“Já somos marido e marido, casamos no civil. Agora falta casar perante o público”, afirma Zé Celso. Aos 86 anos, ele se uniu ao ator Marcelo Drummond, de 60, seu companheiro há 36. Em 6 de junho, na sede do Oficina, o casal fará uma celebração para 300 pessoas, lotação do espaço no bairro Bela Vista, na Região Central de São Paulo.





É o ator Ricardo Bittencourt o organizador do evento. E o “culpado” também, diz Drummond. “Ele é nosso amigo desde 1989, quando nos conhecemos. Sempre nos falou que tínhamos que casar. Como a gente é de teatro, ator, não tem nada na vida, não nos preocupamos com isso. Mas o Zé está com 86 anos, o vi envelhecer, ficar mais frágil, menos punk. Porque o Zé não era mole, era uma fúria. O que vai ser da obra do Zé? Tem que ter um tutor para seguir o trabalho.”


 
Zé Celso concorda: “O Marcelo tem uma ligação muito grande com o Oficina. É o mais antigo do grupo, conhece tudo, é o primeiro ator. Vamos casar para que ele continue com o Oficina. E faremos publicamente para que fique marcado na história do grupo e para mostrar a importância da continuidade do Marcelo.”

Quando a decisão foi tomada, Bittencourt se empolgou. “A proteção jurídica é necessária e legítima. Mas não dava para perder a oportunidade de fazer uma festa. A ideia é um culto artístico-ecumênico, o que quer que seja isso. Tinha imaginado começar a festa com uma coisa religiosa. Mas quem são os nossos ecumênicos? É a Fernanda Montenegro (que ainda não confirmou presença), a Helena Ignez...”

Há muitos detalhes a serem finalizados. Já estão confirmadas apresentações de Marina Lima (no início) e Daniela Mercury (no final). José Miguel Wisnik também vai cantar; Maria Bethânia já mandou uma gravação. Haverá algumas falas de artistas determinantes para o Oficina, e também a presença de alguns religiosos – o babalorixá Márcio Telles está entre eles.




 

Serão 10 casais de padrinhos. A diretora e produtora Monique Gardenberg será madrinha. Ela filmou, no período mais duro da pandemia, uma versão de “Esperando Godot” com o Oficina sem plateia.

“Mais do que celebrar a relação amorosa, vamos celebrar a potência do encontro, que gerou essa parceria que rendeu coisas memoráveis para o teatro brasileiro dos últimos 30 anos”, acrescenta Bittencourt.

Os convites digitais começaram a ser enviados no início desta semana. Enquanto era entrevistado pelo Estado de Minas, o ator alçado ao posto de casamenteiro checava a lista de afazeres. Ele ainda não mandou imprimir o único convite em papel que será enviado pelos noivos. Silvio Santos é o destinatário.





Serão feitas duas cópias: uma para ser enviada para a residência do apresentador e empresário no Morumbi, em São Paulo, e outra para sua casa em Miami. Junto ao convite virá a sugestão de presente para os noivos: a doação do terreno no entorno do Oficina.

Parque Rio Bexiga

Há quatro décadas, o espaço, de propriedade de Silvio Santos, é reivindicado por Zé Celso. O encenador encabeça o projeto de criar o Parque do Rio Bexiga na área; no passado, o empresário e apresentador planejou construir ali três grandes torres.

“Faz 41 anos que a gente tem essa luta com o Silvio Santos. O terreno não mudou nada neste tempo, a gente continua vendo o céu, a cidade, o Minhocão. O que mudou é que criamos, com uma equipe de arquitetos, o projeto do parque. Assim, as pessoas poderiam frequentá-lo”, explica Zé Celso.

Noivos e casamenteiro têm plena consciência de que o convidado não atenderá à sugestão do convite. “O importante é que isso levanta de novo (para a imprensa e o público) a questão do teatro e da criação do parque”, explica Bittencourt. Zé Celso acrescenta: “Ele não vai dar não, duvido. A não ser que esteja muito pirado”, conclui.

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