Jornal Estado de Minas

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Terreiro é destruído por incêndio em Pernambuco



Um incêndio destruiu um espaço religioso no litoral sul de Pernambuco no primeiro dia do ano. Ilê Axé Ayabá Omi, também conhecido como Terreiro Salinas, é um espaço de celebração das religiões de matriz africana, afro-brasileira e afro-indígena e foi totalmente consumido pelo fogo.



O Terreiro foi fundado, há 2 anos, pelo babalorixá Lívio Martins em São José da Coroa Grande. Além da perda material, de toda a estrutura do local, houve também perdas simbólicas e de objetos que eram passados de geração em geração na família do babalorixá Lívio Martins, fundador do Terreiro.
 
No local, também era realizada a distribuição de sopa, a entrega de cestas básicas da campanha Tem Gente com Fome e eram oferecidas aulas de reforço para as crianças da região. 

Fé inabalável

Os frequentadores do Terreiro acreditam que o incêndio tenha origem criminosa, se tratando de racismo religioso, uma vez que parte da cerca que delimita o local parece ter sido retirada, para abrir passagem aos invasores além do histórico de já terem tido seus rituais interrompidos anteriormente por três vezes. 

“Não é de hoje que os terreiros das religiões de matriz africana, afro-brasileira e afro-indígena têm sido alvo constante de violências, intolerâncias e racismo religioso. Tentam impedir a realização de nossos rituais, da adoração aos nossos orixás e entidades sagradas” divulgaram na página oficial do Terreiro no Instagram.



Também na página do Instagram, Livio afirmou que apesar da destruição do Terreiro, a fé não foi destruída. “Os igbas, os taças são representatividade de tudo que acreditamos, e o que aconteceu foi uma tentativa de apagamento, de silenciamento e opressão, mas que não nos impedirá de continuar a cultuar nosso sagrado”, foi declarado na postagem.

Ações jurídicas e legais já foram iniciadas pelo terreiro. Na Segunda-feira (3/1) foi registrado boletim de ocorrência na Delegacia de São José da Coroa Grande e foi aberto um pedido de investigação ao Ministério Público de Pernambuco. O local será analisado pela perícia para apurar se o incêndio realmente foi criminoso.
 
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz 

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