Jornal Estado de Minas

MINAS DO MERCADO

'E aí, Mercado Novo", perguntam mulheres que exigem combate ao assédio

 

Dezena de mulheres realizaram um protesto, no Mercado Novo, no Centro de Belo Horizonte, exigindo medidas de combate ao assédio no local. O protesto foi organizado por uma rede de proteção formada por funcionárias, autointituladas “Minas do Mercado”. "Assédio, abuso, racismo, machismo, transfobia, misoginia, sexismo,  fascismo  e ódio não neste e nem em outros espaços", repetiram as 60 mulheres que são funcionárias do local e participaram do ato.





 

 

 

Elas se organizaram em frente à escadaria do segundo andar da galeria, na noite de sábado (25/6), carregando cartazes com os dizeres "Racista, machistas não passarão",  "E aí, Mercado Novo, até quando vão se calar sobre estas violências?" "Não estamos no cardápio" e "Nem cliente nem patrão não passarão".

 

As organizadoras do protesto defendem que a administração do Mercado Novo deve zelar pela segurança das mulheres, mas que o estabelecimento ainda não se posicionou publicamente. "Gostaríamos de frisar uma coisa que vem nos incomodando muito, chega ser ensurdecedor todo o silêncio que o Mercado vem mostrando ao longo dessas denúncias de assédio que vêm ocorrendo há bastante tempo. Esperamos que a partir do último caso que ganhou mais visibilidade, mais força e culminou no nosso protesto hoje, a gente consiga alcançar um posicionamento público do Mercado", afirma Sthephanie Ruas, uma das organizadoras.

 

As mulheres pedem a responsabilização dos agressores. "A gente entende, enquanto mulheres e trabalhadoras do Mercado Novo, que protestos são muito importantes para garantir e cobrar os nossos direitos, mas eles servem  também para responsabilizar os responsáveis, responsabilizar os agentes causadores de toda essa violência", completou.





 

As mulheres denunciam casos de assédio e pedem providências (foto: Arquivo pessoal)

 

Como o Estado de Minas adiantou, as mulheres pedem basta a assédio no Mercado Novo. A ação parte de uma série de denúncias de assédio que ocorreram no Mercado Novo nos últimos meses, com estopim há duas semanas, quando uma das funcionárias da Cozinha da Vó Anna, operada somente por mulheres, foi alvo de um episódio que terminou com a prisão de um homem.  

"Não nos calaremos jamais"

(foto: Arquivo pessoal)
 

 

Uma nota de repúdio denuncia que, no dia 11 de junho, as mulheres da Cozinha da Vó Anna foram ameaçadas por um homem que trabalha nas lojas do Mercado Novo. De acordo com a nota, o homem entrou no estabelecimento e ameaçou todas as mulheres de morte. "Somos assediadas, violentadas moral e fisicamente, mesmo assim, a maioria se cala, como um reflexo da sociedade machista em que vivemos. Nós, mulheres da Cozinha da Vó Anna, não nos calaremos jamais."

 

A reportagem tentou contato com a administração do Mercado Novo, mas ainda não obteve resposta.