Sábado (14) à noite, o diretor e dramaturgo Gabriel Coupe leva ao Espaço Tambor Mineiro, no Prado, a peça Mata rasteira, que trata da luta histórica dos negros contra a escravidão. Pouco antes, em Venda Nova, Thiago Carmona sobe ao palco do Teatro Estação Cultural para apresentar o stand-up O poderoso negão, abordando suas próprias vivências.

“As artes cênicas são um lugar privilegiado para o discurso. O conhecimento e a experiência humana são muito bem representados no teatro, pois ele dá muitas possibilidades de falar das condições humanas e também para mudá-las”, afirma Coupe. Ator de Mata rasteira, Rodrigo Negão acredita na potência do povo “quando ele conhece sua história e seus heróis”. O monólogo remete à história dos afrodescendentes desde o Brasil Colônia, tendo como pano de fundo o surgimento da capoeira.

Por sua vez, Thiago Carmona usa o riso para propor um diálogo sobre o racismo, entre outros temas. “Quero trocar ideias, conversar o máximo possível”, afirma. Levar questões assim para um show de humor pode fazer com que pessoas não atentas a elas passem a discuti-las. “Pra mim, é um debate natural, o que deveria ser natural para todos... ou para ninguém.”

Enquanto Carmona busca sensibilizar o público por meio da comédia, o projeto Solo Negro, responsável por Mata rasteira, pretende mobilizá-lo. “Fazemos perguntas que interferem na postura das pessoas em relação ao racismo, à população carcerária e à maioridade penal. Queremos que as pessoas saiam com inquietações dali”, explica o ator Rodrigo Negão.

Mata rasteira é adaptação do livro homônimo de Abner Laurindo. “A gente se conheceu em um evento anual de celebração do povo negro. Abner viu uma de minhas participações, sentiu a conexão dos trabalhos e veio conversar comigo”, conta Rodrigo, que apresentou o livro a Gabriel Coupe já com a ideia de montar uma peça.

A narrativa de Thiago Carmona remete a situações experimentadas por ele. Para o comediante, a vida é mais engraçada do que tudo – e daí vem o sarcasmo de O poderoso negão. Ele conta um caso recente, fato que levou para o palco. “Quando tentei subir a publicidade da peça para o Facebook e o Instagram, não permitiram usar a palavra negão. A vida inteira fui chamado de negão na rua, mas quando posso tirar algum proveito disso, não deixam”, ironiza.

Com Thiago Carmona. Sábado (14), às 20h30. Teatro Estação Cultural. Avenida Cristiano Machado, 11.833, Venda Nova. R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada). Informações: (31) 3654-6065.

Com Rodrigo Negão. Sábado (14), às 21h. Espaço Cultural Tambor Mineiro. Rua Ituiutaba, 339, Prado. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). Informações: (31) 3295-4149.