (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Para quem leva a vida por conta própria, o desejo de ter sucesso no competitivo mundo dos negócios pode ser grande, mas não a ponto de resistir à sedução do grande sonho de consumo do brasileiro: ter a carteira assinada. Com a ampliação do emprego formal, que no ano passado abriu o recorde de 2,5 milhões de postos de trabalho no país, muitos brasileiros, mineiros incluídos, fecharam as portas de micronegócios, informais ou já regularizados, para festejar o carimbo azul na carteira de trabalho. Em todo o país, o chamado empreendedorismo por necessidade caiu no ano passado. Em Minas, a participação na economia dos micronegócios com até cinco funcionários também diminuiu, assim como o trabalho por conta própria.

No ano passado, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o trabalho informal, ou por conta própria, chegou ao menor nível desde 1996 , atingindo 13,1% de todos os ocupados. O percentual somou 314 mil pessoas, três mil a menos que em 2009, segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED/Dieese). “Os informais se empregaram”, comenta Mário Rodarte, professor de economia da UFMG e ex-coordenador da PED. Outro termômetro que mostra a migração de candidatos a empresários para o emprego “fichado” é a queda da empregabilidade nos negócios com até cinco funcionários. Só nesta modalidade, o percentual de postos com carteira assinada caiu,. Em todas as outras categorias (acima de cinco funcionários) houve crescimento, sendo que a maior expansão é percebida nas médias empresas.

Em 2009, 13,3% dos assalariados eram empregados em negócios pequenos, com até cinco funcionários. No ano passado, o percentual encolheu para 11,4%. Para Rodarte, os números sugerem que, além dos informais, muitos microempreendedores regularizados migraram para o emprego formal.

Caminho mais rápido

Dados da pesquisa internacional Gem, que faz um retrato do empreendedorismo no Brasil, mostra que no ano passado, a cada 10 empresas abertas no país, quatro eram motivadas pela necessidade – quando o trabalho por conta própria é a única chance de conseguir renda – e seis pela oportunidade. Há cinco anos havia um movimento contrário. Diante da necessidade de ter uma renda, a carteira assinada se tornou um caminho mais rápido. “O grande símbolo da nova classe média brasileira não é nem o poder de consumo nem o carro novo, é a carteira de trabalho”, avalia Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais, vinculado ao Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas. Para ele, o sonho da carteira na classe média supera o desejo do microempreendedorismo.

A última pesquisa Gem revela que a taxa de empreendedores por oportunidade – quando há preparação antes da abertura de negócio e viabilidade econômica – ficou praticamente estável no país: 0,9% entre 2001 e 2009. No ano passado, o índice deu um salto, foi de 9,4%, quase 60% maior do que os 5,9% que o fizeram por necessidade. Segundo o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto, atualmente, a maioria dos negócios que se iniciam no país é aberto com foco na oportunidade, o que reflete uma mudança no perfil nacional em época de crescimento do emprego. “Durante muito tempo no Brasil, uma parte do empreendedorismo foi feito em função da necessidade e não da oportunidade. Entre os anos 90 e o início dos anos 2000, o mercado formal de trabalho estava reprimido. A alternativa para conseguir renda era ter um pequeno negócio, ser ambulante, criar algum mecanismo de geração de renda e emprego, diferentemente do que ocorre hoje”, avalia Barretto.


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