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Estado de Minas

Brasil deixará de crescer pelo menos R$ 40 bilhões em 2009


postado em 26/10/2008 16:14 / atualizado em 08/01/2010 04:08

A crise global vai impedir, em 2009, uma expansão de pelo menos R$ 40 bilhões no volume dos negócios, no comércio em geral, nos salários pagos e nos tributos recolhidos na economia brasileira. O desaquecimento registrado desde setembro no consumo mundial, com reflexos no Brasil, obrigou consultores e analistas de mercado a recalcularem suas projeções de elevação do Produto Interno Bruto (PIB) — soma dos bens e serviços fabricados — de 4,5%, como previa o governo, para 3% ou menos. Com isso, todo o patrimônio e as novas riquezas produzidas no país ficarão limitados a R$ 3,134 trilhões no ano que vem.

Os R$ 40 bilhões que deixarão de circular na economia equivalem a toda a previsão do governo para o déficit na Previdência Social em 2009. Ou metade do que as empresas estatais planejam investir no próximo ano. A queda na taxa de expansão da economia mundial no próximo ano também terá conseqüências diretas no bolso do brasileiro. O valor do chamado PIB per capita (a divisão da produção total pelo número de habitantes) ficará menor. As projeções de economistas consultados pelo Correio mostram que o monstro do desaquecimento vai impedir elevação média de R$ 200 para cada um dos quase 200 milhões de habitantes em 2009.

Campo menos farto

O primeiro setor a admitir que amargará um recuo na produção foi o do agronegócio. Segundo cálculos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a safra de grãos deverá encolher 5% a 7% no próximo ano em volume produzido em comparação com 2008/2009. As projeções iniciais apontavam para 144 milhões de toneladas. No campo, o surgimento da crise também foi revelado com a redução de 20% no volume de insumos comprados pelos produtores para novos plantios.

A CNA calcula que, com base nas compras de insumos agrícolas — item que tem forte componente de importações —, a área plantada cairá de 47,4 milhões de hectares para 45 milhões de hectares. O setor acumulou um saldo de US$ 46,5 bilhões nos primeiros nove meses deste ano. “Até agora, só chegaram por aqui os ventos da crise com impacto na redução do volume de crédito e encarecimento dos insumos que são importados ou têm componentes estrangeiros. Mas as previsões do próximo ano não são boas”, analisa Anaximandro Almeida, superintendente técnico da CNA.

A situação da agropecuária é ainda mais preocupante porque o setor terá dificuldades já este ano e ao longo de 2009 porque perdeu cerca de 40% do total de financiamentos, feitos até o ano passado pelas tradings internacionais. Para irrigar o produtor rural, 30% dos empréstimos vêm do governo, outros 30% de recursos próprios e o restante das trading.

Consultores do setor agrícola estimam em zero o volume de crédito a ser disponibilizado pelas tradings internacionais ainda este ano e em 2009. A diferença terá que ser compensada pelo dinheiro oficial.

Férias na indústria

Na indústria, empresas automobilísticas decidiram dar férias coletivas até dezembro enquanto encontram mercado para esvaziar seus pátios lotados. Fiat, GM e algumas indústrias de autopeças anunciaram redução na produção. O setor automotivo pediu duas semanas de prazo para receber as encomendas de aço plano. “Vamos ter que conviver com vendas mais modestas”, alerta o economista José Márcio Camargo, professor da PUC Rio.

O segmento de papel e celulose também programa férias coletivas e parada na produção. Ao contrário do que estava acontecendo há dois meses quando fábricas estrangeiras estudavam investir no Brasil. Agora, as quatro maiores companhias nacionais anunciaram prejuízo conjunto de R$ 2,7 bilhões no último trimestre. A instabilidade provocou o pedido de adiamento do leilão para a construção dos linhões de transmissão das usinas de Jirau e Santo Antônio, previstas para o Rio Madeira, em Rondônia, obra que exige R$ 7,2 bilhões.

Mercado imobiliário

A crise global também atingiu fabricantes de móveis. A Treboll Móveis, do Rio Grande do Sul, deu férias coletivas aos seus 330 funcionários por falta de pedidos no último mês. A empresa só vende para o mercado externo. Os produtores de carne estão receosos. A Rússia anunciou cortes na importação do produto. O Japão quer renegociar prazos de pagamento do frango comprado no Brasil. O mercado imobiliário está em compasso de espera aguardando novos lances do governo.

O consumo ainda não diminuiu, mas apenas por enquanto. “O consumo das famílias só será afetado depois, talvez no segundo semestre de 2009, mas vai depender das medidas do governo”, analisa Carlos Thadeu de Freitas Gomes, chefe da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio(CNC).


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