Jornal Estado de Minas

SEM TALHER

Taverna medieval serve banquete para comer com as mãos

Como seria uma versão do almoço de domingo do brasileiro na Idade Média? Tem carne assada, tem prato para compartilhar, mas não tem talher. O banquete oferecido pela taverna medieval A Forja, em Belo Horizonte, é para comer com as mãos.



“Todo mundo quer ter uma experiência diferente, que saia um pouco do universo da alta gastronomia, cercado por uma atmosfera de pompa e etiquetas. O banquete é um momento para ter prazer gastronômico e se sentir à vontade”, resume Kiki Ferrari, que se inspirou nos bárbaros.

Esse nome se refere aos povos nômades, que não faziam parte do Império Romano, portanto eram considerados incivilizados, mas, segundo o chef e sócio da casa, a história prova que eles influenciaram as culturas do mundo inteiro.
 
Mesmo quem não conhece a gastronomia medieval deve ter em mente a imagem de um banquete daquela época, amplamente representado em filmes e quadros. A cena mostra uma mesa bem comprida com carnes, frutas, queijos e castanhas e as pessoas comendo com as mãos. A taverna em BH reproduz essa ideia, mas em um formato para servir duas pessoas.





A diversão está em pegar a carne pelo osso e usar os pães para comer os antepastos (foto: Juninho Oliveira/Divulgação)
Você pode escolher o assado, e isso define o preço do banquete. Os temperos remetem aos tempos da Idade Média e as carnes são preparadas na churrasqueira com coifa em formato de guerreiro medieval. Quase todos os cortes chegam à mesa com osso, o que reforça a rusticidade da refeição e também facilita o trabalho das mãos sem talheres.

Entre as opções de assados, estão as costelas de boi (com molho hypocras, vinho grego temperado com especiarias que deu origem à sangria) e de porco (com molho irlandês de uísque). Já o galeto ganha sabor com o molho dinamarquês senhorial, à base de especiarias, vinagre e pão para engrossar. O coelho, temperado com especiarias e vinho branco, entra como representante das carnes de caça.

Para comer o banquete, você recebe um babador de papel onde está escrito “bárbaros não usam talher”. A diversão é pegar a carne pelo osso e ir comendo em várias mordidas. Não tenha receio de ficar com as pontas dos dedos engorduradas. Só assim para sentir como os bárbaros comiam. Uma cumbuca com água e rodelas de limão fica na mesa para lavar as mãos.



Os acompanhamentos são fixos: moretum (pasta de queijo com ervas, nozes, mel e vinho branco de origem etrusca, antecessor do pesto) e fasole batuta (homus romeno de feijão-branco com cebola caramelizada na páprica). Os pães húngaro (frito) e sueco (crocante) funcionam como talher para comer os antepastos. Completam o prato de pedra frutas, cogumelos e castanhas.

Para quem não curte a ideia de comer com as mãos, a taverna oferece o banquete Real, com talheres, mas sem fugir da temática medieval. Combina receitas ligadas à nobreza, principalmente pela fartura de insumos, e também serve duas pessoas.

(foto: Juninho Oliveira/Divulgação)
Os assados são os mesmos, mudam os acompanhamentos. O prato ibérico migas deu origem ao nosso feijão-tropeiro. “A origem mais provável das migas é o rfisa, pão velho rasgado com grão-de-bico e ovo cozido, igual a gente decora o tropeiro.” Do Marrocos para a Espanha, acrescentaram carne de porco. Em Portugal, entrou o feijão-fradinho. Foram os bandeirantes que trouxeram a receita para o Brasil.



A versão servida no A Forja é feita com migalhas de pão, feijão-fradinho, couve, cogumelos, bacon, linguiça defumada alemã, alho, açafrão e azeite.
Já que feijão não vive sem arroz, a taverna criou uma receita medieval com grãos integrais, cevada, ervilha fresca, cebola e especiarias. Segundo Kiki, seria uma versão rústica do arroz pilaf, de origem persa, que influenciou o mundo dos arrozes temperados.

Ainda fazem parte do banquete Real a salsa otomana, antepasto de tomate e pimentão que era muito comum na mesa dos sultões. Essa receita não é exatamente medieval, mas representa o marco do fim da Idade Média, com a queda de Constantinopla. O purê rústico de batata também foge da temática, mas foi incluído por trazer uma referência germânica.

Serviço

A Forja Taverna Medieval (@forjataverna)
Rua Cláudio Manoel, 500, Funcionários
(31) 98291-9595