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Estado de Minas

Bancos barram crédito para compra de carro

Instituições financeiras estão mais seletivas na hora de conceder empréstimo. Em Belo Horizonte, percentual de operações rejeitadas chegou a 35% em outubro


postado em 01/11/2008 08:00 / atualizado em 08/01/2010 04:08

"Não compro financiado porque o valor final do carro aumenta muito. É melhor dar um lance maior para conseguir uma carta de crédito do que pagar a entrada" - Elson Ferreira Florença, empresário (foto: Cristina Horta/em/D.A Press)

Está mais difícil comprar carro novo e mais complicado ainda um usado. Os financiamentos, até então concedidos com fartura – e às vezes sem comprovação de renda e nenhum centavo de entrada –, estão sendo negados pelos bancos e financeiras, mais seletivos depois que a crise financeira mundial fez o crédito evaporar. O número de pedidos de financiamento rejeitados já atinge 35% das solicitações feitas nas concessionárias autorizadas e revendedoras da capital mineira. Para restringir ainda mais a liberação de recursos, as empresas aumentaram as taxas de juros e reduziram os prazos de pagamento.

Maurílio Bonfá chegou a uma revendedora com a certeza de que levaria uma Kombi para ampliar o seu negócio – transporte de pessoas e equipamentos –, mas teve o pedido de crédito rejeitado pela financeira credenciada. Para levar o carro, ele teria que pagar 30% do valor total. “Nem me explicaram o motivo. O jeito foi pedir dinheiro emprestado para conhecidos”, lamenta.

Na Garra, concessionária Volkswagen, somente em outubro foram negados 170 pedidos de financiamentos para a compra de carros novos. “Os recursos dos bancos para empréstimos caíram e, assim, eles têm que emprestar menos. Por isso, estão boicotando clientes”, explica o gerente de vendas, Maurício Turquia. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a entrada do Banco do Brasil (BB) no setor de financiamento de veículos para evitar que as vendas da indústria automobilística caiam demais. O setor é considerado estratégico pelo governo.

Com várias tabelas de índices na mesa, cinco delas referente apenas a outubro, Turquia também chama a atenção para a variação dos juros. Para comprar um carro novo dividido em 60 meses, a taxa incidente era de 1,40% em 30 de agosto, 1,45% em 30 de setembro e de 1,67% em 30 de outubro. “Pode parecer pouco, mas faz muita diferença ao longo dos meses”, observa. Turquia informou que a taxa para os seminovos é 0,02 ponto percentual maior.

Subsídio

Segundo Joel Jorge Paschoalin, diretor da Inova, revendedora Ford, as montadoras e seus bancos não só “selecionam melhor o cliente” como estão se armando para atrair quem tem dinheiro sobrando. Segundo ele, a nova estratégia é subsidiar financiamentos para reduzir os juros. “A fábrica está pagando os juros para o consumidor”, afirma. O Ford Fusion, por exemplo, pode ser comprado com 50% de entrada e parcelas de 24 vezes sem juros pelo mesmo valor à vista. “É claro que essas condições restringem as aprovações de crédito e, ao mesmo tempo, atendem perfeitamente quem está com dinheiro no bolso”, ressalta Paschoalin.

A Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) foi procurada pela reportagem, mas não se pronunciou. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) também preferiu não comentar o assunto.

Para fugir das taxas oferecidas pelos bancos, por meio das concessionárias autorizadas e revendedoras, o empresário Elson Ferreira Florença optou pelo consórcio. “Não compro financiado porque o valor final do carro aumenta muito. É melhor dar uma lance maior para conseguir uma carta de crédito do que pagar a entrada”, diz.

Emílio dos Anjos Viana, proprietário de uma revendedora de mesmo nome na Avenida Cristiano Machado, passou a aceitar as cartas de crédito de consórcios para não perder negócio. “Depois do agravamento da crise, os bancos estão restringindo as aprovações de crédito, principalmente dos carros com ano anterior a 2000. Aceitá-las foi uma alternativa. Para o consumidor, a parcela do consórcio acaba sendo a prestação do financiamento”, detalha.


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