(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Alta do dólar chega ao comércio popular


postado em 16/10/2008 06:29 / atualizado em 08/01/2010 04:11

Edmilson Neves, do box BH Eletrônica, do shopping popular Xavantes:
Edmilson Neves, do box BH Eletrônica, do shopping popular Xavantes: "Inflação do dólar" faz valor do aparelho de som para carro pular de R$ 140 para R$ 170 (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

Os comerciantes especializados na venda de mercadorias importadas populares já começam a sentir os reflexos da crise financeira dos Estados Unidos. Os reajustes têm seguido os altos e baixos da moeda americana e deixam os produtos até 30% mais caros. São raros os casos de lojas que vendem artigos diversos a partir de R$ 1,99, com estoques elevados, em que os aumentos ainda não foram feitos. Todos garantem que não é possível manter preços nas compras futuras.

“O que está valendo é o preço do dia”, explica o superintendente do shopping popular Xavantes, no Centro de Belo Horizonte, Leonardo Furman. Segundo ele, no centro de compras há 500 pequenas lojas, e os comerciantes não estão conseguindo segurar as tabelas. Apesar das altas nos preços, ainda não houve queda no movimento do shopping popular. “A crise leva as pessoas a fazer mais pesquisas, o que acaba trazendo clientes para cá pelo fato de termos preços mais competitivos”, garante. Na véspera do Dia das Crianças, por exemplo, ele registrou aumento de 40% no público, que se espremeu nos estreitos corredores do Xavantes. “As vendas também foram muito boas”, reforça.

A comerciante Marilza Guerra Nunes, da Manancial Presentes, ainda não fez compras depois que o dólar disparou na comparação com o real. Como tinha um bom estoque de bichos e bonecos de pelúcia, para esse tipo de produto ela conseguiu manter os preços. Mas os brinquedos que vende no box do Shopping Xavantes tiveram os preços corrigidos. Os aumentos ficaram entre R$ 2 e R$ 3, o que em alguns casos representou reajustes entre 20% e 30%. Foi o que ocorreu com o carrinho do filme Carros, que saía por R$ 10 e agora é vendido a R$ 12, ou com a boneca Princesa, que também custava R$ 10 e agora sai por R$ 13. “Antes negociava com o dólar a R$ 1,74. Agora, a última cotação que vi estava a R$ 2,28. Se não aumento um pouco, fico sem capital para comprar novas mercadorias. Não tenho saída”, explica Marilza Nunes.

Já o comerciante Edmilson Neves, do box BH Eletrônica, diz que ficou “bem” porque estava estocado, ou seja, quando o dólar subiu, ele tinha mercadorias suficientes para atender a procura. “Aumentei um pouco, mas ainda consigo dar algum desconto, o que me deixa competitivo”, observa. Ele diz que um aparelho de som para carro que custava R$ 140 subiu para R$ 170, “com a inflação do dólar”. Já uma espécie de módulo pirâmide que saía por R$ 290 passou para entre R$ 340 e R$ 370. “Só que ainda consigo vender por R$ 320 para não perder o cliente, pois também tenho de pensar em garanti-lo para amanhã”, conta.

Alta certa

O policial militar Ian César Fernandes, de 20 anos, está querendo comprar um som novo para o carro. “Da semana passada para cá, já aumentou muito”, lamenta. O som com tocador de CD e saída USB que procura era encontrado por R$ 190 e agora o preço médio fica em R$ 220. Por isso, ele aumentou a pesquisa. “As variações são muitas e todos que têm o rádio mais caro colocam a culpa no problema do dólar. Acho que vou pesquisar mais e esperar também para fazer a compra”, adianta. A encarregada de cozinha industrial Maria da Graça Santos, de 60 anos, também passou pelo Centro de BH para tentar comprar uma bandeja de inox e desistiu. Em uma loja de produtos a partir de R$ 1,99 da Rua Curitiba, a peça custava R$ 29. “Está muito caro”, pondera. Ela tem observado reajustes em todos os tipos de mercadorias e também está na torcida para a crise passar e os preços voltarem ao normal.

O gerente da Novas BH, especializada em produtos populares a partir de R$ 1,99, Ailton Gomes da Silva, diz que ainda não reajustou seus preços porque está com um bom estoque. “Mas depois que fizer a próxima compra, no mês que vem, acho que não vou ter alternativa. A influência do câmbio novo vai ser grande. Mesmo que fique entre R$ 2,14 e R$ 2,20, vai pesar”, pondera. Ele também não sentiu queda no movimento da loja. Para o diretor da 17ª Edição da Feira R$ 1,99 Brasil e empresário do setor, Eduardo Todres, os lojistas especializados em artigos populares estão bem preparados para enfrentar a crise. “E, se o importado sobe muito, o fabricante nacional corre para ocupar o espaço”, diz. Ele não acredita em aumentos expressivos. “O mercado é que vai ditar as regras”, observa. Segundo ele, entre 40% e 50% dos itens vendidos nessas lojas já são produzidos pela indústria nacional. “E muitos dos empresários têm estoques reguladores. Não há mais os riscos de 1999”, garante, ao lembrar a desvalorização do real, que foi bem mais forte naquela época e levou muitas dessas lojas a fecharem as portas. Na opinião do empresário, o cenário atual não vai comprometer os resultados da feira, que será promovida em São Paulo, a partir de segunda-feira.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)