Jornal Estado de Minas

QUE TAL UM SAMBA?

'Esquerdopata, até de tchutchuca podem me chamar", ironiza Chico Buarque


Foi durante a execução de “Bancarrota blues”, a vigésima quinta das 33 músicas do repertório de “Que tal um samba?”, que Chico Buarque conversou pela primeira vez com a plateia do show de estreia da turnê em Belo Horizonte, na noite desta quinta-feira (6/10), num Minascentro abarrotado de fãs do cantor e compositor e de sua convidada para esse giro, a cantora Mônica Salmaso.  

Leia aqui sobre a estreia da turnê, em João Pessoa


E um bem-humorado Chico arrancou gargalhadas da plateia, ainda que o assunto fossem “coisas desagradáveis” que ele lê a respeito de si mesmo na internet. Depois de apresentar os músicos da banda que o acompanha, o cantor comentou sobre a “responsa” que é tocar violão ao lado deles, ainda mais “acompanhando uma cantora como Mônica Salmaso”. 



Afirmou não ser nenhum “Toninho Horta ou Paco De Lucia” como instrumentista, mas avaliou que não faz feio, embora tropece aqui e ali. E foi então que ele contou sobre uma teoria que seria impulsionada por seus pequenos lapsos no palco, que ele recobre de charme, na forma de um sorriso maroto, como fizera quando se confundiu mais cedo, ao cantar “Biscate” em duo com Mônica Salmaso.


Burburinho


“Eu ia instalar um teleprompter no proscênio, com as letras, mas não ia dar certo, porque as pessoas pensam: o cara já erra o violão, não sabe as letras de cor, ele não deve ser o autor dessas músicas todas. Aí começou o burburinho na internet, gente dizendo que eu compro as minhas músicas, não sou compositor. O verdadeiro compositor é um tal de Ahmed. Vi isso. Fui atrás. Fui na internet, no Instagram, e vi uma foto pequenininha, redonda, um sujeito atrás do bongô. Peguei uma lupa, fui ver, sabe quem era? Chico Batera!

Confira aqui o vídeo:

 
Eu já estou acostumado a ler coisas desagradáveis na internet, com coisas desagradáveis estou escolado, casca grossa. Já ouvi falar que eu sou esquerdopata, mamífero nas tetas do Estado, até que eu sou tchutchuca podem falar, mas que eu compro música, não! Eu não compro música” e emendou com a letra de “Bancarrota blues”:

“Eu posso vender/ Quanto quer pagar? O que eu tenho/ Eu devo a Deus/ Meu chão, meu céu, meu mar”.

Depois do comentário de Chico e em muitos outros momentos da noite, a plateia, com os braços erguidos e o polegar e o indicador em L, gritou o nome do candidato Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. “Vamos lá. Vai dar!”, disse Chico, ovacionado em cada uma das 32 músicas de sua autoria que cantou no show. 

Nos vídeos a seguir, o momento em que Chico entra no palco, durante a execução de "Paratodos", e a última música do show, que nomeia a turnê, "Que tal um samba?"