Jornal Estado de Minas

BLACK LIVES MATTER

Há 57 anos, Martin Luther King recebia o Prêmio Nobel da Paz

Em 14 de outubro de 1964, Martin Luther King recebia o telefonema, na cama de um hospital, informando que havia ganhado o Prêmio Nobel da Paz por combater a desigualdade racial por meio de políticas de não violência. 



Além de doar todo o valor do prêmio ao movimento negro dos Estados Unidos, o pacifista compartilhou o mérito do prêmio com “milhões de valorosos cidadãos negros e brancos de boa vontade, que escolheram o caminho da não-violência para chegar ao reino da justiça e do amor em nosso próprio país”. 

Em seu discurso em Oslo, durante a premiação em 10 de dezembro daquele ano, Luther King relembrou ações violentas ocorridas nos Estados Unidos no dia anterior e declarou que se questionou sobre o prêmio estar sendo concedido a um movimento que estava sendo sitiado e que ainda não havia conquistado a própria paz.



O pacifista declarou logo em seguida: “Após contemplação, concluo que este prêmio que recebo em nome desse movimento é um profundo reconhecimento de que a não violência é a resposta à questão política e moral crucial de nosso tempo - a necessidade de o homem superar a opressão e a violência sem recorrer à violência e opressão.” 

Black Lives Matter

Protestos pela morte de George Floyd aconteceram em diversas partes do mundo denunciando a violência policial contra pessoas negras (foto: AFP)

65 anos após a primeira manifestação organizada por Martin Luther King, os Estados Unidos tiveram uma nova grande onda de protestos antirracistas com a utilização massiva da hashtag #BlackLivesMatter (Vidas Negras Importam).



O Black Lives Matter é um movimento criado por Alicia Garza, Patrisse Cullors e Opal Tometi em 2013 e se tornou popular em vários países, inclusive no Brasil. Em 2020, com o assassinato de George Floyd, o movimento chegou ao seu ápice, com manifestações por todo o mundo.

Em maio de 2020, George Floyd, um homem negro de 40 anos e pai de uma garotinha chamada Gianna, foi abordado e morto por policiais brancos. George foi jogado no chão e um dos policiais pressionou seu pescoço contra o chão com o joelho e disse diversas vezes “Não consigo respirar”, que é ignorado pelo policial. Após 8 minutos e 46 segundos, Floyd vem a óbito.

O tempo que sofreu a agressão e a frase “I can’t breathe” (Não consigo respirar em inglês) fizeram parte das manifestações que correram o mundo, como forma de mostrar a indignação contra o abuso de poder por parte dos policiais e o descaso com vidas negras. Os quatro policiais envolvidos na abordagem foram processados e presos.



No mês seguinte ao assassinato de George Floyd, a “Lei Breonna” foi aprovada nos Estados Unidos, banindo a invasão de casas em operações de buscas. Breonna era uma jovem de 26 anos que teve a casa invadida por policiais e morta a tiros em março de 2020.

A repercussão dos dois casos levou o sistema policial americano a rever suas políticas de abordagem e à proibição do uso da técnica de estrangulamento. Além disso levantou a discussão em outros países, inclusive no Brasil, onde a violência policial contra corpos negros ainda acontece de forma intensa.

A história de Martin Luther King

Martin Luther King é um dos mais famosos ativistas que lutou pela causa negra nos Estados Unidos. Inspirado pelo pacifista indiano Mahatma Gandhi, adotou uma postura não-violenta para lutar pelos direitos civis da população negra americana e contra a segregação racial existente no país.

Seu primeiro ato político foi o boicote aos ônibus de Montgomery, em 1955, motivado pela prisão de Rosa Parks por não ter cedido seu acento a um homem branco. A ação durou 385 dias, durante os quais a casa de King foi alvo de ataques e ele mesmo acabou sendo preso. O boicote teve fim com a decisão da Suprema Corte Americana proibindo a discriminação racial em transportes públicos.



Martin Luther King lutava pelos direitos civis da população negra dos Estados Unidos (foto: AFP/Getty Images)


Nos anos seguintes Luther King lutou pelo fim da segregação racial para além do transporte público, realizando marchas contra a segregação no trabalho e pelo direito ao voto. Em 1963, nos degraus do Lincoln Memorial, realizou o discurso que entrou para a história, marcado pela frase “Eu tenho um sonho” (“I have a dream”).

No discurso, King cita a própria constituição americana: “Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de seu credo: ‘Consideramos essas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais’". 

No final de 1963, Martin Luther King foi eleito pela revista Time como “O homem do Ano”. No ano seguinte, foi aprovado pelo congresso o Ato de Direitos Civis e em 1965 Ato de Direitos do Voto. O ativista foi assassinado em 4 de abril de 1968, quando se preparava para mais uma marcha em Memphis no Tennessee.

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