Jornal Estado de Minas

HISTÓRIA

Colóquio Brasil-Portugal vai discutir o bicentenário da Independência

 

 

“A Independência do Brasil no contexto das revoluções políticas modernas” é o tema da conferência magna que será proferida pelo professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Fernando Catroga, na abertura do “Colóquio Brasil Portugal no Bicentenário da Independência”, que será realizado na quinta (22/9) e sexta-feira (23/9), a partir das 19h30, na Academia Mineira de Letras (AML).





Ao confrontar as teorias sobre os modernos conceitos de soberania, Catroga destaca os embates mais salientes quando da emergência da consciência nacional brasileira.


O professor português também abordará a tentativa da Revolução Liberal portuguesa de 1820, conhecida como Revolução do Porto, de constitucionalizar o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, por meio do reconhecimento da formação de um estado uno e indivisível.

 

Tal iniciativa foi entendida à época, pelas elites brasileiras que defendiam a Independência, como tentativa de Portugal de  “recolonizar” o Brasil. Catroga analisará a originalidade do caminho brasileiro nos processos independentistas da América do Sul.





No segundo dia de colóquio, Andréa Lisly Gonçalves, professora da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), integrará mesa-redonda, mediada pelo historiador Caio Boschi, membro da Academia Mineira de Letras, com a temática “A contrarrevolução em Portugal e a Independência do Brasil (1822-1834)”.

Dom Miguel versus Dom Pedro

Andréa Lisly vai abordar a história de brasileiros e de estrangeiros que, em solo lusitano, lutaram contra o regime instaurado com a ascensão ao trono português de D. Miguel (1828-1834), irmão de D. Pedro I (D. Pedro IV em Portugal). A professora discutirá os alinhamentos dos grupos antagônicos de D. Miguel e de D. Pedro em torno da manutenção ou não do Império luso-brasileiro, no contexto da contrarrevolução miguelista.

Vai participar da mesma mesa o professor e escritor Luciano Mendes de Faria Filho, encarregado de abordar o tema “Educação, independência e submissão”, enfatizando o processo de constituição dos complexos sistemas educativos na modernidade.





De acordo com ele, esses sistemas se formam em contraditória articulação entre as vontades políticas de governo dos estados nacionais sobre a população e as vontades políticas dos sujeitos individuais e coletivos por maior liberdade, independência e igualdade.

 

Na sexta-feira, o professor português Fernando Catroga fará a palestra “A história como rito, historiografar e comemorar o passado: o exemplo de D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal".

 

Realizado pela Academia Mineira de Letras, em parceria com o Consulado de Portugal em Belo Horizonte e o Instituto Camões, o “Colóquio Brasil Portugal no Bicentenário da Independência” integra as comemorações do bicentenário da Independência do Brasil. O evento é financiado pelo Instituto Unimed-BH, Cemig e Tambasa.

“As efemérides são oportunidade para trazer à luz e à pauta o conhecimento já produzido sobre o tema. É o caso deste bicentenário, para pensá-lo criticamente e atualizar a pesquisa já realizada. Nesse sentido, reunimos especialistas que pensam e estudam esse assunto”, afirma Rogério Tavares, presidente da Academia Mineira de Letras.