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Estado de Minas

Entenda o que está em jogo na reunião do G20


postado em 14/11/2008 14:33 / atualizado em 08/01/2010 04:04


Líderes de países ricos e emergentes, que formam o G20, reúnem-se em Washington neste sábado. O encontro foi marcado para discutir a crise financeira, mas acabou ganhando uma projeção ainda maior. Alguns países, sobretudo europeus e emergentes, querem aproveitar o momento para sugerir mudanças mais profundas e de longo prazo no sistema financeiro mundial. Já os Estados Unidos afirmam que não é necessário reinventar o sistema, mas apenas "consertá-lo".

*O que é o G20*
Também conhecido como "G20 financeiro", trata-se de um grupo de 20 países criado formalmente em 1999, logo após as crises asiática e russa. Seu objetivo era avaliar as razões da turbulência financeira do final dos anos 90, além de discutir ações de longo prazo que pudessem evitar novas crises.

Nos anos seguintes, porém, a economia mundial reconquistou a estabilidade e o G20 passou a incorporar outros temas globais a sua agenda, tais como mudança climática e as conseqüências do crescimento demográfico para a economia.

*Qual a relação entre o G20 financeiro e o G20 que discute o comércio internacional?*

Apesar de alguns países fazerem parte dos dois grupos (como o Brasil), não existe qualquer relação entre eles.

O G20 de países em desenvolvimento é uma união informal, instituída em 2003 durante negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) e cujo objetivo é combater os subsídios agrícolas utilizados por países ricos.

*Quem faz parte do G20?*
Os principais países ricos (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Canadá, Itália, Rússia, além da União Européia) e os principais emergentes (China, Índia, Brasil, África do Sul, Arábia Saudita, México, Argentina, Austrália, Indonésia e Coréia do Sul).

Nos encontros oficiais, os países são representados pelos ministros da Economia e pelos presidentes de bancos centrais. O último encontro foi realizado em São Paulo, entre os dias 7 e 9 de novembro.

O Brasil está na presidência do grupo, que funciona em regime rotativo. Em 2009, a presidência estará com o Reino Unido.

*Com que objetivo a reunião de Washington foi marcada?*

Diante do agravamento da crise financeira, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, sugeriu que o G20 se reunisse para discutir possíveis mudanças no atual sistema financeiro. Por isso a reunião acontece em Washington.

A reunião deste sábado, dia 15, acontece em caráter excepcional, em função da crise financeira. Essa é a primeira vez que os países serão representados por chefes de Estado.

*O que estará na pauta da reunião?*
Não existe uma pauta conjunta, mas alguns temas já foram apresentados na última reunião, em São Paulo, e devem voltar à mesa. Entre eles estão a reforma do Fundo Monetário Internacional (FM(), a criação de mecanismos que dêem maior transparência a aplicações de alto risco e a criação de um organismo internacional para supervisionar o sistema bancário.

*O G20 tem poderes para instituir uma nova arquitetura financeira global?*
Não. O que o grupo faz é discutir e sugerir práticas que consideram apropriadas para o manejo do sistema financeiro mundial.

Os países têm a soberania para decidir se adotam ou não tais procedimentos. Além disso, muitas vezes os países precisam submeter sugestões de mudanças ao seu Poder Legislativo, o que torna o processo mais complexo.

A política de sugestão de boas práticas é adotada também por outros organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a OMC.

Essas instituições não têm poder para decidir que conduta política ou econômica será adotada em cada país, tampouco o de penalizar aqueles que não as adotarem --mas ainda assim, a maioria segue as mesmas regras.

"Se os países vão adotar ou não certas práticas depende muito da legitimidade do sistema", diz o historiador americano John Steele Gordon.

Segundo ele, como as falhas do atual se sistema estão à mostra, cria-se uma situação favorável a mudanças no sistema.

"A situação é propícia, mas isso não quer dizer que seja um processo fácil", diz.

*Existe consenso entre os países sobre que medidas adotar?*

Não. Esse é, inclusive, um dos principais desafios do G20 para essa reunião. Enquanto os europeus e os países emergentes, como o Brasil, vêm demonstrando interesse em uma reforma mais ampla do sistema, os Estados Unidos defendem mudanças mais sutis.

Em discurso na quinta-feira, o presidente George W. Bush disse que é preciso aprimorar as práticas do sistema financeiro, mas alertou para o perigo de uma "super-regulação".

*O que está na agenda brasileira?*
Uma das principais demandas do governo brasileiro é a ampliação do papel dos países emergentes no FMI. Além disso, o Brasil defende que os organismos financeiros internacionais adotem políticas de prevenção a crises.

*Qual será o resultado prático dessa reunião?*
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse não esperar grandes resultados do encontro, "que seria apenas o começo".

De fato, caso algumas medidas sejam sugeridas no sábado, elas deverão passar ainda por um longo processo de análise. O presidente da França, Nicolas Sarzoky, já sugeriu um novo encontro, para daqui a cem dias.

O fato de o presidente Bush estar em fim de mandato também reduz as possibilidades de que medidas mais significativas sejam adotadas ou mesmo discutidas.

*Por que essa reunião vem sendo chamada de "novo Bretton Woods"?*
É uma comparação à reunião que aconteceu em julho de 1944, em Bretton Woods, New Hamphire (EUA), e que instituiu uma nova ordem econômica mundial.

Naquela época, havia um certo consenso de que a desordem financeira mundial, que culminou na Grande Depressão (1929), foi uma das principais causas da Segunda Guerra.

Para tratar de possíveis desequilíbrios econômicos e financeiros entre os países, algumas instituições foram criadas, entre elas o FMI e o Banco Mundial.

Na avaliação de Gordon, comparar os dois períodos "é definitivamente um exagero". Segundo o historiador, há interesses políticos, sobretudo da União Européia, em ganhar espaço nas relações internacionais.

"No final, aquilo que era da esfera econômica sempre acaba em política", diz.


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