Jornal Estado de Minas

LANÇAMENTO

Gelo na cerveja? Invenção de mineiro resfria instantaneamente a bebida

Quanto mais gelada, melhor. No Brasil é assim, todo mundo torce o nariz para cerveja quente. E quando não dá tempo de chegar à temperatura ideal? Dois irmãos tiveram uma ideia inovadora que resfria instantaneamente a bebida, sem deixá-la aguada. Há menos de dois meses, Pedro e Pablo Lima, fundadores da Coco Leve, com fábrica em Atibaia, no interior de São Paulo, lançaram um gelo para cerveja, que ainda adiciona sabor de sal e limão.




Pedro e Pablo já produziam gelos saborizados para drinques e ouviam dos clientes como era difícil encontrar uma solução para resfriar rapidamente a cerveja. Por que não desenvolver um gelo? No início, soou como ousadia desmedida, uma loucura até propor um novo jeito de consumir a bebida que é uma paixão nacional. Não havia nada parecido no mundo. Mas eles não desistiram da ideia.

A fábrica levou um ano para desenvolver e validar o produto com mestres cervejeiros e consumidores. Chegou-se, então, a um bloco retangular que contém basicamente água, limão e sal (seguindo a linha dos gelos com sabor). Ao colocá-lo no copo, a cerveja atinge uma temperatura entre dois e zero graus em menos de um minuto. Em média, com um único gelo, dá para resfriar o conteúdo de três latas ou long necks.

“Com esse lançamento, conseguimos solucionar o problema da cerveja quente e trazer um upgrade de sabor com o sal e o limão”, resume Pedro, que é mineiro de Divinópolis.
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Beber cerveja com gelo sempre soou estranho (e foi contraindicado) por deixar a bebida aguada. Para que isso não aconteça, o gelo da Coco Leve parte de uma fórmula que leva mais tempo para derreter. Pedro trata o assunto como segredo industrial, mas explica que a lógica é a seguinte: quanto mais rápido se dá o congelamento, mais lentamente ocorre o descongelamento.





Além disso, a água se desprende com a mistura de limão com sal, gerando uma cremosidade parecida com a da cerveja. Assim, não interfere na concentração.

A combinação de cerveja, limão e sal não é novidade. Aqui no Brasil esses ingredientes formam o drinque cozumel (“chelada” para os mexicanos e “cerveza clara” para os espanhóis).

'Em cinco anos, saímos da cozinha da nossa mãe para uma fábrica de 20 mil metros quadrados', comemora Pedro Lima (direita), ao lado do sócio Marcelo Cesana (foto: Bruno Aurevilly/Divulgação)
E essa foi a inspiração para o novo gelo, que, de fato, adiciona sabor à cerveja. Pedro enxerga como vantagem. “Nossas mães falam que sal realça o sabor, tanto que faz parte de algumas receitas doces. No nosso caso, ele realça as notas da cerveja”, destaca.

Você mesmo pode ir dosando o sabor. Quanto menos cerveja adicionar, mais vai sentir a presença do sal com limão.

À primeira vista, o gelo para cerveja provoca desconfiança e até rejeição. Muita gente acha a ideia absurda. Mas as vendas vêm crescendo justamente pela curiosidade que, num segundo momento, converte-se em aceitação.



“Se falasse há 20 anos que o seu telefone não teria mais fio e se comunicaria instantaneamente com uma pessoa do outro lugar do mundo, você ia me chamar de louco. Por isso falo que você tem que se abrir para o novo. A maioria prova e gosta”, comenta o fundador da Coco Leve.

O gelo salva naquele momento em que você se esqueceu de colocar a cerveja na geladeira, ou teve que comprar mais no meio da festa e não deu tempo de gelar. Também é uma ótima companhia na praia, onde nenhum cooler consegue manter a bebida gelada por muito tempo. A marca já está trabalhando para, no próximo verão, ter carrinhos circulando pelas principais praias do Brasil.
Por outro lado, torna-se aliado de quem vende cerveja. Facilita a operação, por exemplo, em grandes eventos com open bar. Em bares e restaurantes, pode entrar mais como uma possibilidade de levar sabor para a cerveja (já gelada).





Vendido em embalagens individuais de 200g, o gelo foi pensado para copos longos. Mas Pedro avisa que já está em desenvolvimento uma versão menor, de 100g, para caber no nosso copo lagoinha.

Quando tudo começou

Voltando um pouco na história, a Coco Leve surgiu como uma fábrica de gelo de água de coco (daí o nome). Em 2018, Pedro e Pablo começaram a observar o hábito dos jovens de colocar uma caixinha de água de coco congelada no copo com uísque e energético. Na época, seus pais produziam picolés e eles tiveram a ideia de congelar a água do coco, criando um produto que rapidamente caiu no gosto.

Depois vieram os outros cinco sabores: maçã verde, maracujá, limão, morango e melancia.

O último lançamento foi o gelo para cerveja, que, em menos de dois meses, já chegou a grandes redes de supermercados e distribuidoras de bebidas e despertou interesse nos Estados Unidos e Paraguai. A expectativa da empresa é de que o gelo para cerveja ultrapasse em vendas o gelo de água de coco, que reinava, absoluto, considerando que o consumo de cerveja no mundo é muito maior que o de uísque.

“Em cinco anos, saímos da cozinha da nossa mãe para uma fábrica de 20 mil metros quadrados com mais de 100 funcionários, que funciona 24h e tem capacidade para produzir mais de 10 milhões de gelos por mês. Isso é fruto de muito esforço e do carinho do consumidor”, comemora Pedro, hoje com 27 anos, que deixou o curso de medicina para empreender.

Pablo, seu irmão, tem 23 anos e é responsável pela produção. Nesse tempo, entraram mais dois sócios com experiência em congelados.

Serviço 

Coco Leve (@coco.leve)
(11) 97109-9688