Jornal Estado de Minas

VARGEM GRANDE

Mina e barragem em Nova Lima recebem novo nome em ação antirracista

A mina e a barragem Capitão do Mato, localizadas no Complexo Vargem Grande em Nova Lima, na Grande BH, foram renomeadas pelos empregados da mineradora Vale. De acordo com a empresa, o novo nome “Horizontes” reforça a política inclusiva e antirrecista da Vale. A alteração já foi formalizada junto aos órgãos competentes, e as placas de sinalização das estruturas já foram atualizadas. 





A decisão por um novo nome leva em consideração o papel dos “capitães do mato” na história do Brasil que, em sua maioria, se tratavam de homens pobres e livres que tinham como função capturar e punir pessoas escravizadas em fuga, sendo considerado esse um termo racista. A mina e a barragem em questão foram adquiridas pela Vale em 2007 e eram de propriedade da antiga Minerações Brasileiras Reunidas (MBR). 
 

Segundo registros da Agência Nacional de Mineração (ANM), a mina iniciou a operação em 1992, e a barragem, em 2014. De acordo com antigos empregados, o antigo nome fazia referência a uma cobra comum na região, conhecida popularmente como boipeva, que significa “cobra achatada” em língua tupi, e também é conhecida como capitão-do0mato. Apesar de a origem do nome ter a ver com o réptil, a mineradora optou pela mudança já que o nome gerava incômodo a diversos empregados por remontar à época da escravidão no Brasil.

De acordo com a empresa, foi realizado, para a escolha do novo nome, um concurso interno que teve como objetivo a sensibilização de mais empregados para uma cultura diversa e inclusiva. Segundo a vice-presidente de Pessoas da Vale Marina Quental, a mudança no nome da mina é está carregada de simbolismo e fortalece o posicionamento antirracista da empresa. "Temos o dever de construir um ambiente de trabalho livre de discriminações étnico-raciais e convocamos todas as pessoas a serem ativas no combate ao racismo”, afirmou ela.

“Horizontes” foi uma escolha dos próprios empregados. O nome mais votado foi uma sugestão do analista de operações do Complexo Vargem Grande João Gomes. “Não podemos esquecer o passado, mas precisamos construir um futuro melhor, baseado na equidade racial. Além de homenagear a bela paisagem do local, pensei no horizonte mais respeitoso e diverso que estamos construindo na nossa empresa e na nossa sociedade”, disse ele.