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Estado de Minas

Pratos de cerâmica e receitas primorosas movimentam mais de R$ 3 milhões ao ano


09/11/2008 10:28 - atualizado 08/01/2010 04:04

 'Já estou sem espaço para colocar novos pratos na parede' - Marcelo Orsini Salomé, médico
"Já estou sem espaço para colocar novos pratos na parede" - Marcelo Orsini Salomé, médico (foto: Jorge Gontijo/EM/D.A Press )
O tempero é feito com ingredientes sofisticados. Trufas, camarões, carnes maturadas, alcachofras, frutos do mar, entre outras iguarias da alta gastronomia, são retratadas em pratos exclusivos pintados à mão. A combinação da culinária com a arte resultou em uma receita de deixar os amantes da boa mesa com água na boca. Está aí a razão do sucesso da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança, que congrega 93 dos chefs de cozinha mais criativos do país. A simples participação no seleto grupo já é chamariz para uma clientela exigente e alucinada por experimentar os pratos mais diferenciados.

A expectativa é de que até o fim do ano sejam vendidos entre 95 mil e 100 mil pratos da boa lembrança no país. O crescimento deve ficar entre 7% e 12% frente ao resultado de 2007. E até 31 de dezembro a movimentação financeira dos restaurantes com essas opções de destaque em seus cardápios deve ultrapassar os R$ 3 milhões. A escolha de um dos pratos (sempre individual) para o almoço ou jantar representa o desembolso de valores que vão de R$ 30 a mais de R$ 100. “A média dos preços fica próxima dos R$ 60. Tudo depende da receita e dos ingredientes escolhidos pelos chefs”, explica o assessor da presidência e contador da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança (ARBL), Luciano Roberto Silva.

 Troco sempre. Vira compromisso. Tenho amigos do Rio e São Paulo que são colecionadores. Mando religiosamente e eles fazem o mesmo - Patrick Feibelmann, administrador de empresas
Troco sempre. Vira compromisso. Tenho amigos do Rio e São Paulo que são colecionadores. Mando religiosamente e eles fazem o mesmo - Patrick Feibelmann, administrador de empresas (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press )


Segundo ele, as vendas são crescentes porque, além do interesse da clientela – sempre em evolução –, aumenta o número de restaurantes associados. “Entraram sete sócios este ano. E os clientes se encantam porque a receita do prato e o brinde em cerâmica, oferecido para ser lembrança de uma agradável experiência, são vistos como surpresas”, observa Silva. Ele conta que a instituição foi criada em 1994, por iniciativa do chef Dânio Braga, do Locanda della Mimosa, de Petrópolis (RJ). A inspiração veio da Itália. No início, eram apenas 14 restaurantes. Hoje são 9
3, espalhados por 16 estados e Distrito Federal.

O Rio de Janeiro tem o maior número de associados, com 22 participantes. São Paulo fica na segunda colocação, com 14, e é seguido de perto por Minas Gerais e Pernambuco, ambos com 11 sócios. O restaurante que mais vende os pratos da boa lembrança é o Beijupirá, de Porto de Galinhas (PE), com até 8 mil unidades por ano. Em Minas, o campeão é A Favorita, com cerca de 2 mil pratos vendidos anualmente. Para ser sócio, o restaurante passa por seleção criteriosa, paga uma jóia social de R$ 2 mil e mensalidade de R$ 160. As desistências são raras. As receitas são elaboradas anualmente e enviadas para a associação que as encaminha para a Cerâmica Bric (Van Erwen), de Itaipava. A sócia da empresa e artista plástica responsável pela criação das imagens que ilustram os pratos, Olga Maria de Salles Guerra, conta que nesses 14 anos já desenvolveu mais de mil gravuras para a ARBL. “Hoje a cerâmica só trabalha com a boa lembrança”, conta. A empresa tem 15 funcionários, entre os quais estão as pintoras, que dão cores às peças. A pintura é feita à mão. Por isso, cada prato é exclusivo. “Praticamente não existem iguais”, garante Olga, que tem como sócio seu marido, Henrique Lage.

O sucesso dos pratos é tanto que já há mais de 4 mil colecionadores em todo o país. Entre eles estão os mineiros Patrick Feibelmann, administrador de empresas, de 37 anos, e o médico Marcelo Orsini Salomé, de 41. Os dois são apaixonados pelos pratos. Feibelmann deu início à coleção há oito anos e já tem mais de 500 exemplares. O mais raro é o da Varig, oferecido para passageiros da primeira classe em uma edição limitada no ano 2000. Como em sua parede não há mais espaço para eles, parte fica embalada e catalogada. “Troco sempre”, conta. Até 2007 ele fazia rotas de viagens em busca dos tesouros. Neste ano, limitou um pouco. Mesmo assim, só no último mês já foi duas vezes ao Favorita, para garantir quatro pratos novos. “Vira compromisso. Tenho alguns amigos do Rio e São Paulo que são colecionadores. Mando para eles religiosamente e eles fazem o mesmo”, conta. Já Salomé tem cerca de 320 pratos. “Já estou sem espaço para colocar na parede”, diz.

O chef Jorge Rattner, sócio do A Favorita, do Splendido e do La Victoria (todos sócios da ARBL), diz que a margem de lucro dos pratos é mais baixa do que similares do cardápio. “Mas funcionam como um atrativo e dão provas de qualidade”, reforça. Ivo Faria, do Vecchio Sogno, está para lançar a próxima receita até o fim do mês e diz que a iniciativa “tem vários significados que ultrapassam os pratos”. “É um algo mais.” A maître do D’Artagnan, Anamaria Fonseca, lembra que não é qualquer restaurante que atende as exigências da associação. “Os colecionadores fazem roteiros apenas para experimentar. Divulga o nome da casa”, conta. Nos restaurantes, os pratos da boa lembrança sempre estão entre os cinco mais vendidos.


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