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Estado de Minas

Crédito ameaça festa dos eletroeletrônicos


postado em 18/10/2008 08:19 / atualizado em 08/01/2010 04:11

Consumidora observa aparelhos de TV em loja no Centro de Belo Horizonte: de um mês para o outro, taxa mensal de juros cobrada no carnê, para pagamento em 20 vezes, saltou de 2,24% para 6,99%(foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
Consumidora observa aparelhos de TV em loja no Centro de Belo Horizonte: de um mês para o outro, taxa mensal de juros cobrada no carnê, para pagamento em 20 vezes, saltou de 2,24% para 6,99% (foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press)

Grandes vedetes dos últimos natais, os produtos eletroeletrônicos têm espaço garantido na lista de compras dos consumidores, porém, a euforia deve ser muito menor do que nos anos anteriores. Isso porque a principal engrenagem que move o setor, o crédito, já dá sinais de fraqueza, reflexo da crise financeira mundial, e promete desacelerar as vendas do melhor período do ano para o comércio. Cada vez mais caro e com facilidades reduzidas, os financiamentos são o principal pilar de sustentação das vendas dos eletroeletrônicos, produtos com maior valor agregado, que dependem do benefício.

A solução para algumas pessoas será a compra de presentes mais baratos, que não estejam sujeitos aos juros dos parcelamentos. Quem faz a avaliação é o economista da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL BH), Fernando Sasso. Para ele, o mercado já sinaliza uma mudança no comportamento do consumidor. “As pessoas devem migrar a intenção de compras de produtos duráveis, como o caso dos eletroeletrônicos, para o setor de produtos semiduráveis, como os de vestuário, por exemplo”, avalia.

A taxa de juros em setembro chegou ao patamar de 6%, alcançando, no setor, uma média de 5,08%, o que representou uma variação de 3,89% em relação a agosto, segundo levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), da UFMG. Nas compras financiadas com carnê, a alta dos juros é evidente. Em uma grande rede de produtos eletroeletrônicos, as taxas chegavam a 6,99% ao mês para compras parceladas em até 20 vezes no carnê. Segundo o vendedor da loja, o aumento foi registrado no último mês, período em que a taxa era de apenas 2,24%. Na concorrente, o vendedor explica que não tem como garantir o preço do produto por muito tempo, já que o mercado está muito instável e os valores podem sofrer variações.

João Nonato de Oliveira ficou impressionado com as novas dificuldades criadas para a concessão de crédito. “Antes era muito simples, quase não pediam nada. Tenho amigos que até com o nome sujo conseguiram comprar financiado. Mas agora eles pedem conta em banco e até cartão de crédito para comprovação de renda. Ficaram mais exigentes”, afirma. Prestes a comprar uma televisão, João afirma que a família só compra parcelado e resolveu garantir logo as compras antes que o crédito fique ainda mais restrito. “Estamos adiantando as compras para aproveitar o preço. Com essa instabilidade, fica difícil e acredito que daqui um tempo as coisas compliquem ainda mais”, prevê.

Os reflexos dessa nova conjuntura dos juros já podem ser sentidos pelo setor, que deve crescer menos este ano. Segundo pesquisa da CDL-BH, no primeiro semestre, o crescimento estava na casa dos 10%. “Em agosto, o percentual de crescimento foi reduzido pela metade, atingindo 5%. Para o Natal, a expectativa da CDL é de que o setor cresça, mas não com a mesma magnitude”, explica Sasso.

O cenário de redução das vendas também é sentido pela Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio). Em 2007, o setor cresceu 17,67% em relação a 2006. Este ano, a alta já caiu para 10,91%. Para Silvânia Maria Carvalho de Araújo, coordenadora do Departamento de Economia da entidade, essa conjuntura demonstra uma certa acomodação do mercado que vem de uma trajetória de vendas muito forte e agora já configura um declínio. “É um setor muito sensível à variação do crédito”, acrescenta. A estimativa da Fecomércio continua positiva, porém, com um resultado mais modesto que o do Natal passado, atingindo de 2% a 3% de crescimento.


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