Jornal Estado de Minas

ARTES VISUAIS

Mineiros Glória Tupinambás e Renato Weil abrem exposição em Nova York

 

Há um mês em Nova York para a exposição “Parênteses”, que será aberta na apArt Private Gallery, nesta quarta-feira (9/11), os jornalistas Glória Tupinambás e Renato Weil observam, de sua “bolha”, a mudança de dois climas nos EUA: o político, marcado pela eleição legislativa, e o dos termômetros, que chegaram a quatro graus na “Big Apple”.





Mudança não é desafio para o casal mineiro, que trocou a rotina das redações pela diversidade da paisagem na janela de seu motor home, adquirido em 2014 após uma viagem à Austrália.


Abrigados em sua casa nômade, Glória e Renato conheceram da Patagônia ao Alasca. Graças à tecnologia, a possibilidade de trabalhar a distância permite ao casal conciliar jornalismo e aventura sobre rodas.

'Nomadland' à moda mineira

Na Sprinter de 10 metros quadrados, Glória e Renato têm tudo de que precisam. Cama, banheiro, ducha de água quente e fogão, com direito a moto e bicicleta na carroceria. Realidade bem parecida com a mostrada em “Nomadland”, filme da diretora chinesa Chloe Zhao, que levou seis estatuetas do Oscar em 2021.


“A gente viveu essa atmosfera de largar casa fixa para viver na estrada”', conta Glória. A jornada, relatada nas redes sociais, levou ao convite para o casal para contar sua experiência na televisão e apresentar o podcast “A casa nômade”, na rádio CBN, em BH.





 

Renato Weil e Glória Tupinambás no Alasca (foto: Renato Weil/ divulgação)
 


A repórter e o fotógrafo rodaram 120 mil quilômetros, carimbaram os passaportes em 68 países. Experiência transformadora. “A Glória e o Renato que saíram do Estado de Minas em 2012 já não existem mais”, diz ela, revelando que os dois foram deixando um pouquinho de si pelo caminho e se transformando em novas pessoas.


O contato com novas culturas, a possibilidade de experimentar comidas diferentes e o novo olhar para o mundo influenciaram o trabalho de Renato Weil como repórter fotográfico. Glória é responsável pelos textos, ele é a lente por trás dessa aventura.


“A gente continua sendo uma equipe de trabalho. Vou captando as imagens e ela vai fazendo textos maravilhosos pelo caminho”, afirma Renato. A vida sobre rodas trouxe outras formas de amadurecer as ideias, revela Renato.


Afeito a cliques espontâneos, ele comenta que é possível estudar locais e iluminações ideais para voltar no dia seguinte e capturar a imagem idealizada.





“Algumas cenas não se repetem, mas posso escolher se vou fazer a foto na parte da manhã e ter o sol a favor, ou na parte da tarde e ter o sol contra para conseguir uma foto melhor”, explica.

 

Pés de galinha, iguaria fotografada por Renato Weil em Minas Gerais (foto: Renato Weil/ divulgação)
 

De Minas à Patagônia

Da infinidade de imagens clicadas por Renato, 41 estarão expostas em Nova York. Com destaque para fotos de Minas Gerais, parques naturais dos Estados Unidos e cavernas e glaciares da Patagônia.


A mostra se divide em dois espaços: um exibe paisagens; outro, pessoas e ofícios, com pés e mãos de trabalhadores. Veem-se detalhes de traços culturais de cinco continentes.


“Temos imagens da produção de queijo no Serro e do artesanato do Vale do Jequitinhonha. Uma foto linda da produção de fumo de rolo em Comercinho. O título do nosso primeiro livro é 'O mundo em Minas'”, comenta Renato.


Glória Tupinambás afirma que a América Central foi a grande surpresa da jornada. A jornalista destaca o contato com as culturas originárias de maias e astecas e a proximidade com a cultura inca, na América do Sul.


“A América é a fusão de culturas. A gente é um pouquinho índio, um pouco europeu, um pouquinho africano. Esse mix que a gente vê muito presente na América, da Patagônia ao Alasca, está bem representado nas fotos do Renato”, afirma.





“Viajar é abrir parênteses na vida”, frase do livro deles, deu título à exposição. Significa sair de casa, desbravar territórios desconhecidos, criar conexões com pessoas e lugares. Por enquanto, a mostra se limitará a Nova York, mas o casal pretende levá-la a outros locais.

Apoio a idosos

As fotos expostas estarão à venda. A renda arrecadada será doada para a Fundação Frederico Ozanan, lar que atende 75 idosos em Itaúna, cidade onde o casal nasceu.


“Nossa ideia é quebrar o estigma de que asilo é um lugar de solidão, onde as pessoas estão esperando a morte chegar. A gente quer mostrar exatamente o contrário: ali tem vida, tem pessoas que precisam de saúde, bem-estar e cuidados. A gente pode, de alguma forma, ajudá-las. A exposição tem muito de Minas Gerais. É muito legal poder viajar o mundo e devolver para Minas, para Itaúna, um pouquinho disso. A alegria só é real quando é compartilhada”, garante Glória Tupinambás.

“PARÊNTESES”

Fotos de Renato Weil. Textos de Glória Tupinambás. Abertura nesta quarta-feira (9/11), na apArt Private Gallery, em Nova York. Até 29 de dezembro. Informações no Instagram (@acasanomade)

* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria