Depois de passar pelo Cine Santa Tereza, em agosto, e o Memorial Minas Gerais Vale, em setembro, a mostra "A Cinemateca é brasileira" chega nesta quinta (5/10) ao Cine Humberto Mauro. Doze filmes – 11 longas e um curta-metragem – serão exibidos, com entrada franca, até a próxima quarta-feira (11/10).





A seleção é diferente das anteriores. Desta vez, o programa também inclui uma exposição, que abrange os 76 anos (que serão completados neste sábado, 7/10) da instituição criada em São Paulo. A Cinemateca, vale dizer, tem sede na capital paulista, mas é do Brasil - esta, inclusive, é uma das premissas do Viva Cinemateca.

Lançado em junho, o programa vem colocando em prática, por meio de investimentos públicos e privados, projetos de revitalização de seu acervo e modernização de sua sede, na Vila Mariana, em São Paulo. O objetivo de dar mais visibilidade à instituição motivou a criação da mostra, que vem exibindo em várias cidades do país clássicos da cinematografia nacional, desde o meio do ano.
 

'Jeca Tatu' será exibido nesta quinta (5/10), às 17h, no Cine Humberto Mauro

(foto: EBC/divulgação)
 

O recorte que será apresentado a partir de hoje vai de 1931 – com "Limite", de Mário Peixoto – até 2019, com "Bacurau", de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Considerado pela crítica o maior filme do cinema brasileiro, "Limite", única produção realizada por Peixoto, ficou no limbo por quase 50 anos. 




Restauração 

A cópia que será exibida é de 2007, uma restauração realizada em conjunto pela Cinemateca Brasileira com a de Bolonha, na Itália – o financiamento foi da World Cinema Foundation, fundada por Martin Scorsese, que já recuperou mais de mil produções. Três personagens, duas mulheres e um homem, em um barco à deriva e no fim de suas forças, relembram seu passado recente.

"Limite" será exibido nesta quinta. Mas o filme de abertura da mostra é "Jeca Tatu" (1959), um dos títulos mais conhecidos de Mazzaropi. A sessão será comentada pelo professor e realizador Sávio Leite. 

"A gente (os diretores independentes) está repetindo o que Mazzaropi fazia na década de 1950: tentar fazer um cinema genuinamente brasileiro. Ele tinha uma média de 3,5 milhões de espectadores (por título), coisa que se perdeu com o tempo. Neste filme, impôs a marca do Jeca Tatu de uma forma muito forte. Assistindo agora, você vê como foi bem feito, tem uma fotografia primorosa. Acho importante um filme do Mazzaropi abrir uma mostra da Cinemateca. Ele morreu quando eu tinha 10 anos (em 1981). Para a minha geração, e para as que vieram depois, é uma figura que tem que ser lembrada", diz Leite.




 
• Confira o trailer de 'Bacurau", atração de 11 de outubro no Cine Humberto Mauro:
 

 
 
No foyer do Humberto Mauro será inaugurada a exposição da Cinemateca, formada por painéis que recuperam a trajetória do cinema e da instituição dos anos 1930 até a atualidade. "O patrimônio audiovisual brasileiro tem que ser entendido de forma expandida. A Cinemateca é a maior depositária de filmes do país, mas tem também um valiosíssimo acervo documental", afirma Gabriela Queiroz, diretora técnica da instituição.

Os painéis contam com recursos de realidade aumentada – por meio de QrCodes, o público terá acesso a trechos de filmes. Paralelamente à trajetória do cinema nacional, a mostra destaca marcos da história do Brasil e da instituição. 

"Tem um bloco sobre a nossa coleção de nitratos (a coleção mais antiga da Cinemateca, com filmes de nitrato de celulose, material utilizado para fazer filmes até a década de 1950), com registros que dão conta do Brasil como um todo, como também um bloco dedicado à preservação do audiovisual, onde, de forma didática, o público poderá compreender o trabalho da instituição", aponta Gabriela.




 

Em Minas, a mostra "A Cinemateca é brasileira" não termina com as sessões no Cine Humberto Mauro. Está prevista para novembro uma nova seleção de filmes, que serão exibidos em Brumadinho, em parceria com o Instituto Cultural Vale.

 

'O bandido da luz vermelha' será exibido no domingo (8/10), às 18h

(foto: Mercúrio Produções/divulgação)
 

PROGRAMAÇÃO

Hoje (5/10)
• 17h - "Jeca Tatu" (Milton Amaral, 1959) - Sessão comentada por Sávio Leite
• 20h - "Limite" (Mário Peixoto, 1931) 
 
Sexta (6/10)
• 17h - "O cangaceiro" (Lima Barreto, 1953) 

Sábado (7/10)
• 16h - "O pagador de promessas" (Anselmo Duarte, 1962)
• 18h - "Macunaíma" (Joaquim Pedro de Andrade, 1969)
• 20h15 - "À meia-noite levarei sua alma" (José Mojica Marins, 1964)

Domingo (8/10)
• 18h - "O bandido da luz vermelha" (Rogério Sganzerla, 1968) 
• 20h - "Ilha das flores" (Jorge Furtado, 1989) e "Cinco vezes favela" (Miguel Borges, Joaquim Pedro de Andrade, Carlos Diegues, Marcos Farias, Leon Hirszman, 1962) 

Segunda (9/10)
• 19h - "Cidade de Deus" (Fernando Meirelles e Kátia Lund, 2002)

Terça (10/10)
• 17h - "A hora da estrela" (Suzana Amaral, 1985)
• 19h - "Central do Brasil" (Walter Salles, 1998)

Quarta (11/10)
• 15h - "Bacurau" (Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, 2019) 

A CINEMATECA É BRASILEIRA

Desta quinta-feira (5/10) até a próxima quarta (11/10), no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro. Entrada franca. 

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